Capítulo Vinte e Nove

1K 158 154
                                    


Quinta-feira, 18 de novembro


A XXI Assembleia Extraordinária da Organização Sênior de Busan ocorreria em um prédio de uma das mais famosas empresas de entretenimento da cidade. Eram dezenove andares que abrigavam milhares de funcionários. O dia estava bonito, bastante ensolarado, favorável para uma reunião bem-sucedida. Mas o humor de Choi Yeonjun estava volátil.

Assim como no dia anterior, Beomgyu exigiu que ele dormisse em sua casa e, cedo pela manhã, os dois bateram à porta de Taehyun para pegar um terno emprestado. Às dez, eles assinaram um termo de confidencialidade para que pudessem participar da reunião.

Nesse meio-tempo, Yeonjun passou de bem-humorado para preocupado, depois para ansioso e, por último, mandão. Seu último estado era um reflexo de seu nervosismo, como Beomgyu notava, mas as implicâncias estavam começando a fugir do controle.

Primeiro, o barista implicou com a camisa social que o mais novo usava, levemente amassada na gola. Depois, perguntou três vezes seguidas, enquanto esperavam no lobby do prédio, se Beomgyu tinha feito uma cópia da apresentação. Quando o jovem estudante respondeu que sim, o mais velho prosseguiu dizendo que eles deveriam ter checado a gramática da apresentação mais uma vez. Ao ver as cópias impressas do arquivo com a proposta, que deveriam ser entregues aos organizadores da reunião, Yeonjun insistiu que deveriam ter revisado o texto antes de imprimi-lo.

Já na sala da reunião, à espera daqueles que os avaliariam e na presença de seus concorrentes, Beomgyu desistiu de resistir aos comentários e às sugestões e deixou Yeonjun arrumar seu cabelo, prendendo-o em um rabo-de-cavalo baixo, com todos os fios alinhados.

— Você deu uma olhada na apresentação? — esfregando uma mão na outra, o mais velho perguntou. Seu olhar estava ocupado com a tela do tablet que a Engenharia de Computação havia pegado emprestado da universidade.

— Sim, senhor — Beomgyu resmungou, respirando fundo.

Do outro lado da sala, Wooyoung acenou para o mais novo, abrindo um sorriso. Yeonjun não notou o gesto, nem mesmo quando Beomgyu o respondeu com outro aceno. O olhar do outro recaiu sobre o barista, com os lábios curvados como se condenasse a atenção que Yeonjun dava àquele aparelho. Depois, quando Wooyoung voltou a olhar para Beomgyu, sua boca se entreabriu e sussurrou algo inaudível, mas, pelo movimento dos lábios, o aspirante a engenheiro decifrou cada sílaba de cada palavra.

Ele é um porre.

O menino ao lado de Wooyoung, alguém a quem Beomgyu já tinha visto na Universidade de Kyungsan e de quem já tinha ouvido falar antes porque tinha certa reputação entre os estudantes, chiou, balançando os ombros de forma exagerada. Foi quando ele escondeu o rosto entre as mãos e emitiu um regurgito alto, chamando a atenção de todos, que Beomgyu percebeu que estava tentando segurar uma risada.

No entanto, nem mesmo a entropia sonora causada pelo colega de Wooyoung foi capaz de distrair Yeonjun de sua tarefa: checar se o produto final do trabalho de Huening Kai, Beomgyu e Taehyun não apresentava problemas em sua execução.

O aspirante a engenheiro entreabriu os lábios, ainda encarando o homem que havia chamado a atenção da sala inteira.

— Aquele é Hwang Hyunjin — como se lesse sua mente, Yeonjun respondeu à pergunta antes que ela pudesse ser emitida.

— Como você sabe que eu ia perguntar isso? — o mais novo se curvou para sussurrar ao pé do ouvido de Yeonjun, que contraiu os ombros em virtude da proximidade.

Anonimato • BeomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora