Ela não te superou

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Bruna chegou no trabalho nervosa naquela manhã. Não havia contado para o Ricardo sobre o novo trabalho, não sabia como fazê-lo. Ela entrou para apresentar o jornal e no meio da apresentação, Taís apareceu nos bastidores. Ela encostou na parede com um bloco de papel na mão. Bruna gelou, inclusive gaguejou na apresentação, mas se recuperou rapidamente e com muito profissionalismo. Taís ficou ali parada, provavelmente esperando o intervalo que Bruna parecia não saber se queria que demorasse ou que chegasse logo. Estava com o coração a mil em ver a mulher que mais amou na vida. Taís sussurou algumas coisas no ouvido do Paulo que ficava também nos bastidores. Bruna percebeu que a relação deles havia se estreitado. A forma como eles se tocavam, era certo que havia algo mais formal, uma dor invadiu o coração da Bruna.
Demorou um tempo e logo veio o último intervalo, Taís sinalizou para que Bruna se aproximasse.
- O-o-oi... - Bruna gaguejou nervosa.
- Parece que vamos trabalhar juntas a partir de hoje. - Taís foi direta, não olhou nos olhos da Bruna que pôde observar uma aliança na mão direita, ela estava noiva, o coração de Bruna parecia querer sair pela boca. O que mais doía era que Taís estava sendo seca e fria.
- Si-sim... - Ainda gaguejando.
- Está tudo bem com você?
- Perdão. Está tudo bem sim. - Bruna se recuperou.
- Perfeito, olha, eu trouxe aqui a pauta escrita, estou terminando, aguardando algumas atualizações, mas essa será a condução de hoje.
- Ok... - Bruna fez uma leitura dinâmica e continuou: - Não seria relevante incluir o assalto que teve na ponte Rio - Niterói?
- Você quer fazer meu trabalho??? - Taís se irritou.
- Não... Só acho que poderia melhorar a audiência. Mas foi só uma sugestão, não tem necessidade de você falar assim comigo. - Bruna se irritou, rolou uma tensão entre as duas.
- Eu não sabia que você tinha sido contratada para dar sugestões... - Taís retrucou e continuou: - Bom, mas tudo bem, vou avaliar. Esse programa tem outro enfoque e o que funciona pela manhã, não funciona nele. - Taís olhou rapidamente nos olhos da Bruna e quase não consegue desver. Bruna sentiu que Taís ainda poderia ter algum sentimento. Segurou a pauta na mão e retomou para a apresentar o jornal. Taís foi embora, mas antes provocou Bruna, deu um rápido selinho no Paulo e em encarou Bruna, ela queria reafirmar o relacionamento para Bruna.
O jornal acabou e Bruna se apressou para ir caminhar. Nos dias que retornava para redação, precisava ser objetiva com as atividades. Chegou na praia, Flávia a aguardava como sempre.
- Oiii gata! Nem pensei que viria hoje, não vai trabalhar a tarde?
- Precisava vir espairecer uns minutos... Vamos, andar é bom para minha mente. - Bruna falou agitada caminhando.
- Eita... Que bicho te mordeu?! - Flávia deu uma corrida para alcançar Bruna e continuou: - Hoje tem coisa boa. Conta???
- Nada, tirando o fato que Taís como esperado, reapareceu e ainda me provocou...
- Provocou? De que forma ela poderia fazer isso? Bruna... Já falou com o Ricardo???
- Não.
- Amiga, isso vai dar problema...
- Não vejo porquê, ué tô trabalhando, ganhando mais, inclusive vou ajudar ele com o investimento no curso.
- Ok, como a Taís te provocou?
- Sendo ela... Quer dizer exibindo uma aliança enorme no dedo e se agarrando com o Paulocroto.
- Paulocroto?
- Paulo com escroto... - Bruna brincou. Flávia riu.
- Amiga, só você para me alegrar....
- Conseguiu uma nova secretária.
- A princípio sim, mas to achando ela muito "chegadinha" pra ficar la em casa, cheia de iniciativas perigosas.
- Faz experiência, posso ver com a Didi se ema não conhece alguém. Quer dizer, Didi é bem relacionada.
- Veja então amiga. Mas... Me explica uma coisa? Não tem mais nada para falar da dona Taís? Como assim se agarrando com o cinegrafista?
- Acho que eles estão noivos... Vi alianças. Enfim ele conseguiu o que ele queria, não é? - Bruna deu uma pausa e continuou: - O pior de tudo é como ela me tratou... Como se eu fosse uma qualquer, seca, fria. Mal olhou nos meus olhos. Jogou a pauta na minha mão.
- Amiga, eu posso falar com conhecimento de causa que isso é coisa de gente mal resolvida.
- Como assim?
- Ela não te superou... - Flavia falou e deixou a reflexão. Caminharam mais um pouco e Bruna seguiu com sua rotina acelerada.

A Previsão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora