Quinta-feira, 11 de novembro
Huening Kai estava atrasado. Muito atrasado. Ele e Beomgyu deveriam ter se encontrado na estação de metrô em frente à Universidade de Kyungsan há meia hora, mas o chefe de Kai pediu para que ele organizasse a despensa da cafeteria. Foi algo inusitado, que pegou o aspirante a engenheiro totalmente de surpresa.
Mesmo assim, Beomgyu decidiu esperar pelo amigo, sentado nos degraus da escadaria que os levaria ao exterior. Dez minutos depois da uma hora da tarde, Kai apareceu, correndo entre os pedestres, com o cabelo bagunçado e uma fina camada de suor crescendo em sua testa.
— Por que você já não foi pra reunião? — Kai arregalou os olhos, puxando Beomgyu pela manga do casaco que usava. Ao se levantar, Beomgyu foi forçado a correr escadaria acima ao lado do amigo.
— Eu disse que esperaria você — Beomgyu respondeu. Sua respiração começou a falhar assim que atingiram a calçada em frente à faculdade.
— Você é o tesoureiro! Você é muito mais importante do que eu nessa reunião — as palavras de Kai eram duras e, quando ele virou o queixo para encarar Beomgyu, lançou um olhar glacial ao amigo.
Beomgyu retraiu os ombros.
A equipe de tiro com arco da Universidade de Kyungsan tinha ocupado o gramado inteiro do campo. As arquibancadas reuniam alguns alunos interessados em assistir ao treino da equipe. Pela altura do semestre e da temporada, Beomgyu deduziu que os arqueiros se preparavam para as provas nacionais, onde, geralmente, a universidade tinha destaque no esporte.
Embora quisessem, os dois não se renderam à curiosidade e continuaram correndo, atropelando alguns colegas pelo caminho até o prédio administrativo. O elevador demorou para chegar e, quando entraram na cabine, servidores, alunos e professores entraram aos montes. Era uma aglomeração anormal para o fim do semestre.
A perna direita de Huening Kai tremia ao lado da do aspirante a engenheiro. Beomgyu deu uma olhadela ao amigo. Kai tinha o rosto vermelho, os lábios franzidos e as sobrancelhas arqueadas. O nariz arrebitado e o queixo enrugado indicavam que estava ansioso.
As pessoas que dividiram aquela cabine de elevador junto de Beomgyu e Kai saíram aos poucos. Eles pararam andar por andar. Ao descerem, por fim, no décimo primeiro andar, seu destino final, o jovem estudante segurou o amigo pelos ombros, fazendo-o parar no lugar.
Os dois se entreolharam.
— Você sabe que não precisa entrar nessa furada comigo, né? — Beomgyu coçou a garganta. Agora que conseguia ver a sala da comissão de graduação e já ouvia as vozes dos docentes responsáveis pela reunião, ele também começava a ficar ansioso.
Kai estalou os lábios, revirando os olhos e batendo um dos pés no chão.
— Eu adiei o serviço, corri até aqui e me vesti que nem eu me vestiria para uma entrevista — apontou com a mão esquerda para as vestes que usava. Calça social preta, sapatos sociais escuros e uma camisa social branca. A camisa parecia ser a mesma que ele usava para trabalhar. Beomgyu usava as mesmas roupas, mas calçava um tênis branco.
O aspirante a engenheiro balançou a cabeça.
— Certo. Só queria conferir. Taehyun entrou na comissão por livre e espontânea vontade, mas você foi livre e espontânea pressão.
— Não vou deixar o meu amigo cair na boca dos lobos sozinho.
Beomgyu franziu as sobrancelhas.
— Você prefere que a gente — aponta o indicador para si e depois para Kai — se foda junto, é isso?
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Anonimato • Beomjun
FanfictionNum dia letivo da faculdade, Choi Beomgyu recebe um convite anônimo para uma festa à fantasia no Dia das Bruxas, cujo objetivo é que os convidados apareçam mascarados, com roupa de gala, e passem despercebidos durante toda a noite. Aquele que tiver...
