𝓠uando acordo de manhã, enrolada no lençol manchado de tinta e com o corpo com lembranças da noite anterior Taehyung ainda está dormindo.
A face serena está marcada de paz, a respiração está calma enquanto o rosto jovial continua tranquilo e em paz, os cabelos vermelhos estão espalhados pelo rosto, bagunçado de um jeito que me fazem sentir mais próximo dele, mais íntima.
O tronco descoberto tem diversas marcas minhas, manchas de tinta, das minhas mordidas e dos meus chupões, sem contar dos arranhões das costas, o rosto pacifico tem um leve corte na boca, ocasionado de uma mordiscada mais bruta.
Taehyung sempre costuma acordar primeiro que eu, e é engraçado que justo dessa vez tenha sido eu a despertar primeiro. O observar assim é um privilégio, sinto como se partes fragmentadas do meu coração desabrochassem um sentimento único de paz e conforto, como se pudesse viver neste momento para o resto da minha vida.
Me sento na cama ao seu lado, seus braços que antes abraçavam minha cintura agora se enrosca em uma de minhas coxas, enquanto ele aconchega o rosto de um jeito fofo contra minha pele, ainda sonolento demais para perceber que acordei.
Ele se agarrou em mim durante toda a noite, toda vez que eu me mexia voltava a me segurar, como se eu fosse areia que estivesse preces a escapar dos seus dedos, como se simplesmente tivesse medo de acordar e nada ter passado de um sonho.
Tive esse mesmo medo em outras situações que o envolvia, de acordar e saber que nada passou de brincadeiras da minha cabeça cansada e sozinha.
Ele não esperava a minha volta repentina, tal como eu mesma não esperava voltar. Depois que acordei perto do cadáver de Vanitas procurei por Henry e Noelle, que não entenderam nada quando dei ordens para cancelar a missão e voltarmos para Rubi, muito menos quando viram Vanitas morto.
Eu tentei, tentei os contar tudo o que os deuses haviam me dito, mas minhas palavras se embolaram, e a voz não saia, é parecido com tentar mentir par Taehyung, não consigo por causa do pacto.
Agora a verdade está entalada na minha garganta, corroendo minha alma e cada pedacinho esperançoso do meu coração.
A escolha que fiz também.
A verdade é que nunca quis ser uma super-heroína, tão pouco um nome reconhecido e cheia de títulos de bravura e coragem, nunca quis ser amada ou almejada, ao menos reconhecida por qualquer feito. Para mim todas essas coisas são superficiais, apenas métodos para encherem os corações de pessoas vazias e solitárias.
Mas por algum motivo nunca consegui dar as costas para nenhuma causa.
Talvez porque eu era cheia de frieza e completamente sem objetivos e por isso vivia sobre a sombra dos comandos de Jungkook, sobre sua soberba em proteger Safira ferindo e roubando os outros palácios.
Eu matei e dizimei povos, pessoas inocentes, jovens, mulheres, crianças e desabrigados, nunca me perdi entre a compaixão e solidariedade, sempre acreditei que sacrifícios deveriam ser feitos, que os fortes dominariam e que os fracos pereceriam.
Mas ao mesmo tempo entreguei tudo de mim naquela guerra, talvez por desejar morrer no processo ou porque simplesmente não aceitasse devastação total de um lugar desses, de pessoas como essas.
Eu sempre fui muito inferior a eles, não tenho os olhos coloridos ou os cabelos em cores vividas, representando a própria honra de onde nasceram. Eu ao menos sou filha de algum palácio, sou opaca, sem nada que me eleja dona de algum lar ou de algum povo.
Nasci para ser brinquedo de doze deuses pagãos que estão fazendo exatamente o que Vanitas disse que fariam, me usar para seus joguinhos tediosos.
Fui desejo de Taehyung, um desejo que surgiu da tristeza e da solidão, fruto de seu medo e horror.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐀𝐟𝐫𝐨𝐝𝐢𝐭𝐞 • 𝐊𝐢𝐦 𝐓𝐚𝐞𝐡𝐲𝐮𝐧𝐠
RomansaEsgueirando-se pelas muralhas de cristais, a praga vem, pronta para destruir toda a magia, e tomar a vida de todas aquelas criaturas encantadoras, uma punição dos doze deuses do universo, fadados a traição das pessoas. Surgindo das sombras e do nad...