O que você vai fazer?

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Elas acabaram entregues pelo cansaço e adormeceram, abraçadas. Bruna despertou com o barulho do interfone, era a pizza. Ela pulou da cama acordando a Taís. Atendeu o interfone ainda nua e pediu para o entregador subir. Correu e juntou sua roupa, vestiu rapidamente. Taís ficou deitada na cama. A campanhia tocou, Bruna foi atender e recebeu a pizza.
Depois de trancar a porta, foi para a cozinha colocar o vinho em duas taças e colocou algumas fatias de pizza em um prato. Nesse momento escutou seu celular tocar, era o Ricardo. Bruna revirou os olhos, e preferiu não atender. Equilibrou o prato, as taças de vinho e foi para o quarto. Perguntou:
- Posso acender a luz?
- Espera, deixa eu me cobrir... - Taís falou envergonhada. Bruna sorriu, aguardou a parceira se cobrir para acendeu à luz.
- Parece delicioso. - Taís falou sentada à cama, puxando os lençóis.
- Você quer que eu pegue sua roupa na sala? - Bruna notou que Taís estava envergonhada. Ela concordou. - Pode ir comendo que já trago. - Chegando na sala, Bruna notou que Ricardo ligava insistentemente, ja tinham outras chamadas dele mais cedo não atendidas também, achou então melhor atender, poderia ser importante...
- Oi Ricardo, o que houve?! - Bruna atendeu impaciente, segurando as roupas da Taís.
- Eu que te pergunto... Porque não está em casa ainda? Já são meia noite... O que está fazendo acordada?
- Primeiro, como sabe que não estou em casa? E depois, qual o problema de eu estar acordada??? - Bruna indagou brava, Taís apareceu na sala envolvida no lençol e segurando o vinho preocupada. Bruna percebeu a presença dela e a entregou as roupas.
- Eu te liguei várias vezes, você não atendeu, liguei para a Didi e ela disse que não estava em casa... - Ricardo reclamou.
- E-eu estou na redação. - Bruna gaguejou mentindo.
- Ainda??? - Ricardo indagou.
- Ricardo, eu não tenho que ficar te dando satisfação... - Bruna respondeu impaciente.
- E quem vai cuidar da Fernanda? - Ricardo questionou.
- A Didi está com ela... - Bruna respondeu
- Bruna o que está acontecendo? Onde você está?! - Ricardo indaga nervoso, quase gritando.
- Quando você chegar a gente conversa. Não dá para discutirmos pelo celular, a essa hora da noite... - Bruna tentou acalmá-lo.
- Você está me traindo? - Ricardo indagou. Bruna arregalou os olhos, estava andando de um lado para o outro na sala nervosa. Não comseguiria mentir...Taís a observava quieta.
- Ricardo preciso desligar. Boa noite! - Bruna desligou o telefone na cara do marido e sentou no sofá abatida pela conversa. "O cerco" estava se fechando... pensou. Se sentia tão mal com aquilo tudo que começou a chorar. Não conseguiria mentir por muito tempo.Taís queria se aproximar para dar carinho na parceira, mas sentiu que ela precisava de espaço. Ficou sentada na cadeira da mesa a disposição, mantendo uma distância respeitosa.
Depois de alguns minutos, Bruna se recuperou do choro e Taís sentiu segurança para se aproximar, ainda segurava o lençol envolvido no corpo. Ela sentou ao lado da Bruna e a deitou nas suas pernas. Começou a dar carinho nos seus cabelos. Bruna ainda soluçava pelo choro.
- Eu sei que tudo parece bagunçado agora, mas quero que saiba que estou do seu lado... - Taís falou carinhosamente.
- Obrigada...- Bruna levantou e sentou ao lado da Taís. Elas se olharam apaixonadas nos olhos.
- Não quer comer? Está muito bom! - Taís falou tentando animar Bruna.
- Ok, então vamos voltar para o quarto de onde não deveríamos ter saído... - Bruna sorriu ainda com o rosto ainda vermelho, mas já sem lágrimas no rosto, foram para o quarto. Chegando lá, Taís se vestiu e elas sentaram na cama para comer a pizza e beber o vinho.
- Como vai ser para você trabalhar?- Taís perguntou preocupada, já estava tarde.
- Tranquilo... Já cansei de ir "virada" para o jornal. Quando eu e Ricardo fazíamos nossas loucuras... - Bruna saudosa. Taís se sentiu incomodada em saber das intimidades do casamento da Brun, mudou o assunto:
- Eu nunca te perguntei, mas porque mantém esse apartamento? - Taís indagou.
- Eu já te falei que cresci aqui?!
- Jura?! - Taís surpresa.
- Sim... Meus pais moraram aqui por vinte e três anos de casamento, daí se divorciaram e meu pai ficou no apartamento. Há seis anos atrás meu pai partiu e deixou o apartamento para mim... - Bruna contou.
- Sinto muito pelo seu pai... - Taís lamentou e continuou: - Seu marido sabe da existência daqui?
- Não, não. Nunca soube e nem saberá. Isso é algo só meu, e no futuro para a Nandinha. Ricardo não tem muita responsabilidade financeira e nem com investimentos. Iria querer vender para quitar nosso financiamento, comprar carro e fazer viagens, no final tudo fica atrelado ao casamento. Desde que meus pais divorciaram, eu sempre tive essa preocupação de moradia, de ter algo independente, meu espaço seguro.
- Você já trouxe outras pessoas para cá? - Taís arriscou a pergunta mesmo sabendo que poderia ofender Bruna.
- Você pensa que sou o que?! - Bruna falou chateada.
- Desculpa, não quis te magoar...- Taís se arrependeu.
- Olha, até te conhecer, em dezesseis anos de casamento, nunca havia traído meu marido. - Bruna falou nervosa.
-Eu sei... Desculpa amor, não queria insinuar nada assim, sei que você sempre foi muito fiel.
- Me sinto mal, entende? Não sei até quando vou conseguir levar essa situação. Isso aqui, não está sendo fácil para mim... - Bruna lamentou preocupada. Taís ficou claramente nervosa, indagou:
- Você vai fazer o que?
- Ainda não sei... - Bruna não abriu muito o jogo.
- Sabe...eu respeito e admiro muito você. - Taís falou.
- Admira? Pelo que? Ser infiel?- Bruna franziu a testa.
- Por ter coragem... - Taís respondeu olhando nos olhos da Bruna.
- Aí que você se engana... Sou uma covarde e estou completamente perdida... - Bruna desabafou.
- Tem alguma maneira de eu te ajudar? - Taís perguntou preocupada. Bruna sorriu e respondeu:
- Não... Aliás até que tem. - Bruna safada.
- Como? - Taís correspondeu a safadeza se aproximando da Bruna e tirando a taça de vinho da sua mão. Abraçou e a beijou suavemente.
- Ficar acordada comigo até as três da madrugada... - Bruna sussurrou e elas se beijaram intensamente, colocaram o prato e as taças no criado mudo, se entregaram a um segundo round.

Depois da nova rodada, Bruna  acabou adormecendo e dessa vez quase perde a hora. Ela só não perdia a hora mesmo, porque seu corpo já estava acondicionado a acordar no mesmo horário, inclusive nos finais de semana, ela acordava também, mas voltava a dormir. No caso ainda era sexta feira, tinha que ir trabalhar. Levantou da cama com cuidado e cobriu Taís que continuou dormindo. Deu um beijo em sua testa, se arrumou e saiu para trabalhar.

Chegou no trabalho mantendo a mesma rotina, as coisas já haviam se acalmado. Quer dizer, não haviam encontrado mais mortos e os feridos do desabamento ja vivam recebendo alta. Agora tinham instaurado um inquérito para investigar os responsáveis pela tragédia. Terminou o jornal e Bruna se apressou para ir para casa, precisava render a Didi e encontrar a Fernanda antes dela ir para a escola. Quando já estava nos elevadores, foi abordada pelo Paulo:
- Bruna, Bruna... - Paulo chamou para que ela não pegasse o elevador. Bruna virou franzindo a testa. - Sabe da Taís? Ela não chegou em casa noite passada... - Paulo estava realmente preocupada, Bruna ficava confusa com esse relacionamento deles, mas percebeu que Paulo gostava mesmo da Taís.
- Não se preocupe, ela está bem. - Bruna não queria abrir o jogo com o Paulo, por diversos motivos, mas um deles é que ele conhecia o Ricardo. Bruna e Paulo já trabalhavam juntos há muitos anos.
- Mas sabe dela? É que ela não atendeu a nenhuma ligação minha...
- Sim eu sei dela... - Bruna deu um sorriso nervoso e continuou: - Preciso realmente ir, mas não se preocupa com ela. Depois vocês conversam. - Bruna segurou o elevador com a mão e entrou correndo para que não precisasse dar mais explicações. Assim que a porta se fechou, ela encostou na parede do elevador e respirou fundo, estava muito preocupada, nervosa, além de cansada, com sono. Pegou o celular e agendou a terapeuta, precisava de terapia. Aproveitou para mandar mensagem para Taís pedindo que ela ligasse assim que acordasse, elas tinham que conversar sobre versões e o que iriam falar para seus respectivos companheiros.

A Previsão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora