Capítulo Três

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Sábado, 30 de outubro


Beomgyu ouviu alguém fungar na chamada de voz que faziam pelo servidor do Discord e, logo em seguida, outra pessoa bocejou.

Já cansaram? — Sonee, uma menina que estava no primeiro ano de Ciência da Computação na Universidade de Yonsei, em Seul, perguntou.

Tô esperando vocês decidirem o que a gente vai jogar agora — Sunoo resmungou.

Vamos de CS — Riki urgiu, fazendo Beomgyu abrir o jogo para iniciar uma partida.

Acho que vou parar por aqui — Huening Kai anunciou, recebendo comentários tristonhos como resposta.

Vocês têm compromisso amanhã? — Sonee voltou a perguntar.

— Hoje — Beomgyu corrigiu, olhando o relógio na barra de tarefas do computador. Já passava das cinco horas da manhã de sábado. Os cinco haviam se reunido pouco depois das onze da noite, com algumas pausas para que Beomgyu tomasse banho, buscasse água ou fosse ao banheiro junto com os demais. Agora, ele coçava o rosto cansado com ambas as mãos, irritando ainda mais os olhos vermelhos, e torcia para que os demais além de Kai decidissem continuar. — Já é sábado.

Ah, é verdade — ela respondeu em um tom monótono.

Tenho que trabalhar ao meio-dia — Kai exclamou.

Um dia ainda vamos todos visitar Busan para ver o Kai trabalhar — Sonee disse, dando uma risadinha para complementar a fala.

Huening Kai trabalhava como barista em uma cafeteria em Nam, a qual, coincidentemente, tinha Choi Yeonjun, ou o senhor mandão, como Beomgyu gostava de chamá-lo, como gerente. Das vezes em que Kai e Taehyun convidaram Beomgyu para visitar a cafeteria do amigo, ele fez questão de pedir para os amigos se certificarem de que o gerente não apareceria por lá.

Beomgyu saiu da chamada — em um tom brincalhão e robótico, Sunoo arrancou risadas dos demais colegas.

Além de Sonee e Huening Kai, o time contava com Sunoo, um dançarino reserva em uma agência de artistas em Seul, enquanto Riki — também conhecido como Niki — tinha sido arrastado para dentro do grupo por Sonee. O jovem de dezenove anos era intercambista na Universidade de Yonsei, fazia o mesmo curso que Sonee e tinha trazido seu colega de quarto, Jay, um rapper independente que fazia sucesso nos Estados Unidos, sua terra natal, mas que era pouco conhecido na Coreia, para o grupo de jogadores. Naquela noite em específico, Jay só tinha aparecido uma vez ou outra no áudio de Riki para reclamar da partida ruim que o grupo jogava, mas, pela voz sonolenta, era evidente que Jay não tinha interesse em participar naquele momento.

Por incrível que pareça, o Beomgyu já apareceu por lá algumas vezes — Kai disse.

Uau. Temos uma evolução, então? — Sonee provocou.

Kai, decidiu se vai jogar essa? — Sunoo intrometeu-se.

Cara, eu já tô ali — ele respondeu.

Beomgyu iniciou a partida, pensando nas provocações feitas pelo grupo de amigos.

— Alguém vai de meio — Beomgyu exasperou.

E você vai fazer o que nesse final de semana, Beomgyu? — Sonee perguntou, parecendo curiosa.

— Nada, eu acho — reclamou, pulando na cadeira quando seu personagem quase levou um tiro e, por sorte, a lâmina da faca que segurava em mãos ricocheteou a bala. — Em cima, Riki, em cima!

Anonimato • BeomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora