Chá das "seis"

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Bruna chegou pontualmente na praia, Flávia não havia chegado ainda. Sentou-se em um quiosque para aguardar a amiga e mexeu no celular para checar novidades, verificar pautas, notícias, a plataforma de ensino. E quando se deu conta estava mexendo a rede social da Taís. Suspirou, é que ter encontrado pessoalmente com ela remexeu com coisas que ela tinha bloqueado esse tempo. Ela sentia muita culpa pelo que havia acontecido com a Fernanda, com o casamento e estava em cima do muro, cheia de conflito internos. Se sentia fraca por não conseguir tomar as próprias decisões em relação aos seus sentimentos. Respirou fundo. Foi então abordada pela Flávia que chegou por trás e falou:
- Será que tem alguém aqui mexendo com fogo?
- Flávia?! - Bruna colocou a mão no peito assustada e falou: - Que susto!
- Estava distraída mesmo, heim?!- Flávia sorriu.
- Eu? - Bruna fechou a rede social da Taís que estava escancarada no seu celular.
- Vamos movimentar esse corpo gata!.- Flávia começou a se movimentar para caminhar, Bruna guardou o celular e a acompanhou.
- Hoje voltei ao trabalho... - Bruna comentou.
- Eu imaginava que fosse hoje. E então como foi?
- Foi ótimo, quer dizer, é muito bom voltar a ativa. Estava com saudades...
- Como está a Nandinha?
- Ótima, nem parece que passou pelo que passou. - Bruna falou aliviada juntando as mãos.
- Eu falei, essas crianças são muito resistentes, mais que a gente. Meus filhos aprontaram muito.
- Pois é... Mas acho que minha filha aprontou o suficiente para a vida toda. - Bruna brincou, elas riram.
- Eu vi exatamente o que estava olhando no celular... Sabe que estou curiosa, não é? - Flávia se referia a página pessoal da Taís.
- Tiraram ela do meu jornal, substituíram. - Bruna comentou.
- E ela esta aonde agora? - Flávia franziu a testa.
- Acho que ainda na emissora, mas não faço ideia em que função.
- E porque diz isso? Como sabe que ela está na emissora?
- Eu a encontrei... Logo hoje. - Bruna comentou.
- Opa... Conta mais! - Flavia sorriu curiosa.
- Na garagem... O que eu achei estranho porque ela não tinha carro... - Bruna coçou a testa.
- Vocês se encontraram ao acaso?
- Sim... Nos esbarramos no elevador, acredita?
- Acredito em destino.
- Flávia...- Bruna respirou fundo e continuou: - Eu não quero mais. Está terminado!
- Não, não... Você não pode fazer isso. Bruna, você estava apaixonada.
- Desapaixonei.
- Essa palavra nem existe Bruna!
- Eu não consigo olhar para ela sem imaginar que estou enganando meu marido ou que minha filha sofreu um baita acidente... - Bruna falou com os olhos confusos, marejados.
- Amiga... Eu te entendo, mas você precisa vencer isso. Você não "desapaixonou" como falou. Eu te conheço. Acontece que está vivendo um conflito tremendo e não está pronta para encarar seus sentimentos.
- Não sei... - Bruna falou confusa.
- Independente do que estiver acontecendo com você, com seus sentimentos, você precisa conversar com a Taís. Vocês... Você disse a ela que estava apaixonada. Precisa ser justa com ela, ser honesta. Ela merece isso.
- Olha, para quem se divorciou mais de uma vez, até que você tem uma política amorosa muito correta... - Bruna brincou e continuou: - Mas você rem razão, ela pediu para conversar e eu a tratei mal.
- Que horrível Bruna... Você é má. E depois, é justamente por ter me divorciado duas vezes que tenho essa "política amorosa", eu me preocupo com o sentimento dos meus parceiros... Não só com os deles, mas com os meus também. Não me engano.
- Não sei porque estou agindo assim, nunca em minha vida dei espaço para tantas infantilidades. Eu vou conversar com ela... Hoje ainda. Vou ser honesta e dizer claramente que acabou. Assim ela pode seguir em frente e eu também. - Bruna encheu o peito de ar e falou determinada.
- É assim que se fala! Opa... Não não não... Calma aí? Voce vai ser honesta com quem nessa conversa? - Flávia franziu a testa e continuou: - Bruna, você quer acabar aquilo que mal começou?
- Não sei... Mas é o melhor. Acontece que até agora não deixei nada claro para ela porque eu pensava que não tínhamos começado nada oficialmente.
- Então, você não precisa falar que acabou... Diga apenas que você está assim, em cima do muro. Que não é culpa dela, mas que nesse momento você não está pronta para assumir nada e veja como ela vai se comportar...

Elas conversaram mais um pouco enquanto caminhavam. Bruna se despediu e continuou sua rotina. Depois de tomar um banho e deixar a Nandinha na escola, Bruna resolveu ligar para Taís:

- Bruna? - Taís atendeu prontamente.
- Oi... - Bruna custou a responder, seu corpo inteiro tremia ao escutar a voz da Taís.
- Tudo bem? - Taís indagou pelo silêncio que instaurou ali na conversa.
- Tudo... É que eu gostaria de saber se está livre hoje à noite. Se gostaria de jantar?
- Você está me convidando para jantar com você? - Taís perguntou confusa.
-Si, sim. - Bruna gaguejou e continuou: - Mas teria que ser cedo, tipo umas seis da noite. Porque você sabe, tenho que acordar de madrugada...
- Ok. - Taís respondeu sem rodeios.
- Ok?
- Eu aceito tomar o chá das cinco com você. - Taís brincou e Bruna que estava nervosa do outro lado respondeu de forma direta:
- Certo, deixa eu te passar o local aqui pelo celular.... Pronto! - Bruna mandou a localização para Taís pelo celular.
- Perfeito, estarei lá. - Taís verificou e respondeu.
- Só para confirmar, eu falei as seis, não é?
- Falou... - Taís respondeu sorrindo. Bruna sorriu pela primeira vez.
- Bom preciso desligar, nos encontramos mais tarde...
- Ok... - Taís falou reticente, silêncio na linha que foi quebrado pela Taís:
- Bu-Bruna?! - Respirou fundo.
- Oi...? - Taís perguntou.
- Nada... Não é nada. Até mais tarde. - Taís desligou o telefone e ficou pensativa. Bruna do outro lado da linha também ficou pensativa.

A Previsão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora