JUNGKOOK
Aquela semana de provas foi, com toda certeza, a pior de todas. Não que eu me importe muito com isso, para mim, basta estar na média que já me dou por satisfeito, mas esse semestre os professores não estavam para brincadeira.
Já estava chegando no meu prédio, tudo que mais preciso é de um banho e da minha cama, espero que Jimin não esteja em casa, quero um pouco de paz, para variar. Parei na porta do meu apartamento, senti um cheiro estranho, cigarro, mas nem eu, e nem Jimin fuma, aquilo já me deixou em alerta.
Respirei fundo, tinha um canivete no meu bolso, o apertei com força, mas não tirei do lugar, acessível o suficiente para eu sacar com rapidez. Abri a porta com calma, tentando não parecer suspeito, o cheiro que vinha de dentro era, no mínimo, insuportável.
Do lado de dentro, o cheiro de cigarro era o menor dos meus problemas, minhas coisas estavam quebradas, jogadas pelo chão, o sofá foi rasgado, a mesa, raramente usada, teve suas pernas quebradas e o meio estava tão forçado, que envergou. Parecia que um tufão tinha passado ali.
Os quadros caídos, estilhaçados, havia manchas na parede, talvez fosse a água do vaso de flor, que enfeitava a sala, ou talvez pudesse ser alguma bebida, já que, minhas garrafas foram jogadas no canto do cômodo, onde havia uma poça de vinho, uísque e vodka. Aquela mancha nunca sairia do tapete.
Aquela bagunça não me deixava pensar direito. Será que fui roubado? Ou isso é obra de algum surto do Jimin? Não saberia dizer qual é pior. Eu já estava ficando zonzo, talvez pelo cheiro de álcool misturado com tabaco, mas acredito que só o fato da surpresa indesejada já bastava para me atordoar.
Ouvi alguns passos sob vidro quebrado, o barulho rangia no piso do carpete de madeira, me virei, atônito, pronto para lutar e enfrentar o culpado daquela devastação. Ou culpada, por um momento, cogitei que poderia ser Soomin, ela teria esse direito e não a condenaria. Tirei muitas coisas dela.
Para a minha surpresa e desespero, não era Jimin e nem tão pouco, Soomin, a silhueta de Mingi surgiu entre as sombras da pouca luz que tentava se esgueirar pelas frestas naquele sufocante apartamento.
Ele riu ao me ver. Eu deveria estar patético, com a mão empunhando um canivete mal amolado e cara de espanto, misturado com o assombro de toda aquela cena, era um prato cheio para ele.
Podia sentir minhas sobrancelhas juntas. Raiva, medo e uma ansiedade crescente. Meu semblante poderia me condenar com facilidade, se não fosse pela ausência de luminosidade no ambiente. Para a minha sorte, ou azar, só eu conseguia ouvir minha respiração descompassada, minha boca ficou seca e minhas pernas estavam rígidas a ponto de poder sentir o nervo da panturrilha repuxar. Aquele era o acerto de contas.
- Ora, ora, ora. Mas que apartamento adorável, você tem... Tinha. Que diferença faz? - Mingi falava em tom gélido e cortante, suas palavras rasgavam como a mais afiada faca. Ele iria me dilacerar.
- Você veio redecorar? - Tentei parecer relaxado, ainda que pudesse falhar nessa tentativa, não baixaria a cabeça assim.
- É um hobby, deveria ver minhas casas no The Sims.
Forcei um sorriso fraco, que deve ter parecido uma careta, eu ainda segurava o canivete com tanta força que, a ponta de meus dedos já estavam amareladas, a apertava como se minha vida dependesse disso. Um pensamento infantil demais, até para mim.
Mingi deve ter percebido que meu braço tremia, deu mais alguns passos em minha direção e foi quando notei, finalmente, que ele não estava sozinho. Havia mais dois caras com ele, sombras, eu não via seus rostos, apenas o contorno de seus corpos, o que me renderia bons pesadelos nas piores noites.

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Remember -- TaeGi
FanfictionDepois de uma louca madrugada de festa, tudo que Yoongi queria era se lembrar o que havia acontecido e quem era a pessoa com que ele teve uma estranha e prazerosa noite, mas a vida não pode parar e ele tenta retomar sua rotina com seus colegas de ap...