𝐀𝐟𝐫𝐨𝐝𝐢𝐭𝐞 • 𝐊𝐢𝐦 𝐓𝐚𝐞𝐡𝐲𝐮𝐧𝐠

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𝓒onsigo ver o segundo em que o olhar de Jungkook se transforma, o jeito em que a realidade parece ser jogada contra si, espatifada no centro de sua própria alma.

Vejo algo se quebrando dentro de si, uma fraca luz azul emana de seus olhos por poucos segundos, seguindo de uma transcendente melancolia no olhar.

Tudo em si parece se misturar em um emaranhado de confusão e tristeza, como se estrelas cadentes se quebrassem perante seus olhos.

E eu sinto, no fundo da minha própria alma, o laço interminável que sempre nos ligou a um passo de arrebentar.

E é quando aquela espada para a centímetros do meu coração, em um movimento brusco e apressado dele, que vejo o brilho casto da perversidade do que aconteceria logo em seguida.

Do que ele faria.

Não.

Não.

Não.

A dor transcende os olhos de Jungkook quando ele finca a espada no peito.

No seu peito.

No seu coração.

Um sorriso doce e cálido de repente surge em seus lábios, e meu corpo manchado por seu sangue se banha em lágrimas de agonia e dor, mas ele continua a sorrir e há um brilho diferente em cada ponta de seu sorriso.

- Eu te amei primeiro.

O sangue jorra ainda mais de seu coração, do coração que deveria estar amaldiçoado pelo puro gelo da linhagem de Safira, o coração que não deveria amar, mas que agora está partido.

O coração que está prestes a parar de bater.

Jungkook sorri em meios a lágrimas que parecem de pura e genuína felicidade, e sinto a pontada de dor e agonia me inundar a alma.

E é no instante seguinte que seu corpo cambaleia para frente e ele cai dando seu último suspiro ao meu lado.

Minha alma se estilhaça quando viro de lado e dou de cara com seu rosto perfeito abatido pela morte, o sangue escorrendo pelo peito na ferida recém-feita, os olhos fechados marejados e o corpo calmo, abastecido pela fria inexistência.

Não.

Não.

Não.

Sinto o cheiro se desprender da minha garganta, o desespero me assolar cada partícula da alma e meu coração se apertar no meu peito.

Busco forças dentro da minha agonia e perdição total para me sentar e inclinar meu corpo do frente para o seu, minhas mãos tremem ao encostar em seu rosto, ainda com a pele quente e macia como sempre toquei.

- Jungkook... – seu nome sai como um sussurro perdido do meu coração – Jungkook... Jungkook... Jungkook... Jungkook... – e então é tudo o que eu sei dizer.

É tudo o que meu coração chama e minha alma clama.

Por seu nome, por ele.

- Jungkook, por favor... Por favor, abra os olhos... Por favor... Já chega disso... – balanço seu rosto sentindo como se a cada chamado não respondido uma parte de mim morresse – Eu estou aqui, eu estou aqui... Você não pode fazer isso comigo... Você prometeu... Jungkook! – um grito de desespero rasga a minha garganta e meu rosto é inundado pelas lágrimas desesperadas.

Abra os olhos, abra os olhos, abra os olhos... Por que não pode simplesmente abrir os olhos?

- Você tem que ficar comigo... Eu... Eu não sei viver sem você! – grito mais uma vez, sentindo o choro ultrapassar meu próprio fôlego – Jungkook, por favor! – seguro seu rosto com cuidado e o apoio no meu colo, acariciando seus fios negros e a pele macia, enquanto observo a face apática – Por que você está fazendo isso comigo? – o sussurro se desmancha em meio ao meu choro incessante.