Até as flores, esperam a primavera

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- Olha quem não está mais fedido.

- Eu não estava fedido, eu estava suado! - Hongjoong sorriu, se aproximando de Soomin - E aí? Gostou do jogo? Você está bonita.

- Agora eu sei como você chegou tão rápido na minha casa, aquela noite, você corre demais! - Ela deu risada, tentando não parecer envergonhada com o elogio. - Eu não entendo de basquete e nem pude gritar: "vai Wildcats".

- Deve ser porque não somos os Wildcats. - Hongjoong não conseguia parar de rir.

- Uma pena, mas... Sabe? Parecia que estava gostando de jogar, você joga bem, Jo, só não faz muitas cestas. E onde eu estava, o seu ângulo favorecia muito.

- Não é minha principal função. Eu pego a bola e passo para o capitão ou para qualquer outro cara que precise se aparecer para os olheiros, e não ligo de ser só esse cara. Eu não gosto de jogar, a menos que seja online e na minha cama.

- Justíssimo!

Soomin e Hongjoong estavam em uma das saídas do ginásio, conversando, o garoto ainda mexia nos cabelos molhados, tentando ajeitar os fios teimosos, um charme discreto, descoberto apenas pelos que se atentavam, assim como os olhos curiosos da garota.

- Então, você quer ir na festa do time? - Ele endireitou a postura.

- Na verdade, eu gostaria de poupar meu quadril e meus ouvidos, de músicas com batidas repetitivas e uma letra questionável.

- Nossa, mas é tão emocionante! - Hongjoong disse ironicamente.

- Falou o cara que prefere jogar vídeo-game.

- Golpe baixo, Soo. - Ele sorriu, junto com ela - Tudo bem, que tal você sair da dieta e pedirmos batata frita de carinha, lanche com muita gordura saturada e quantas partidas, de qualquer FPS que você preferir, e puder aguentar?

Soomin soltou um longo suspiro e entrelaçou o braço no dele, o olhando de canto.

- Você me leva pra casa depois, Jo?

- Com certeza, Soo.

Eles caminharam juntos, com calma, até a fraternidade de Hongjoong, Soomin ainda sentia um desconforto quando forçava demais o quadril, a fisioterapia era com movimentos brandos e longas distâncias ainda eram demais para ela. Por isso, Kim ia a passos lentos ao lado dela, ainda que o ritmo devagar o incomodasse, um pouco.

O dia trouxe, com as horas, o frio do crepúsculo, o céu perdia o tom alaranjado e ganhava o roxo índigo, indo para o azulado da noite escura, a lua já vinha bisbilhotar, e era percebida por aqueles que ousavam olhar para cima. Soomin a notou e Hongjoong notou a garota.

Eles chegaram na casa, já estava escuro, Hongjoong se lembrou de um detalhe que, esperaria chegar no quarto, para compartilhar com Soomin, mas o sorriso já denunciava o que se passava em sua mente.

- O que é tão engraçado? - Soomin perguntou, perto da escada.

- É que, não somos os únicos aqui. Seu amigo Taehyung, intimou o capitão para cuidar do Hoseok, hoje. Eles devem estar no quarto do capitão que, é do lado do meu.

Hongjoong falava baixo, rindo, colocou a mão na base da coluna de Soomin, a ajudando a subir a escada, após longas caminhadas, poderia ser dolorido continuar sem apoio. Ele fazia de forma sutil, de modo que não ultrapassasse nenhum limite, mas não conseguia negar o quanto estava preso, nela, naquele momento.

Desde que a viu, depois que saiu do ginásio, pode reparar melhor nela, parecia com um brilho novo e particular, o que a deixava mais linda e atraente, não que Hongjoong não notasse antes, talvez fosse a adrenalina do jogo, correndo desesperadamente por seu corpo, fazendo sinapses com muita serotonina. No final, era tudo felicidade e vinha com um sorriso de Soomin.

A garota estava um degrau a frente, sempre, assim ele poderia dar apoio e a segurar, sem que invadisse seu espaço, ainda que achasse errado, seus olhos não conseguiam desviar dela, sua respiração estava ficando pesada e engoliu seco com cuidado, eles já tinham ficado juntos algumas vezes, não era novidade, mas existia uma aura diferente.

- Nossa, eu espero não ouvir eles. - Soomin disse baixo, rindo.

- Fique tranquila, capitão é discreto.

- Mas o Hoseok, não!

Eles riram, supondo que os meninos já estavam lá, mantiveram o tom baixo. Soomin ia na frente, até o quarto de Hongjoong, ele seguia atrás, com calma, sentindo suas mãos suarem e começou a morder o lábio inferior, estava quente.

Muitas coisas começaram a emergir na mente de Hongjoong, pensamentos traiçoeiros, que jamais tinham o perturbado antes, imaginava que fosse a euforia do dia, ou o simples fato de Soomin estar admirável, mas havia um desejo que crescida no âmago de seu corpo e pulsava.

- Será que podemos trocar o meu lanche por batatas extras? - Ela parou ao lado da porta para que Hongjoong abrisse.

- Mas é claro. É o que você quer? - Ele abriu a porta e entrou.

- É o que eu quero.

Soomin entrou e Hongjoong se virou para ela, com uma mão na direção da lateral, do corpo dela, ele apoiou na porta, empurrando a garota contra a mesma, a fechando bruscamente, juntando seus corpos e mantendo seus rostos a uma distância mínima.

Seus olhos se conectavam com uma sutileza e um tom de malícia implícita, um caminho perigoso para os desejos que a alma carregava, o espelho do abismo interior de cada um, a trilha que eles conheciam com destreza.

- H-Hongjoong? - A voz de Soomin saiu como um sussurro ofegante, pela surpresa, pelo impacto de seus corpos, ou pela simples falta de distância.

Ele apoiou a testa na dela, respirando com calma, tentando controlar as aceleradas batidas de seu coração, sentia o aroma do perfume dela, misturado com o cheiro de pipoca e algodão-doce, não ousou respirar fundo, só complicaria as coisas para Hongjoong.

- Se você não quiser, é só me empurrar, eu vou entender, mas se não empurrar, eu também vou entender.

Hongjoong disse baixo e a encarou, esperando qualquer reação dela. Soomin alternava os olhos nos dele, a boca meia aberta, os dedos roçando a porta, ela assentiu com a cabeça, com seu coração batendo com força.

Soomin fechou os olhos lentamente, sentindo seus lábios se unirem com um pouco mais de calma do que ela imaginava, uma delicadeza que não disfarçava a explosão que foi provar seus sabores se misturando.

A mão de Hongjoong, que estava apoiada na porta, deslizou graciosamente até a cintura dela, a apertando com cautela e facilidade, descansando suas duas mãos, bem apertas, na base das costas dela.

Suas bocas se encaixavam, dando forma a um beijo, antes sereno, para uma desenvoltura banhada a desejo e muito sentimento velado. Hongjoong mordeu o lábio inferior de Soomin, findando, momentaneamente, aquele ato.

- Eu queria ter feito isso, desde a primeira vez que te vi...

- E, porque não fez? - Soomin estava com o sorriso frouxo.

- Por que até as flores, esperam a primavera.

Remember -- TaeGiOnde histórias criam vida. Descubra agora