𝐀𝐟𝐫𝐨𝐝𝐢𝐭𝐞 • 𝐊𝐢𝐦 𝐓𝐚𝐞𝐡𝐲𝐮𝐧𝐠

𝕏𝕏𝕀𝕀

Taehyung

𝓐quela noite na varanda de meu quarto com Selena me trouxe uma épica sensação de nostalgia.

O caminho daquela conversa, que parecia tão difícil de encarar, porém ao mesmo tempo tão fácil e frágil, me levou a um passado que há muito batia na minha porta.

Os olhos dela - lindos como uma chuva de galáxias - brilhavam um sentimento ardiloso e complicado demais de se entender quando se voltaram para mim.

Seus olhos, aqueles olhos que não tem cor nenhuma, mesmo quando se parecem um arco-íris, são semelhantes, julgo dizer idênticos ao olhar cavado na minha alma de alguém do passado.

Mas ele, tenho certeza em dizer que ele não tinha nenhuma particularidade como a de Selena.

Ele com certeza tinha mana, e um poder desolador, uma força abrupta que o fazia se destacar de qualquer um - posso dizer com propriedade já que literalmente senti na própria pele - e principalmente, olhos jamais comparados ou semelhantes a qualquer um.

Porém seus cabelos eram azuis escuros e sua pele pálida, indicando inegavelmente que ele era um nascente puro de Safira.

Mas seus olhos eram iguais aos de Selena. De nenhum palácio, de nenhuma pedra, por mais que o resto de suas características mostrassem seus traços de Safira.

Mas naquela noite, com aquela conversa tão pertubadora quanto as que eu tinha com ele, seu olhar estava idêntico ao dele. Eles pareciam a mesma pessoa.

Ela havia se transformado em sua sombra, e ele em seu sol.

Só de olhar nos olhos dele eu poderia sentir a morte, ou melhor, queria que ela viesse até mim. Desejava morrer toda vez que ele me olhava.

Mas quando olho para Selena, só consigo pensar em como aqueles olhos são lindos.

Essa mulher... Odiá-la deveria ser mais fácil.

Mesmo quando ela esteve em minha frente, desbrandando a mentira do colar, colocando parte do que eu queria por água a baixo - "você é controlador, Taehyung" - e acabando com o meu controle, o que me aflingiu a alma não foi ódio ou insatisfação.

Deveria ser. Tinha que ser.

Minha linda e perfeita marionete estava cortando suas cordas.

Mas ao vê-la ali, só pude jurar uma mentira.

" - Se funcionasse eu teria o retirado". Não teria. Jamais tiraria.

Mas naquele momento, quis me transformar em outra pessoa, alguém melhor, alguém que nunca teria tido sequer a coragem de colocar o colar em seu pescoço.

Queria tanto que poderia morrer.

Mesmo quando ela foi para fora e me deixou submerso naquela incerteza constante eu ainda quis odiá-la, e mesmo assim ainda quis me tornar alguém que não teria coragem de fazer metade das coisas que fiz.

" - Eu disse a você que deuses ainda realizavam desejos". 

De tantos desejos, por que logo aquele?

- Você parece pensativo - Ethan suspira ao meu lado, remexendo nos cabelos prateados. - Devo saber se isso é bom ou ruim?

Ele havia chegado há algumas horas, com uma pilha de pápeis, os convites do casamento. Ele queria saber se eu aprovava a escolha de convidados.

Ler mais de mil nomes é algo bem cansativo a parte. Mas nessa jogada eu não poderia errar.

As pessoas perfeitas tinham que vir a esse casamento, o faria se tornar uma das minhas maiores armas nessa guerra.