Capítulo Dezoito

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Terça-feira, 09 de novembro


As terças-feiras eram os melhores dias para Choi Yeonjun porque elas significavam uma única coisa: folga do trabalho.

Naturalmente, como evitava aguentar um clima hostil — sempre criado por seu pai —, ele não ficava em casa. Nem sempre tinha para onde ir ou o que fazer na rua, então, quando queria ficar sozinho, quieto para aproveitar suas folgas, ele se dirigia à sala da comissão de graduação da Engenharia de Computação.

A comissão era gerida por Soobin, mas todos os estudantes respondiam aos professores Kang, de Leitura e Produção Textual, e Hwang, de Tópicos Especiais em Engenharia de Computação. Quando Yeonjun entrou na comissão como futuro vice-presidente, todos acordaram que cada membro receberia uma cópia da chave da sala. A decisão foi unânime entre os discentes e docentes e foi apresentada à reitoria da Universidade de Kyungsan. O argumento de que a sala era usada como lugar de ofício, onde os estudantes trabalhavam ao longo do semestre, convenceu a reitora e a vice-reitora.

A sala era bastante confortável. Mais confortável do que o quarto de 5m² com uma cama de solteiro, uma parede mofada e o assoalho descolando no qual Yeonjun dormia todos os dias. Um tapete felpudo adornava o chão logo ao lado da mesa de reunião de dez lugares. Algumas almofadas tinham sido estrategicamente colocadas sobre o tapete, próximo às janelas e aos cantos da sala. Diversos membros da comissão de graduação já usaram aquele espaço para dormir entre uma aula e outra.

O senhor Kang havia trazido seu sofá antigo, de dois lugares, com poltronas reclináveis, e o tinha colocado na parede oposta à parede com a televisão e o quadro branco. Um armário velho tinha sido jogado logo ao lado da parede da porta. As prateleiras estavam enferrujadas e a estrutura inteira rangia, mas o móvel ainda cumpria com o seu papel, então o grupo o manteria ali.

Grunhindo, Yeonjun se jogou num dos cantos da sala, sentindo o quadril contra o chão duro, mesmo que estivesse deitado sobre o tapete felpudo. A sensação de suas meias contra a fibra do tapete era gostosa e agradável. Pouco se importou se a parede com a porta de entrada era revestida por vidro, do chão ao teto. Como a universidade havia entrado na semana de recuperação, poucos eram os alunos que permaneciam no campus, e raríssimos perambulavam pelo prédio administrativo. Ele não seria observado por ninguém.

Seus olhos se fecharam pouco a pouco. O canto dos pássaros e a leve quentura do dia, trazida principalmente pelo sol que entrava pelas janelas e iluminava o rosto do barista, botaram-no para dormir. Ele se aninhou num cantinho, curvando as costas e abraçando a almofada em que repousava a cabeça, e deixou-se aproveitar a calmaria do prédio administrativo.

Dentro de alguns dias, as reuniões da nova comissão de graduação retornariam. Soobin permaneceria como o presidente, e Yeonjun seria anunciado como o vice. Ao que tudo indicava, a comissão já contava com um novo tesoureiro — Yeonjun torcia para que ele aparecesse na primeira reunião para ocupar o cargo. Taehyun atuaria como o representante discente da comissão, mas a organização ainda precisava de mais um membro para estar completa.

Assim que fosse oficializado como o vice-presidente, Yeonjun sentiria os ombros mais pesados. Ele teria de representar a comissão da Engenharia de Computação nas reuniões da Organização Sênior de Busan e, pelo pouco que presenciou ao lado de Soyeon, o clima daqueles encontros era sempre carregado por tensão e mistério.

Todos os semestres, cada comissão que atuava como sócia da Organização Sênior deveria apresentar uma proposta de evento. A proposta deveria seguir uma matriz-base, estipulada pelos fundadores da ordem. Tema, objetivo, resultados e custos. A edição daquele ano, anonimato, havia sido entregue no início do semestre passado por Jung Wooyoung, um amigo antigo de Yeonjun que cursava Artes Cênicas na Universidade de Kyungsan. O ponto chave para o aceite da organização foi o fato de Wooyoung trabalhar no hotel que sediaria a festa e, por conseguinte, ter conseguido um acordo generoso sobre os custos do evento. Dos cem mil wons pagos por cada jogador descoberto e desistente, apenas trinta mil eram dados ao hotel. O resto foi diretamente para os fundos da Ordem Secreta de Busan.

Anonimato • BeomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora