Uma dor invadiu e Taís não poderia mais ficar sentada ali àquela mesa. Estava se sentindo uma palhaça. Começou a recolher suas coisas, sacou algumas notas em dinheiro e colocou sob a mesa. Bruna franziu a testa confusa e indagou:
- O que é isso?
- Preciso ir embora... - Taís falou apressada olhando para baixo, com lágrimas insistentes no rosto. Colocou a bolsa no ombro e levantou para sair.
- Você vai me deixar sozinha? - Bruna perguntou inconformada.
- Desculpa, não estou me sentindo bem. - Taís falou limpando o rosto com seus punhos e saiu do restaurante. Bruna a viu se afastando e sua cabeça deu milhares de voltas nesse momento, sua respiração ficou rápida e o olhar perdido. Olhou para a bolsa, pegou mais algumas notas em dinheiro que seriam mais que suficientes para pagar a conta, levantou-se da cadeira e saiu acelerada do restaurante para ir atrás da Taís. Deu uma corrida e conseguiu alcança-la antes que ela abrisse a porta do carro.
- Taís! - Bruna gritou para se certificar de que ela não entraria no carro. Taís estava com o rosto vermelho pelo choro.
- Preciso mesmo ir Bruna. - Ela tentava encontrar as chaves na bolsa
Bruna encostou a mão na porta do carro recuperando o fôlego, estava ofegante pela corrida e falou:
- E eu preciso que você entenda o meu lado...- Bruna falou olhando nos olhos da Taís.
- Qual lado?! - Taís secou as lágrimas e falou: - Aquele em que me disse que estava apaixonada por mim? Ou o que você disse que deveríamos ser amigas?
- E-e-eu... Eu não posso. Entende? - Bruna insistiu.
- Não pode ou não quer? - Taís insistiu.
- Não posso... - Bruna baixou a guarda, cruzou os braços ainda apoiada no carro.
- Bruna? Me responde uma pergunta?- Taís ficou na frente da Bruna e perguntou: - Você gosta de mim?
- Eu gosto. - Bruna respondeu prontamente. Tais sorriu e tentou se aproximar da Bruna que completou: - Como amiga. - Taís se afastou dela irritada.
- Quer saber? Não...Você não vai brincar comigo. Bruna, olha sua idade! Você não pode agir assim, como uma criança...
- Taís, eu não estou agindo como uma criança. Sabe que sou casada? Tenho uma filha? O que faço com tudo isso?!
- Deveria ter pensado nisso tudo antes de ter se declarado para mim! - Taís encontrou finalmente a chave do carro e preparou para abri-lo.
- Taís...
- Bruna, desencosta do meu carro?! - Taís pediu nervosa. Bruna a obedeceu. Taís olhou nos olhos dela mais uma vez e algumas lágrimas insistiam em cair dos seus olhos. Bruna estava confusa, com a testa franzida e olhar perdido.
Taís respirou fundo e antes que entrasse no carro, Bruna foi atrás dela e por um impulso, pegou na sua mão puxando Taís para perto. O corpo de Taís se aproximou ao da Bruna, seus rostos ficaram próximos, Bruna secou as lágrimas dos olhos da Taís e passou a mão nos seus cabelos ajeitando-os para trás da orelha.
- O que esta fazendo Bruna... - Taís falou confusa, desviou das carícias da Bruna que por sua vez não respondeu, apenas pediu passagem para uma beijo. Taís relutou ainda franzindo a testa, mas sem se afastar mover, Bruna tomou a iniciativa e pegou no pescoço da Taís e puxou para si e elas se entregaram em um beijo apaixonado. Suas línguas voltaram a se entrelaçar, seus gostos se misturaram, Taís já entregue passou os braços ao redor dos ombros da Bruna que passou as mãos nas costas da Taís aproximando-a do seu corpo. Elas se apoiaram no carro da Taís para que conseguissem se entregar melhor ao beijo. Bruna se deu conta do que estava fazendo e percebeu o quanto aquilo era involuntário, Taís era como um imã, seus lábios se atraíam aos dela com uma força inegável. Seu gosto era incomparável. Ela não conseguia lutar contra. Taís ainda estava apaixonada e Bruna podia sentir isso pelo beijo. Saíram lentamente do beijo, se olharam e sorriram. Bruna respirou fundo, recobrou sua razão e se afastou da Taís que franziu a testa confusa.
- Podemos ser amigas? Sim ou não?
- Não entendi Bruna...
- Boas amigas. - Bruna deu um sorriso safado para Taís.
- O que você está me propondo?
- Não quero te perder Taís... Mas também não posso dar muito mais do que isso nesse momento. Não estou pedindo que aceite, vou entender se não aceitar. Mas...
- Olha, eu acho que você está muito confusa. Mas por incrível que pareça, agora acho que eu sei o que você sente por mim... - Taís respondeu sorrindo, ela também sentiu através do beijo o que Bruna sentia por ela, ficou muito claro. Bruna sorriu.
Taís estendeu a mão e falou:
- Ok, amigas. - Taís falou insegura por dentro, pois não sabia onde estava realmente se metendo, mas precisava ver onde iria dar. Bruna sorriu ainda encostada no carro, apertaram as mãos, e Bruna puxou Taís contra seu corpo novemente, a beijou com vontade, Taís retribuiu ao beijo da "amiga".
Era isso, Bruna não estava pronta para assumir mais do que aquilo, entretanto, precisava da Taís, mesmo sabendo que de certa forma, aquilo era egoísmo da parte dela.
Bruna e Taís ficaram mais um pouco juntas ali encostadas naquele carro, namorando, curtindo beijos e carícias, o local não era de muito movimento, era perto da praia e já havia anoitecido. Em meio ao namoro, o celular da Bruna tocou, ela por sua vez relutou a atender.
- Você não vai atender? - Perguntou.
- É o Ricardo... - Bruna falou insegura Taís ficou ligeiramente chateada, mas falou:
- Pode atender... Ele está insistindo, deve ser algo importante. - Taís mencionou. Bruna atendeu:
- Oi Ricardo, tudo bem?
- Tudo, onde você está? - o homem falou nervoso do outro lado da linha.
- Jantando com uma amiga... - Bruna olhou para Taís.
- A Flávia?
- Outra amiga... Ricardo, o que você quer? - Bruna se afastou da Taís e falou impaciente com o marido.
- Calma, cruzes. Está com TPM?
- Ricardo, se você falar mais alguma coisa nesse sentido, juro que te mato. - Bruna respondeu irritada.
- Ok... Olha, eu só liguei para saber se iria jantar em casa. Mas já entendi que não...
- Só isso? Me ligou três vezes para isso? - Bruna andava de um lado ou outro inquieta. Tais estava encostada na porta do carro.
-Só. Nos falamos em casa... - Ricardo desligou o telefone, Bruna bufou e revirou os olhos. Colocou o telefone na bolsa e respirou fundo. Taís perguntou:
- Está tudo bem?
- Sim... Sim. Ricardo é muito controlador! - Bruna bufou mais uma vez e colocou a mão na testa.
A situação era delicada, Taís optou por não interferir, ela perguntou cuidadosamente:
- Você quer ir embora?
- Preciso... - Bruna respirou fundo e falou: - O jantar foi um desastre, quer dizer, fizemos tudo, menos jantar. - sorriu.
- Esse foi o melhor jantar que eu poderia ter. - Tais sorriu de volta.
- Ok... Bom, preciso ir mesmo. - Bruna se posicionou frente a Taís para se despedir.
- Seu carro está longe? - Taís perguntou.
- Não muito, na outra rua.
- Quer que eu te acompanhe?
- Não precisa. Mesmo assim, obrigada. - Bruna sorriu e tocou no rosto da Taís que colocou sua mão sob a da Bruna.
- Tudo bem. Podemos nos falar no celular? Digo, para saber se você chegou bem, essas coisas...
- Claro que sim, somos amigas, não? - Bruna piscou um dos olhos, sorriu e se despediu levantando uma das mãos para acenar e seguiu para seu carro na outra rua. Taís ficou ali, observando a amada até que sumisse na rua. Ela estava sorrindo boba, apaixonada e ao mesmo tempo surgia aquela preocupação, medo por navegar em mares desconhecidos.
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A Previsão do Amor
RomanceBruna é jornalista, mãe de uma serelepe menina de 3 anos, casada com Ricardo, professor do ensino médio. Bruna e Ricardo estão casados há 12 anos, a pequena Fernanda chegou após 9 anos de casados, sendo assim eles aproveitaram bastante o casamento a...