Anonimato • Beomjun

Capítulo Trinta e Dois

Uma semana. Sete dias. Cento e sessenta e oito horas.

Choi Beomgyu tinha cerca de uma semana antes de tomar uma decisão que poderia mudar totalmente o percurso de sua vida. Ele tinha uma semana para fazer tudo o que sempre quis e tudo aquilo de que sempre teve medo. Uma semana para botar sua vida em ordem.

Não contente em dar uma grande responsabilidade ao jovem estudante, a vida também decidiu que ele deveria fazer tudo o que tinha para fazer em Busan na semana anterior ao Festival Acadêmico. Isso significava que não era só Beomgyu quem estava imerso no caos. A Universidade de Kyungsan toda se rendia à entropia.

Quando pisou no degrau da escadaria externa do prédio administrativo, a tensão pré-festival o inebriou. Estudantes de diversas comissões corriam pelos corredores, gritavam uns com os outros e se escondiam nos banheiros, a fim de evitar as fatídicas reuniões.

Aquele era o único momento do ano em que os universitários ocupavam todas as salas dos prédios da UKS, incluindo as do prédio de aulas. E, agora que era o tesoureiro de sua comissão de graduação, Beomgyu não tinha a opção de inventar uma desculpa para não comparecer à reunião, como fez nos anos anteriores.

O último andar do prédio administrativo o acalentou com um clima que, a princípio, pareceu calmo. As portas do elevador abriram. O silêncio pairou. O barulho de seus tênis contra o ladrilho do chão ecoou. Todas as salas estavam ocupadas. As portas, fechadas.

Foi só quando parou em frente à porta da sala da comissão de Engenharia de Computação que Beomgyu percebeu que o andar não estava silencioso porque seus ocupantes não estavam tão preocupados quanto os dos demais andares. O silêncio tinha uma única causa: o desespero.

Dentro da sala, os outros quatro membros, Soobin, Yeonjun, Taehyun e Huening Kai, aguardavam, sentados à mesa de reunião, e supervisionados pelo professor Kang. Outros estudantes da Engenharia de Computação ocupavam o espaço do tapete e do sofá da sala, conversando entre si sobre o Festival Acadêmico.

Assim que se sentou ao lado de Soobin e de Yeonjun, e o professor Kang deu início à reunião, os pensamentos do aspirante a engenheiro se juntaram em uma neblina maciça que o impediu de se concentrar.

— Quando devemos nos encontrar com os fornecedores, Beomgyu? — A voz de Soobin surgiu, distante e abafada. — Beomgyu? Ei, Beomgyu!

A repetição do nome fez o jovem estudante despertar. Desde o início da reunião, ele tinha o olhar distante, como se estivesse em outro mundo. Ao entrar na sala mais cedo, parecia levemente apavorado, como constatou Yeonjun ao perguntar se algo havia ocorrido ao tesoureiro. Como resposta, recebeu um aceno de cabeça.

— Sim, sim. — Balançando a cabeça, Beomgyu umedeceu os lábios e respirou fundo antes de continuar: — Ficou combinado que buscaremos os alimentos um dia antes do festival.

— No sábado, então — Yeonjun apontou, anotando algo na ata do grupo.

O professor Kang inclinou as costas, avançando sobre a mesa, e ajeitou os óculos sobre o nariz.

— E a situação financeira da comissão? Como estamos? — o responsável docente perguntou.

— Beomgyu negociou com os fornecedores e conseguimos tudo por um preço mais barato. Por enquanto, não estamos no vermelho — Soobin respondeu.

— E a Organização Sênior? Tivemos alguma resposta? — o professor retornou a perguntar.

Todos balançaram a cabeça negativamente, embora Yeonjun tenha notado a falta de confiança nos movimentos de Beomgyu.

— Bem, não poderíamos contar com o dinheiro da Organização Sênior de qualquer jeito. — O professor suspirou, jogando as costas para trás, contra o encosto da cadeira. — Bom trabalho a todos. A organização financeira é essencial para que tenhamos uma formatura tranquila.