Capítulo Doze

1.3K 235 252
                                    

O centro comercial do distrito de Nam, em que se localizava o Daehyun Primall, local de trabalho de Choi Beomgyu, era um grande atrativo da região, principalmente durante a semana, em virtude dos trabalhadores e dos estudantes que rodeavam aquela área. Era, por ironia do destino, onde ficava a cafeteria que Huening Kai trabalhava, gerenciada por Choi Yeonjun, embora a cafeteria e o shopping fossem separados por um ou dois quilômetros de distância.

A MOA Coffee Shop era uma das cafeterias mais renomadas do distrito de Nam, ocupando o térreo do prédio de uma multinacional voltada para o desenvolvimento de jogos eletrônicos. Beomgyu já havia passado na frente daquele estabelecimento tantas vezes que se imaginava trabalhando lá como alguém importante na área de desenvolvimento de sistemas e de programação. Se fosse ousado, diria que seria diretor daquele setor.

Entretanto, enquanto não tinha seu diploma em mãos, o mais perto que chegaria daquela empresa era a cafeteria em que seu amigo trabalhava, onde, ocasionalmente, encontrava alguns funcionários da multinacional.

Após a chuva de domingo e o tempo nublado na segunda-feira, a terça-feira daquela semana amanheceu ensolarada, embora a temperatura estivesse amena. O aspirante a engenheiro da computação acordou com o nariz e os olhos irritados, vermelhos e com secreção. Notificou seu gerente, Seojun, que o dispensou do trabalho — tanto em virtude da suposta reação alérgica quanto porque observou, na planilha da loja, que o jovem estudante havia feito muitas horas extras no dia anterior. No entanto, pela tarde, a reação já tinha quase sumido, deixando para trás apenas um nariz vermelho e olhos lacrimejando.

O inverno se aproximava e, com ele, as reações alérgicas de Choi Beomgyu começavam a aparecer. Era inegável: ele era um amante de climas quentinhos. Apesar de desgostar de temperaturas excessivamente altas, típicas do verão, ele gostava do alento do outono e da leve quentura da primavera.

Os cantos dos lábios de Beomgyu se curvaram quando uma brisa fria acariciou a lateral de seu rosto. Os fios de seu cabelo estavam presos em um rabo de cavalo, numa tentativa esquisita de esconder as madeixas tingidas. A franja, por ser mais curta que os demais fios, era também mais rebelde e caía sobre os cílios compridos do jovem estudante. A essa altura da semana, Bahiyyih e Huening Kai já devem ter discutido sobre as mudanças de aparência que Beomgyu forçou em si mesmo. Ainda assim, toda a precaução era pouca.

Naquele início de tarde em específico, ele usava uma calça de moletom preta, bastante folgada, um moletom igualmente escuro e, por cima, uma jaqueta corta vento. Não estava tão frio assim, e ele começava a acreditar que a chuva na qual tinha se banhado no domingo não tinha feito bem à sua saúde.

Moments of alwaysness.

Momentos de infinitude.

Esse era o significado do nome da cafeteria em que Huening Kai trabalhava. MOA Coffee Shop, para abreviar. Beomgyu não sabia como o nome havia surgido, quem era o dono da cafeteria e por que o estabelecimento ocupava o primeiro andar de uma empresa muito famosa, então era impressionante que Kai tivesse escolhido exatamente aquele lugar para trabalhar. O amigo poderia negar, mas, no fundo, Beomgyu sabia que aquilo era uma estratégia.

Suba degrau por degrau.

Huening Kai parecia levar aquele ditado com afinco. Ele subiria andar por andar, assim que se formasse. E Beomgyu esperava ter um futuro similar, com exceção da parte em que virava barista de uma cafeteria.

O design da MOA Coffee Shop se assentava bem com o dos demais estabelecimentos daquele centro comercial. Seu exterior era inteiramente revestido por portas e janelas de vidro. A placa que sinalizava seu nome tinha uma caligrafia bonita, comprida e bem desenhada. As cores do interior eram simples, mas bem exploradas: branco e ocre. As paredes eram escuras, os ladrilhos do piso eram claros. Um bom contraste.

Anonimato • BeomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora