O brilho que estava apagado

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Bruna seguiu os próximos dias mais reservada, naquela manhã quando saiu do trabalho, ao invés de caminhar na praia com a Flávia, chamou a amiga para almoçar com ela em sua casa. Com a saída da Didi, sim, até isso Bruna perdeu com o divórcio. As contas estavam apertadas e precisou liberar a Didi que agora trabalhava para o Ricardo e também com sua rotina corrida, Bruna andava mais cansada e tinham dias que ela simplesmente não tinha vontade de caminhar. Era sexta-feira e Nandinha estava com ela, mas como saía de madrugada para trabalhar, ela deixava a menina passar as noites com o pai e logo que saía do trabalho a buscava e levava para casa. Eles moravam próximos.
Bruna já estava em casa com a criança que brincava enquanto ela preparava o almoço.
- Mamãe, mamãe! - Nandinha chegou eufórica na cozinha e quase fez a mãe perder o equilíbrio na boca do fogão.
- Filha! Não chega assim, pode causar um acidente.
- Desculpa mamãe...- a menina falou triste. Bruna apagou a chama do fogão e abaixou para ficar na altura da criança.
- Tudo bem meu amor, é só chegar com calma quando vir a mamãe cozinhando... Mas me diga, o que você quer?
- É que o Breno, meu amigo, pediu para eu dormir na casa dele hoje. Deixa mamãe?!
- O Breno?!
- É... Aquele que a gente encontrou no shopping naquele dia.
- Eu sei quem ele é filha, mas e as mães deles?
- Elas deixaram, a tia Carol ia falar com você...
- Hoje é o dia com seu pai, precisamos pedir a ele... - Bruna falou.
- Ah... Ele nem vai deixar... - a menina ficou cabisbaixa. Bruna colocou a mão no queixo da criança e falou:
- Não se preocupa, eu vou conversar com ele querida. Assim que eu falar com a Carol, ok?
- Eba, eba!
- Agora vai lá lavar suas mãos porque o almoço já está quase pronto. - Bruna pediu a menina e a campainha tocou, era a Flávia que estava muito animada por sinal. Bruna atendeu a porta com um pano de prato pendurado no ombro.
- Amiga quem te vê tão elegante todas as manhãs na televisão, definitivamente não te imagina desse jeito. - Flávia brincou.
- Está animada! - Bruna riu sem graça e correu para a cozinha para terminar o almoço.
- Estou! Você não vai imaginar...
- Conta. - Bruna curiosa.
- Sabe aquele delegado que eu estava saindo? O Tiago?
- Ah o Tiago! Achei que tivesse sido só uma noite...
- Não, o negócio é que estamos realmente nos curtindo... E adivinha só?
- Fala.
- Ele me chamou para viajar de férias com ele, Fernando de Noronha com tudo pago! - Flávia animada.
- Uau! Isso é incrível. - Bruna animada.
- Estou tão empolgada que já fiz até as malas! Não posso repetir biquíni...
- Quando você vai?
- Só no outro final de semana...
- Difícil vai ser você sustentar o romance por mais uma semana... - Bruna debochada.
- Bruna?!
- Mas não é? Flávia, você gosta de variar o cardápio...
- Ninguém precisa saber muito menos o Tiago.
- Como você vai fazer isso?
- Não sou como você que se apaixona... Bom, você sabe que eu tenho minhas artimanhas. - Flávia faloi convencida. Bruna entristeceu os olhos.- Ei... O que houve? Falei alguma coisa errada? - Flávia enrugou a testa preocupada.
- Na verdade não.... - Bruna foi servindo a mesa. Flavia ajudando a colocar os talheres: - Eu queria ser assim como você.
- Assim como eu? Você tem que ser mais clara.
- Não mergulhar tão fundo. Eu sou uma idiota...
- O que está acontecendo Bruna? - Flávia ainda com a testa enrugada, confusa.
- Taís me beijou... - Bruna falou num suspiro. Flávia franziu a testa.
- Como? Quando foi isso? Porque não me contou??? - Flávia colocou a mão na cintura. Nandinha apareceu.
- Tia Fláviaaa!!! - a menina pulou no colo da tia.
- Oi meu amorzinho! Nossa você cresceu tanto que a tia nem consegue pegar mais você. - Flávia falou brincando com a menina.
- Mamãe falou que estou com quase um metro.
- Isso tudo! Nossa daqui a pouco você pode andar naquele brinquedo do parquinho sozinha. - Flavia se referia a um brinquedo do play que tinha que ter um metro de altura. A menina balançou a cabeça orgulhosa.
- Bom vamos almoçar?! - Bruna piscou para a Flávia sinalizando que depois terminava a conversa.
Elas almoçaram e Bruna foi arrumar Nandinha para ir a escola. Flávia resolveu ajudar tirando a mesa e lavando a louça. Bruna ja com a Nandinha arrumada, se aproximou de Flávia e falou:
- Preciso levar essa pulguinha para a escola...
- Eu vou junto, não tenho nada hoje. Estou livre.
- Ótimo, então vamos. - Bruna falou pegando a bolsa e a mochila da menina. As três desceram para a garagem.
Chegando na escola, a menina correu do carro para entrada dentro da escola sem ao menos se despedir da mãe, ela adorava a escola e era uma criança muito enérgica. Bruna entregou a mochila da criança para a professora e ali na entrada foi abordada pela Carol, uma das mães do Breno.
- Bruna?! - Carol se aproximou.
- Oi Carol, tudo bem? Queria mesmo falar com você. - Bruna falou, Flávia observava de longe, encostada no carro, ela mexia no celular.
- Sim, a Nandinha comentou? - Carol perguntou.
- Comentou, mas tudo bem para vocês?
- Claro... Vai ser muito divertido ter Nandinha com a gente. Breno e Nandinha estão muito amiguinhos.
- Sim, ela vive falando dele, Breno isso, Breno aquilo...
- O mesmo lá em casa. - Carol deu uma pausa e continuou: - Bruna, nós já sabemos, de você e do Ricardo...
- O que? Como? - Bruna enrugou a testa preocupada.
- Nandinha contou para o Breno... - Carol falou com empatia.
- Ahh sim... - Bruna respirou fundo, sorriu e continuou: - Bom, essas coisas acontecem, não é mesmo?
- Você não gostaria de jantar com a gente hoje? Coisa simples, Ângela é ótima na cozinha... Pensamos quando você for deixar a Nandinha fica para jantar.
- Humm... Eu... - Bruna procurou uma desculpa, mas não encontrou e pensou, "porquê não?". - Sim, sim, eu aceito. Obrigada pelo convite. - Sorriu, Carol sorriu de volta.
-Perfeito, vou ligar para a Ângela e avisar que você aceitou. - Carol deu a entender que havia combinado previamente com a esposa.
- Me passa o endereço por mensagem? - Bruna pediu.
-Claro, já mando a localização. Pode ser às seis e meia? Assim às crianças curtem um pouco e a gente papeia antes da janta sair...
- Combinado, as seis e meia. - Bruna sorriu animada e virou para ir embora.
- Ah! E Bruna?- Carol deu uma pausa e continuou: - Não leve a mal o meu comentário, mas você está muito melhor agora, tem um brilho que antes estava apagado... - Carol fez o comentário positivo. Bruna sorriu piscou um dos olhos, se despediu e foi ao encontro da Flávia que ainda a aguardava perto do carro.
- Hum, você está com uma cara de abobada amiga. - Flávia comentou e continuou: - Quem era aquela?
- Uma amiga, uma longa história.... - Bruna e Flávia entraram no carro e Bruna contou a respeito da bebedeira e das mães do Breno.

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