Outra hora

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A cirurgia levou horas foi um sucesso, e logo algumas horas depois, a menina já estava acordada, conversando. Com isso Bruna e Ricardo estavam mais aliviados, mas a menina ficaria internada por algum tempo, pois a cirurgia tinha sido bem delicada.
Passaram se alguns dias e no final de uma tarde no hospital ainda, receberam a visita da Flávia.
- Oi amiga... - Bruna correu para abraçar a amiga. Elas ficaram abraçadas por um tempo, aquele abraço era tão reconfortante para Bruna.
- Como vocês estão? - Flávia perguntou preocupada.
- Agora bem. - Ricardo respondeu, estava sentado do lado da Nandinha na cama.
- E você mocinha? Dando susto no papai e na mamãe heim! - Flávia se aproximou da criança.
- Olha o que eu ganhei tia! - Nandinha mostrou o tablet que o pai deu para a menina.
- Mas que lindo! Acho que você nem vai querer o que eu trouxe então. - Flávia brincou com a menina e piscou para a Bruna que sorriu.
- Quero sim! - a menina logo se posicionou animada. Flávia entregou uma caixa embrulhada para a criança e Ricardo a ajudou a abrir. A menina estava com acesso venoso e a cabeça enfaixada.
- Que linda!!! Era a que eu queria. - a menina abriu a boneca animada. Bruna falou:
- Como fala filha?
- Obrigada tia Flávia! - a menina estava empolgada. Bruna agradeceu com os olhos para a Flávia que sorria com a alegria da criança.
- Vocês não querem descer para tomar café? Bruna está precisando sair um pouco do quarto, não arreda o pé daqui há dias... - O marido falou.
- Vamos Bruna, aliás você está precisando é de um banho. - Flávia brincou torcendo o nariz. Bruna ficou sem graça.
- Melhor não... E se precisarem de mim aqui. - Bruna falou preocupada olhando para a filha.
- Vai mamãe! O papai cuida de mim. - a menina era muito esperta. Bruna sorriu e beijou o rosto da menina:
- Mas você trata de se comportar com seu pai heim. - Bruna pediu e a menina concordou.
Flávia e Bruna desceram para o refeitório do hospital, sentaram em uma mesa e pediram um lanche.
- Da caminhada na praia diretamente para o hospital... - Flávia comentou.
- Nem me fala, o susto que tomamos não se compara a nada do que já vivi até hoje.
- Eu sei como é... Já aconteceu algo parecido com o Rodolfinho, ele teve que operar as pressas.
- Quando eles param de assustar a gente?
- Nunca amiga... - Flavia deu uma pausa e continuou: - Mas e você? Como está? - perguntou preocupada com a amiga.
- Dentro das circunstâncias, estou bem, tentando manter a calma.
- Ok... Mas e aqui? - Flavia apontou para o coração da Bruna que bufou e passou a mão sob a testa puxando o cabelo para trás. - Se não quiser falar, tudo bem, mas é que conversamos ao telefone quando vocês estavam no resort.
- Sabe como está aqui? - Bruna apontou para o próprio coração, franziu a testa e com uma lágrima nos olhos: - Em mil pedaços...
- Mas como? Porque?
- Eu e a Taís ficamos juntas no resort...
- Juntas? Juntas?
- Juntas.
- Ok... Deixa eu me recuperar aqui. - Flávia falou se abanando com a mão
e pela primeira vez arrancou um sorriso do rosto da Bruna.
- Mas foi um erro... Fiz tudo errado.
- Porque? Não foi bom?
- Foi incrível, mas justamente enquanto estávamos juntas é que Nandinha sofreu o acidente.
- Putz! - Flávia colocou a mão na testa. Respirou fundo e continuou: - Está se sentindo culpada, não é?
- Duplamente amiga. Pelo acidente e pela traição. Parece até que foi um sinal de que não deveríamos ficar juntas.
- Não....Não! - Flávia falou repousando a mão sob a da Bruna e continuou: - Você só tem que assimilar as coisas em separado. Não pode misturar...
- E como isso é possível? Estou confusa.
- Vocês se falaram? Depois do que aconteceu... Ja tem o que uns quatro ou cinco dias.
- Só nos falamos uma vez, no mesmo dia do acidente, ela veio aqui no hospital mas não conseguiu subir, falamos pelo telefone.
- E aí?
- Só falamos sobre a Nandinha, ela estava preocupada. E além do mais, fui bem dura com ela.
-  Isso está errado, você precisa falar direito com ela, é o justo, você deve isso a ela.
- Ela me manda mensagem todos os dias...
- Você responde?
- Nenhuma... Não encontro coragem.
- Amiga, sei que tudo isso que está passando é traumático. Mas Nandinha está bem, logo terá alta e você vai ter que enfrentar toda essa bagunça. Precisa se preparar...
- Eu sei... - Bruna respirou fundo e continuou: - Foi só uma aventura e vou colocar fim nisso tudo.
- Hummm... E porque algo me diz que você quer o contrário? - pergunta ficou no ar. Bruna e Flávia conversaram mais um pouco e se despediram.
Bruna retornou o quarto e o tempo passou. Foram quase três semanas de internação, mas tudo acabou bem. Finalmente menina teve alta e estava cem por cento bem.

Bruna havia pedido uma licença no trabalho, mas já estava pronta para retornar. Ela e Ricardo se aproximaram um pouco depois do acontecido com a Nandinha. Estava disposta a enfrentar a rotina, retomar tudo. No fim estava empolgada, pois amava trabalhar. Só tinha esquecido de um detalhe... A Taís. Elas não trocaram uma palavra desde o acontecido, Bruna pelos motivos que na cabeça dela eram óbvios, se afastou. Taís a procurou por mensagens, mas ela não respondeu a nenhuma. Aquilo era incontrolável, Bruna misturou as coisas, associou uma coisa a outra e por fim se afastou. Mais uma vez estava tentanto resgatar o casamento.

Chegou na redação como de costume e logo já foi se preparar para apresentar o jornal, seguindo todo o seu cotidiano, seu marasmo. Por sorte não encontrou com a Taís. O que estranhou, pois havia mudado novamente a pessoa que entrava no quadro de previsão do tempo, a princípio essa mudança parecia ser definitiva. De toda forma, Bruna estava bloqueando a possibilidade de perguntar pela Taís.
O jornal terminou e ela estava feliz, cansada, por ter perdido o hábito da rotina, mas feliz. Juntou suas coisas para sair e hoje iria caminhar com a Flávia. Quando estava saindo do elevador para a garagem, esbarrou na Taís. Pronto, foi o necessário depois de quase um mês sem se verem ou falarem, para fazer o coração da Bruna acelerar.
- Desculpa. - Bruna se desculpou por ter esbarrado na Taís. Falou olhando para baixo.
- Você voltou... - Taís parecia ter criado uma proteção, provavelmente pelo tanto que sofreu, tanta dor que havia sentido com o término abrupto.
- E-e-eu preciso ir... - Bruna falou sem saber o que fazer, falar não conseguia encarar Taís, olhava para baixo.
- Bruna... - Taís ainda tentou conversar, mas Bruna se esquivou e acelerou o passo até o carro. Taís foi atrás dela e insistiu. Antes que ela pudesse abrir o carro, Taís pegou na sua mão, ambas relembraram o poder daquele toque e então Taís falou:
- A gente precisa conversar.... - suplicou com os olhos e falou firme: - Você me deve isso!
- Outra hora. - Bruna soltou a mão e entrou no carro deixando Taís parada na garagem.

A Previsão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora