Eu assumo daqui

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Bruna e Nandinha foram para o parque e a tarde foi muito divertida, Bruna brincou bastante com a menina, tirou muitas fotos e quase esqueceu o turbilhão que estava vivendo. No final da tarde, encontraram com um amiguinho da escola, o Breno, aquele que tinha duas mães. Enquanto às crianças brincavam, as mães do Breno se aproximaram da Bruna que estava sentada em um banco do parque.
- Bruna? Não é?!  - Ângela que era mais desinibida se aproximou da Bruna para cumprimenta-la.
- Isso, seu nome é...?
- Sou a Angela, e essa é a Carol minha esposa. Somos as mães do Breno. Nossos filhos estudam juntos.
- Prazer Ângela e Carol. Vocês são as mamães do tablet. - Bruna as cumprimentou, elas enrrugaram a testa confusas. Bruna explicou sorrindo: - Nandinha nos fez comprar um tablet por conta do Breno...
- Eu falei para a Carol que era cedo dar o tablet para o Breno, mas achamos tantos jogos educativos que resolvemos fazer uma experiência.
- Que legal, Nandinha quer ficar só assistindo vídeos, quais são esses joguinhos?
- Vou te passar, você pode bloquear e configurar o tablet só para ela usar com os aplicativos. - Carol falou mostrando o tablet do menino.
- Bacana, deixa eu tirar aqui uma foto da da tela que vou baixar eles.
- Bruna, voce têm tempo? Não quer lanchar com a gente? - Ângela convidou.
- Imagina, não quero atrapalhar...- Bruna falou sem graça.
- Nós vamos adorar, aliás Carol é sua fã, assiste seu jornal todos os dias! - Ângela simpática convidou. Bruna corou tímida. Ângela completou: - Tem um restaurante ótimo aqui, com outro parquinho para distrair às crianças.
- Nesse caso eu aceito. - Bruna sorriu animada.
- Ótimo! Vem crianças, vamos fazer um lanchinho! - Ângela foi chamar Nandinha e Breno. As crianças ficaram animadas e todos seguiram para um restaurante elegante, mas ao mesmo tempo muito aconchegante, acolhedor, familiar. Parecia ser um restaurante mais alternativo, pois tinham outros casais homoafetivos. As crianças foram logo brincar nos brinquedos numa area reservada para os pequenos.
Ângela conduziu para uma mesa de quatro lugares, próximo do espaço kids. Elas sentaram e Bruna parecia observar os casais no restaurante, estava curiosa.
- Muito bacana aqui, não conhecia... Eu e Ricardo sempre vamos no japonês do terceiro piso. - Bruna falou revirando os olhos pelo marasmo.
- Poucos conhecem aqui, eu e Carol nos sentimos mais a vontade e o Breninho também brinca com outras crianças que tem dois pais ou duas mães. Achamos muito importante para ele essas relações. A escola deles é muito heteronormativa, não tem crianças como o Breno. Mas nós acabamos optando por ela, pois é a melhor da região... - Ângela lamentou.
- Não fazia ideia de que a escola deles era assim... - Bruna franziu a testa curiosa.
- Só quem vive na pele é que entende...- Ângela comentou. - Garçom, pode trazer o cardápio?
- Eu gostaria da carta de vinhos... - Bruna vinha bebendo mais do que o normal ultimamente. Ângela e Carol se olharam confusas, acharam que Bruna poderia não estar confortável.
- Desculpa se você não se sentir bem aqui, podemos mudar... - Ângela falou.
- Eu? Porque? Pelo vinho? - Bruna questionou.
- Não, é que sabemos que para uma pessoa heterossexual, pode ser diferente frequentar esses lugares.
- Vocês então não me conhecem.... - Bruna sorriu, cruzou as pernas e relaxou na cadeira. Continuou: - Me digam mais sobre vocês? Acho incrível serem duas mães...
- Sério?! Posso confessar uma coisa? - uma pausa: - Eu e Carol pensávamos que você fosse super conservadora. - Ângela e Carol estavam surpresas.
- Todos pensam coisas de mim, já estou acostumada. - Bruna sorriu, o garçom chegou e ela já foi pedindo uma taça de vinho.
Elas continuaram a conversar sobre a escola das crianças e sobre filhos. Chegou o vinho, Bruna deu uma boa golada. As mulheres olharam preocupadas, pois dava para ver que Bruna estava claramente passando por alguma situação complicada.
- Vai com calma.. - Ângela falou sorrindo.
- O que? Isso não é nada... - Bruna comentou. - Me contem sobre vocês? Como se conheceram? - outra golada no vinho.
- Ah, é interessante... Você conta ou eu? - Ângela perguntou, Bruna continou a dar goladas no vinho aguardando as duas falarem
- Pode contar amor... Gosto do jeito que você conta. - Carol responde dando um beijo na Ângela.
- Certo... É muito curioso, pois nos conhecemos através de amigos em comum há dez anos atrás
- Uau! Dez anos...
- Pois é, naquela época não nos falamos, eu era uma hetero conservadora e Carol uma lésbica "pegadora". Entao só trocamos alguns olhares. - Ângela sorriu para a Carol e continuou: -  Pois bem, dez anos depois, eis que um aplicativo de namoro nos une. Simplesmente do nada, só porque estávamos na mesma livraria. Imagina só... E tem mais, custamos a lembrar que já nos conhecíamos, pois afinal eram dez anos de tempo, já tinhamos mudado totalmente. Nesse tempo completamos mestrado, doutorado, viajamos, casamos...
- Nossa, isso que chamo de destino!.
- E tem mais... Carol me desprezou naquele dia, não quis saber de mim. Só depois de quatro meses é que trombamos de novo, adivinha? Numa festa dos mesmos amigos em comum.
- Uau... Isso é incrível! O destino foi tentando várias vezes.- Bruna falou e  continuou a escutar atenta a estória das duas enquanto mergulhava nas taças de vinho tinto que vinham chegando. Nandinha e Breno já cansados, sentaram com as três e acabaram adormecendo na mesa. Ao final da conversa, Bruna estava completamente bêbada. Seu celular tocou, era Taís ela pediu licença e atendeu a ligação, já era noite:
- Oi amor...- Bruna falou.
- Tudo bem com você? Sua voz está diferente...
- Tudo ótimo! Adivinha? Estou com duas amigas maravilhosas, um casal como a gente. - Bruna começou a falar demais. As mulheres se olharam confusas.
- Bruna, você bebeu? - Taís perguntou.
- Só um pouco... Não se preocupa amor. Estou ótima!
- Você quer que eu vá te buscar? Onde você está?
- Não precisa, vou pegar um táxi... Amor, você tem que escutar a história das duas. É incrível, peças do destino, muito amor.
- Passa o celular para elas... Quero ir te buscar.
- Não precisa não. Fica tranquila. Vou deligar agora, porque elas estão aqui me olhando...
- Bru.. - Bruna desligou o telefone na cara da Taís.
- Desculpa a intromissão, mas era seu marido? - Ângela indagou.
- Não... Não! Era a Taís. - Bruna abriu o jogo, as mulheres se olharam e sorriram compreendendo que Bruna era muito mais do que elas realmente imaginavam.
- Nós podemos deixar você e Nandinha em casa? - Angela pediu. - Amanhã você vem buscar seu carro...
- Tudo bem, isso é o correto. - Bruna estava bastante bêbada.
Ângela e Carol pagaram a conta e foram para o carro. Carregaram Nandinha para Bruna que estava trocando as pernas. Elas tentaram ser o mais discretas possível. Bruna apagou no carro. Chegando no prédio da Bruna, elas perceberam que tinha uma mulher impaciente na frente da portaria. Elas concluiram ser a tal da Taís. Angela saiu do carro e foi cumprimenta-la:
- Você é a companheira da Bruna?
- Sou a Taís... Trabalho com a Bruna, somos amigas.- Taís cumprimentou Ângela.
- Muito prazer, ela bebeu um pouco além, será que você pode ajudar com a filha dela? - Angela pediu. Bruna saiu do carro trocando as pernas e se aproximou da Taís já dando um beijo na boca dela, Taís recuou preocupada que vissem. Bruna estava sem freios. Ângela arregalou os olhos e franziu a testa surpresa.
- Oi meu amor, você não me quer mais...?
- Bruna, vamos subir, deixa eu pegar a Nandinha no carro. - Taís deixou Bruna apoiada na grade do prédio e foi pegar a criança adormecida no carro.
- Isso vai dar ruim, ela dormiu cedo, vai acordar de madrugada com toda energia. - Bruna falou para Taís que segurava a menina no colo.
- Obrigada por tudo viu? Eu assumo daqui... Se puder, o assunto morre aqui também.- Taís piscou pedindo.
- Claro, não se preocupe, somos muito discretas. - Ângela falou, Taís agradeceu, o casal seguiu viagem.
Taís olhou para Bruna que mal mantinha os olhos abertos.
- Vamos subir... - Taís suplicou.
- Dorme com a gente essa noite? Meu marido não está... - Bruna falou embriagada.
- Bruna... Você precisa de um bom banho, vamos. - Taís falou, elas subiram. Taís colocou Nandinha adormecida na cama e foi acudir Bruna que estava jogada no sofá da sala. Ela queria tentar dar um banho gelado na parceira.
- Vamos... Vem.
- Não... Me deixa dormir...- Bruna pediu.
- Você não pode ficar assim, vem. - Taís puxou Bruna do sofá e a apoiou no seu ombro.
- Já reparou que está tudo girando....? - Bruna falou e logo em seguida vomitou na roupa da Taís que ficou sem ação.
- Caramba... Estou mal mesmo...
- Vamos pro banheiro. - Taís chegou na suíte, tirou logo a roupa da Bruna e acabou tirando a sua também. Precisava entrar no box com a Bruna para ajudar e também para se limpar, pois estava toda vomitada.
Taís colocou a cabeça da Bruna debaixo do chuveiro e deixou a água descer. Pegou sabão e começou a limpar a parceira, primeiro nos ombros, seios, barriga, nadegas e ensabou suas partes íntimas com cuidado. Bruna sorriu e falou:
- Estou me sentindo uma criança...- ambas sorriram pela situação. Bruna deu um beijo suave na boca da Tais e falou:- Sinto sua falta quando fico um dia inteiro sem te ver...
- Porque bebeu assim? - Taís tentou aproveitar que Bruna poderia estar mais sincera. Antes que Bruna pudesse responder, elas ouviram a porta do apartamente se abrir. Elas se olharam assustadas, quem poderia ser?

A Previsão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora