A Previsão do Amor

Vamos marcar no seu apartamento

- Tia Fláviaaa! - Nandinha correu para o colo da tia assim que a avistou na saída do colégio. Era novidade e a menina adorava a Flávia.
- Oi minha princesinha! Como você está linda. - Flávia falou com a menina no colo.
- Eu SOU linda tia! - a menina respondeu.
- Você é linda é muito esperta também! Que tal tomarmos um sorvete com a tia Flávia? - Bruna cruzou os braços e franziu a testa confusa sem concordar.
- Oba!
- A mamãe precisa ir no trabalho buscar uma coisa, a gente vai na sorveteria la na frente do trabalho dela, tudo bem mamãe? - Flávia perguntou aguardando o consentimento da Bruna, que ainda de braços cruzados relutou, mas no fim balançou a cabeça positivamente convencida pela amiga e pelo olhar pedinte da menina.
- Eba, eba! - a me menina respondeu empolgada.
- Vamos?! - Flávia pegou a mochila das costas da criança e a levou até o carro da Bruna.
Elas foram para o trabalho e enquanto estavam no carro. Flávia falou:
- Quando chegarmos lá, você manda uma mensagem para ela e pede para te encontrar na esquina.
- Acho que não é uma boa idéia... - Bruna falou apontando com os olhos para a filha no banco de trás. A criança estava distraída no tablet.
- Você só vai entregar a rosa para ela e depois encontrar a gente na sorveteria. Nada demais...
- E qual o sentido disso?
- Gestos... Surpresas que movimentam a vida. Uma sutileza que corresponde a mensagem que ela te mandou. - Flávia respondeu empolgada.
-E se ela ver alguma coisa? - Bruna ainda se referiu à filha que estava distraída.
- Pode deixar a pequena comigo. Vamos estar na sorveteria curtindo uma banana split!
- Não sei como você me convence a fazer essas loucuras... - Bruna riu e continuou a dirigir até a emissora. O dia estava completamente atípico.
Chegando lá, estacionaram o carro em uma vaga na rua mesmo, e Bruna logo mandou uma mensagem para Taís:

"Pedi a uma pessoa para te entregar uma coisa, mas você vai ter que descer e andar até esquina do prédio para buscar..."

"Agora?!"

"Agora..."

Flávia levou a criança animada até a sorveteria e ficou de olho na Bruna parada na esquina, um pouco envergonhada, segurando uma rosa na mão. Aquilo era tão romântico...
Taís não demorou para chegar.
- Bruna?! - falou surpresa. - O que faz aqui? A essa hora...
- Vim só te entregar isso... - Bruna tímida, corada e desajeitada, entregou a flor para Taís que também corou imediatamente sem graça.
- Uau... Obrigada! Isso é lindo da sua parte...- Sorriu tímida e apaixonada.
- Eu preciso ir... Na verdade a Flávia e a Nandinha estão ali na sorveteria. - Bruna apontou as duas.
- Foi a Flávia que te convenceu a vir aqui, agora? - Taís franziu a testa.
- Como assim?
- É que isso sai tanto da sua rotina...- Taís comentou.
- Você está insinuando alguma coisa Taís?- Bruna cruzou os braços em deboche.
- Não, imagina... Olha, estou muito feliz de te ver. - Taís colocou a mão sob os braços da Bruna.
- Não sei... Quer dizer que não posso te surpreender por conta própria?
- Bruna... desculpa, eu não quis falar isso. Você me surpreende o tempo todo!
- Ok... Preciso ir... - Bruna descruzou os braços e se ajeitou para ir embora.
- Espera... - Taís segurou na mão da Bruna, olhou para os lados e deu um rápido selinho na parceira. Bruna arregalou os olhos com medo de alguém ter visto, afinal elas estavam no meio da rua.  Ela falou:
- Eu amei que tenha vindo, obrigada pela linda rosa, vou colocar ela na minha mesa agora mesmo.
- Ok...- Bruna sorriu envergonhada. Taís passou a mão no seu cabelo e falou:
- Vamos marcar no seu apartamento...
- Sério? - Bruna arqueou a sombrancelha surpresa.
- Sim, acho que você tem razão, a gente precisa ficar a vontade. Só nós duas... Precisamos conversar.
- Ok, vou ver como consigo me organizar e te falo. - Bruna projetou seu corpo para sair. Taís se aproximou e pediu:
- Posso te abraçar? - Bruna se aproximou novamente e elas se abraçaram. Taís virou o rosto sob ombro da Bruna e sussurou em seu ouvido: - Não sei o que acontece, mas quando te vejo, não quero deixar você ir... - o coração da Bruna acelerou, sentiu frio na espinha, seu corpo tremer, sentiu inclusive sua calcinha molhar com aquele sussuro, ficou literalmente sem palavras.
Taís se afastou do abraço e sorriu, Bruna sorriu tímida de volta, completamente corada.
- Te deixei desconcertada?
- Me deixou muito mais do que desconcertada. - Bruna apertou os olhos e deu um sorriso tímido, porém ligeiramente safado. Falou: - Preciso mesmo ir...
- Ok. - elas se olharam por mais alguns segundos, Taís virou para subir.
Ainda do outro lado da rua, Bruna olhou para Flávia que observava tudo, ela estava sorrindo toda boba, levantou o polegar aguardando uma confirmação, aprovação. Bruna sorriu de volta e correspondeu com o seu polegar positivamente. Suspirou e atravessou a rua para encontrar a filha e a amiga.

Bruna deixou Flávia em casa, e em seguida seguiu para sua casa. Chegando no apartamento, apesar de cedo, encontrou Ricardo, ele estava sentado à mesa mexendo no computador.
- Ué, eu achei que você iria trabalhar até tarde... - Bruna comentou curiosa, Ricardo ia responder, mas foi interrompido pela Nandinha.
- Papai, adivinha?!
- Oi meu amor?
- Comi sorvete com banana com a tia Flávia.
- É "banana split" filha. - Bruna corrigiu a criança.
- Antes de jantar? - Ricardo argumentou com Bruna.
- Foi só hoje Ricardo... - Bruna revirou os olhos e respondeu impaciente.
- Mas assim ela não vai querer jantar... - Ricardo reclamou, Bruna franziu a testa e olhou para a criança que aguardava algum comentário do pai. - Filha, que legal que você comeu banana split, papai gosta muito. Mas tem que jantar direitinho heim?!
- Eu vou! Falei a mesma coisa para a tia Flávia.
- E onde vocês foram comer essa banana split?
-Lá no trabalho da mamãe, fomos lá porque ela tinha que entregar uma flor para a amiga...- a menina falou demais, Bruna arregalou os olhos assustada, Ricardo enrrugou e coçou a testa confuso, preocupado com o que a filha acabara de falar.
- Filha, vamos tomar um banho. - Bruna puxou a menina pela mão e correu para o banheiro, antes que Ricardo perguntasse alguma coisa.