Preciso de um tablet

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Depois de tomar um bom banho e se recuperar do bar. Bruna foi buscar Fernanda na escola. No caminho recebeu uma ligação da Taís, a ligação entrou automaticamente no viva voz do carro.
- Ei! - Taís falou animada do outro lado da linha. Bruna gelou, era assim que se sentia ao ouvir a voz da Taís.
- Oi Taís...- Bruna praticamente suspirou com alguma impaciência.
- Tudo bem?
- Tudo, estou dirigindo. - Bruna respondeu seca.
- Sexta o pessoal da redação vai se reunir depois do jornal, falei que você tem interesse em ir...
- Mas porque falou isso?! - Bruna interrompeu e continuou: - Agora vai parecer que eu não tenho autonomia para me relacionar ou até mesmo me comunicar.- reação desacerbada deixou Taís inibida, mas na defensiva.
- Nossa, que bicho te mordeu?!
- Desculpa... - deu uma pausa e continuou: - Bom, sexta não posso, tenho algumas coisas para resolver antes da viagem... - Bruna se referia a confraternização no resort que seria no final de semana. Ela continuou: - Mesmo assim obrigada. - Bruna respondeu seca.
- Tudo bem... - Taís respondeu desanimada.
- Preciso desligar, nos falamos no trabalho, ok? - Bruna não sabia o motivo de estar reagindo assim com a Taís, era involuntario. É como se ela estivesse criando um escudo para não revelar seus verdadeiros sentimentos. Desligaram o telefone e Bruna sentiu um breve arrependimento por ter sido  ríspida com a Taís que por sua vez estava sendo muito carinhosa.
Chegou na escola da Fernanda e enquanto aguardava a menina, mexia no celular, entrou no perfil da Taís, ela era uma mulher muito inteligente, estava leve, feliz... Suas fotos estavam mais animadas, coloridas. Bruna sorriu apaixonada. Não podia perceber o quanto pensava na Taís, aquele sentimento estava invadindo seu coração. Foi interrompida pela Nandinha que puxou sua saia e falou:
- Mamãe eu quero um tablet. - a menina pediu. Bruna sorriu, franziu a testa e falou enquanto pegava a mochila das costas da menina:
- Filha, você é muito nova para isso.
- a mãe de uma colega da Fernanda se aproximou:
- Oi Bruna! Agora é essa a modinha dessas meninas. "Tablet"- a mãe falou inconformada. As meninas começaram brincar enquanto as mães conversavam.
- Mas elas são muito novinhas... Aninha tem quantos anos? Quatro? - Bruna indagou.
- Três anos e meio... - A mãe respondeu.
- Hoje mesmo estava conversando com uma amiga sobre ensinar os filhos a valorizarem as coisas. Dar um tablet a uma criança tão pequena... Não, lá em casa não. - Bruna se posicionou contra.
- Isso dai foi culpa da Ângela e a esposa que deram tablet para o Breno, agora todo mundo da sala quer... - A mãe apontou o casal de dupla maternidade, mães do Breno. Bruna olhou para as duas e o menino e sorriu. Pensou obviamente na Taís.
- Filha, vamos? - Bruna chamou Fernanda que brincava com os amiguinhos. A menina relutou um pouco, mas logo cedeu.
Chegaram em casa e encontraram Ricardo. Ele havia preparado um jantar para as duas.
- Que bom que chegaram! - Ricardo falou animado. Bruna se surpreendeu.
- Nossa... Estou surpresa, tem muito tempo que não cozinha. - Bruna tentou espiar a cozinha para adivinhar o que estava sendo preparado. Ricardo impediu.
- Na na não. Supresa... Agora minhas mulheres vão se arrumar para jantar que vou surpreender vocês. - Rodrigo falou amorosamente, beijou os lábios de Bruna. A menina falou:
- Também quero beijo papai.
- Claro minha bonequinha. - o pai pegou a criança no colo e a encheu de beijo. Bruna sorriu admirando.
- Nandinha, vamos tomar um banho e trocar a roupa para jantarmos com o papai.
Foi um jantar muito saboroso, acolhedor, eles conversaram e fluiu tudo muito bem. Bruna colocou Fernanda que apagou cansada na cama e assim que saiu do quarto, esbarrou no Ricardo que a esperava. Ele a encostou na parede e começou a beijá-la. Seu beijo era sedento, mas Bruna tinha uma certa resistência. Entretanto não deixou que Ricardo percebesse que ela não estava conectada a ele, disfarçou, retribuiu os beijos, que foram seguidos de carícias, preliminares e terminaram na cama. Bruna se esforçou para que Ricardo não percebesse que ela não havia chegado ao orgasmo. Mas ele a conhecia, logo após gozar, deitou cansado ao lado da esposa e ainda ofegante falou:
- O que está acontecendo? Você não chegou...
- Eu estou com a cabeça cheia... Desculpa. - Bruna pegou o lençol e virou para o lado. Ricardo ficou deitado de barriga para cima intrigado e pensativo. Virou para o lado dela e encaixou em seu corpo de "conchinha".
- Bruna... Amor... Estou me esforçando. - Acariciou seu braço.  Bruna parecia incomodada com a carícia. Ela virou de barriga para cima e falou olhando nos olhos dele:
- Ricardo, eu... Eu vou melhorar, é só uma fase. - tentou convence-lo daquilo que nem ela acreditava. A verdade é que ela não sentia o mesmo pelo marido.
Eles dormiram, mas Bruna, sem que o Ricardo visse, tinha lágrimas nos olhos.
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A semana voou e já era sexta-feira, logo pela manhã Bruna mandou mensagem para Didi arrumar uma mala para Nandinha, pois iriam viajar para o Resort sábado bem cedo. Bruna pensou que esse final de semana no hotel poderia ser uma chance para resgatar seu casamento. Era um lugar muito bonito e romântico, além de ser elegante, rebuscado.
O jornal havia acabado, Bruna correu para agilizar algumas coisas para a viagem, mas antes de sair da redação viu que o Paulo da iluminação, estava dando altas investidas na Taís e que Taís estava correspondendo à paquera, toda sorridente e simpática para ele. Bruna foi invadida por um ciúme desmedido, teve uma reação que nem ela mesma premeditava. Se colocou entre os dois e falou:
- Taís?! Vamos? - puxou a amiga pela mão. Paulo olhou confuso.
- O que houve Bruna? O que você quer?- Taís se incomodou com a atitude opressora da Bruna.
- Eu vou no...na... na confraternização. - Bruna gaguejou.
- Ok... Mas você não precisava me puxar assim. E outra coisa, não tinha que resolver coisas? - Taís debochou.
- Já resolvi tudo - Mentiu e continuou: - Bom, eu posso e quero ir com vocês. - Bruna não podia entender porque estava agindo daquela forma. Taís no fundo percebeu que Bruna estava com ciúmes, deu um sorriso tímido e seguiu o fluxo do lado da amiga. Elas foram juntas para o restaurante.
Já no restaurante que era uma espécie de Pub, Paulo teimou em sentar do lado da Taís, ela resolveu provocar o rapaz para ver a reação da Bruna, no final estava ligeiramente empolgada com isso. Pois era claro que quanto mais o rapaz dava em cima, mais a Bruna se posicionava.
Quase toda equipe técnica estava presente, eles bebiam, comiam e se confraternizavam. Bruna parecia deslocada, conversava com uma pessoa ou outra, mas tinha períodos longos de silêncio, mexia no celular nesses momentos. Taís estava sentada do seu lado, sorria, estava enturmada. As vezes, Bruna se pegava olhando perdida para Taís, ela sorria apaixonada observando a desenvoltura da Taís. Bruna era uma pessoa muito observadora, e costumava ler toda expressão corporal. Paulo começou a notar algo entre as duas e por instinto, resolveu tentar marcar território:
- Taís você curte Karaoke?
- Sou péssima... Desafino total. - Taís respondeu sem graça.
- Vou te ensinar, comigo ninguém desafina. - Paulo falou colocando a mão sob a mão da Taís e a encarando nos olhos. - Amanhã vamos fazer um dueto. - Paulo se referia ao resort. Bruna estava vermelha de ciúmes, mas não manifestou reação. Apenas olhou para as mãos deles.
- Acho que você vai passar vergonha comigo, mas tudo bem, eu topo. A vida é feita de riscos. - Taís falou.
- Paulo, e a sua namorada? - Bruna se posicionou. - É Abigail, certo? Ela continua trabalhando com eventos? - Bruna conhecia Paulo de outros carnavais e sabia que ele era um dos mais mulherengos da redação. Ela provocou.
- Estamos dando um tempo. Estou solteiro. - Paulo falou encarando a Taís que ficou tímida os colegas da redação logo se animaram.
-Assim que fala Paulo, um brinde a isso. - os rapazes que eram solteiros já levantaram a taça animados. Bruna ficou incomodada com aquilo, respirou fundo e revirou os olhos. Taís estava percebendo a reação dela, mas estava dando corda para Paulo, parecia estar curtindo esse ciúmes da Bruna.
Eles beberam um pouco e almoçaram todos. No final estava tudo bem bagunçado e Bruna estava desconfortável, aquela festa não era perfil dela, além de estar preocupada em organizar as coisas para amanhã. Eles estavam marcando um happy hour para depois dali e aquilo iria se estender até o dia seguinte. Alguns estavam combinando de emendarem direto no resort. Taís estava tão envolvida com eles que Bruna optou por não fazer nada, apesar de estar morrendo de ciúmes por dentro, ela não poderia fazer nada, não podia oferecer nada além da amizade para a Taís. E ela merecia ser feliz.
Bruna se aproximou do ouvido da Tais e sussurou em seu ouvido:
- Preciso ir... Nos encontramos amanhã... - Tais se arrepiou com o sussuro da Bruna, tanto que os pelos dos seus braços ficaram arrepiados, ela escolheu o ombro nervosa. Bruna percebeu a reação que seu sussurro provocou e sorriu olhando nos olhos de Taís que ficou corada. Paulo notou aquele movimento que foi discreto e sutil. Ficou confuso. Bruna pediu licença a todos, se despediu e levantou-se para ir embora. Taís ficou sentada, observando Bruna se afastar com os olhos apaixonados. Suspirou e Paulo ainda notava aqueles gestos em silêncio. Ele era um homem sensível e perspicaz.

A Previsão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora