Look Fatal

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Bruna se assustou por ter dirigido até ali, foi involuntário. Respirou fundo e sorriu com a loucura que havia feito.
Sacou o telefone, parou o carro debaixo de uma árvore e resolveu ligar para Taís. Era uma rua tranquila e segura, tinha inclusive uma patrulha da polícia próxima dela.
- Alô?! - Taís atendeu.
-Queria ouvir a sua voz... - Bruna respondeu amorosamente.
- Você bebeu? - Taís indagou intrigada.
- Não... - Bruna respondeu com sobriedade.
- Onde você está Bruna? - Taís preocupada.
- Em qualquer lugar... -  Bruna foi reticente.
- Que horas são? Posso te encontrar?- Taís insistiu ainda preocupada.
- Já está tarde... Porquê você quer me encontrar? - Bruna indagou.
- Quero te ver... Ver se está bem. - Taís com a voz amorosa.
- Taís, você vai casar. - silêncio na conversa. - Tá vendo? Sempre que toco nesse ponto, você fica muda... -  Bruna falou irritada.
- O que quer que eu fale?! -Taís indagou incomodada.
- Porque me convidou para sua despedida de solteira? - Bruna perguntou.
- Quero ficar com voc... - Taís quase soltou algo não conveniente, então corrigiu: - Porque te considero uma pessoa importante e quero ter você perto de mim nesse momento.
-Você vai casar Taís... - Bruna insistiu em lembrar.
- Ok. Se você quer mesmo falar sobre isso... Vamos lá, Bruna, você É casada! Mesmo assim fiquei com você e nunca fiquei tocando nesse mesmo ponto... - Taís se irritou.
- Porque agora? O que aconteceu para você se re-aproximar logo agora? - Bruna indagou curiosa.
- Percebi que não quero perder você. Já que não podemos ficar juntas, que fui apenas uma aventura para você; Quero ter você pelo menos como amiga. Bruna, você me ajudou quando eu mais precisei... Ninguém fez isso por mim. - Taís sussurrou com carinho.
- Então você só precisa ser grata, ser minha amiga. Não precisa me beijar, me convidar para sua despedida de solteiro, casamento, aniversário de um ano dos filhos que certamente vão ter... - Bruna foi seca e direta.
- Uau... Você é bem dura comigo, sabia? - Taís embargou a voz, era uma pessoa sensível.
- Desculpa... Eu estou cansada, um pouco confusa. Desculpa! - silêncio na conversa.
- Tudo bem, olha, eu fiz os convites, mas você não é obrigada a aceitar... E...bom, agora você já sabe que está desbloqueada no meu celular, se precisar de algo, pode me chamar. Conta comigo, ok? - Taís desconversou nervosa, percebera que falaram coisas demais.
- Tudo bem... Obrigada! Preciso desligar... - Bruna olhou para cima pela janela do carro na tentativa de encontrar Taís em alguma daquelas janelas, mas eram muitos apartamentos.
- Ok, boa noite... - Taís falou com a voz rouca. Por um segundo Bruna queria aquele quase sussuro rouco no pé do seu ouvido. Respirou fundo, demorou alguns instantes para responder pois estava saboreando a voz da Taís. - Bruna?!  - Taís chamou.
- Boa noite... Be-be-beijos. - Bruna gaguejou. Tais sorriu do outro lado da linha.
- Bebebeijos. - Taís brincou e desligou o telefone. Bruna ficou com um sorriso bobo, ali na frente do prédio da Taís, pensativa, desejando, prestes a fazer uma loucura. Mas segurou a onda, imaginou que Paulo poderia estar lá e que seria insuportável ver os dois. Respirou fundo e deu partida no carro, resolveu voltar para casa.

Era sábado, o dia da despedida de solteiros da Taís e do Paulo. A manhã estava linda, logo cedo Bruna foi buscar Nandinha na casa do Breno e em seguida a levou para a natação, iria ter uma competição e Ricardo iria encontrá-las no clube. Bruna vestiu Nandinha e foi com a menina para a piscina. A competição era acompanhada inteiramente pela professora.
- Bom dia Bruna... Está diferente hoje. - a professora flertou com a Bruna que sorriu confusa e sem graça. Não percebera algum flerte da Helena no passado. "Será que ela também sabe que estou divorciada?"pensou.
- Diferente como? - Bruna perguntou curiosa, mas com medo da resposta.
- Com um brilho a mais. - a professora sorriu e deu uma piscada para a Bruna que ficou sem graça, não sabia bem como agir. A professora desconversou e se dirigiu a criança:
- Mas veja quem está aqui prontinha para ganhar a competição? - a professora que era uma mulher muito bonita falou sorrindo e ainda encarando a Bruna. Ricardo chegou e notou o clima.
- Papai, papai! - a menina correu para o pai.
- Oi minha peixinha, quero ver você nadar bastante heim?!
- Vou ganhar, tia Helena estava agora mesmo falando isso, não é? - a menina comentou olhando para a professora. Bruna estava de braços cruzados, ainda sem graça, mas não perdeu a postura. Ricardo percebendo, deu um beijo na cabeça da Bruna tentando marcar o território. Bruna se esquivou dele disfarçadamente. A professora logo murchou e falou com a menina:
- Vamos nadar princesinha. - Helena deu a mão para a criança e foram as duas para a piscina.
Ricardo e Bruna sentaram na arquibancada e enquanto observavam a criança conversavam:
- Porque você fez aquilo?
- O que? - Ricardo sonso.
- Me deu um beijo na cabeça???
- Ora, eu só estava te cumprimentando...
- Entendi... Ricardo, gostaria que você fosse mais sutil para me cumprimentar, lembra que a terapeuta da Nandinha falou sobre confundir a cabeça dela?
- Ah sim... Não confunde a mãe dela dar em cima da professora de natação, mas confunde quando seu pai cumprimenta a mãe com um beijo carinhoso na cabeça?
- Eu não estava! - Bruna ficou furiosa com o comentário, mas se conteve: - Não te devo satisfação...
- Bruna, precisamos decidir sobre o natal. - Ricardo desconversou.
- O que tem?
- Eu gostaria que ela passasse a noite comigo, como tínhamos combinado. Bom, você também está convidada.
- Não, obrigada. Você me entrega ela dia vinte e cinco pela manhã...
- Vai passar a noite de natal sozinha?
- Não, não vou...
- Ah sim, vai passar com a Taís.
- Ricardo essa tua insegurança está passando dos limites, na verdade extrapolou. Você entende que estamos divorciados?
- Entendo, claro, mas me preocupo com você.
- Sendo assim pare de se meter na minha vida... - Bruna pegou no celular para não conversar com o ex. Eles ficaram ali sentados observando Nandinha, a professora claramente dava em cima da Bruna, não tirava os olhos.

Ao final da tarde Bruna já estava em casa aproveitou para atualizar suas plataformas e leituras. Gostava muito de ficar só, fazia várias coisas, inclusive, agora que não tinha mais secretária, costumava também faxinar a casa. O dia passou, a noite chegou e Bruna estava inquieta em casa... Queria ir na despedida de solteira, mas não encontrava coragem, até que Flávia interfonou. Bruna mal podia acreditar.
- Alô?!
- Tem uma senhora...
- Senhorita - Flavia corrigiu o porteiro.
- Senhorita, o nome dela é dona Flávia.  - o porteiro falou.
- Pode passar para ela? - Bruna pediu ao porteiro.
- Flávia? Porquê não me ligou?
- Porque você iria me impedir... Estou aqui embaixo te esperando, se arruma rápido.
- Não, eu não vou... - Bruna negou.
- Vou ficar aqui parada na portaria até você descer...
- Isso é loucura Flávia.
- Loucura é não irmos... Bruna, você precisa saber o que está acontecendo e essa é a única oportunidade que vai ter. - silêncio. Bruna pensativa.
- Bruna?!
- Ok, me dê quinze minutos que já desço.
- Perfeito! Quero te ver com um look fatal, heim?!
- Boba... Me espera aí que já estou chegando. - Bruna desligou o interfone e ficou alguns segundos pensativa, com um sorriso apreensivo e bobo ao mesmo tempo. Flávia era danada...

A Previsão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora