𝕃𝕏

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𝓙ogo a cabeça de Johan sobre a boca do dragão.

Eu nunca pensei bem em como morreria, apenas agradeceria quando esse momento chegasse.

Me penduro na árvore e avanço na direção do dragão.

Agradeceria quando somente o lamento da morte me inundasse, no segundo que toda a dor me deixaria e nada mais me aplacaria.

Passo a espada negra sobre sua garganta em um corte profundo, e seu próprio peso o desmembra.

E então eu finalmente poderia conhecer a paz.

O dragão cai no lago e eu chego até a cúpula destruída.

Mesmo que a paz significasse morrer.

Eu não penso em mais nada quando largo a espada ensanguentada e corro até Taehyung.

Nesse momento cada partícula do meu parece doer mortalmente, como se finalmente sentira-se todo o desgaste da batalha.

Quando me ajoelho no chão minhas pernas parecem querer se partir, mesmo meus ossos rangem dentro de mim e meu coração está tão acelerado que sinto que pode sair pela boca.

Levo as mãos sujas de sangue até seu rosto, o levanto observando a face angustiada, mesmo que ele esteja desacordado as linhas finas estão marcadas, a boca comprimida e a pele queimando em febre.

Esse é o efeito que a praga tem sobre o corpo de pessoas com mana, ela suga tudo de uma maneira dolorosa e cruel, cerca sua alma como se si alimentasse dela, puxa suas forças e te imerge ao pó.

- Tae... - sussurro seu nome, mas sei que não receberei resposta. O coração está batendo fraco, a respiração está casta e fria e mal dá para sentir o pulso.

Sinto o mesmo terror do dia das flechas, mas dessa vez com a certeza de que não haverá volta.

Meu coração estremece enquanto lágrimas ocupam meu rosto, a angústia me dilacerando por dentro e todas as promessas que não serão cumpridas irradiando na minha cabeça.

Os cabelos vermelho estão bagunçados, o cobrem a testa que tem um pouco de sangue escorrendo, a roupa está amarrotada e ele tem pequenas feridas espalhadas pelo peito, mesmo que as joias continuem brilhando.

Sinto a dor aguda no meu abdômen e levo minhas mãos até o local, sentindo o sangue fresco do ferimento feito por Johan.

De repente me sinto tonta demais também, fraca como se não pudesse aguentar meu próprio peso.

Eu tenho que tirá-lo daqui antes de qualquer coisa, tenho que levá-lo para dentro de uma muralha, eu tenho que...

Caio.

Sangue escorre da minha boca em um engasgo que não consigo controlar, minha cabeça dói com o impacto no chão e cada molécula do meu corpo parece querer se romper.

Taehyung cai ao meu lado, o rosto sereno apagado pela tragédia, o cabelo cobrindo parcialmente os olhos e a respiração cada vez mais calma.

Nós dois estamos morrendo.

Deveria acabar assim?

𝐀𝐟𝐫𝐨𝐝𝐢𝐭𝐞 • 𝐊𝐢𝐦 𝐓𝐚𝐞𝐡𝐲𝐮𝐧𝐠 Onde histórias criam vida. Descubra agora