TAEHYUNG
Eu não tinha coragem o suficiente para falar sobre aquilo, mas estava ficando insuportável, Guinho já tinha percebido que eu estava diferente, eu não conseguia disfarçar o óbvio. Pedi para irmos ao quarto dele, eu não queria que mais ninguém ouvisse aquilo e estar em um lugar privado era menos amedrontador.
Guinho me olhava com tanta preocupação, ele fazia parecer como se eu estivesse mal atoa, eu sentia um carinho tão grande por ele, que eu realmente tinha medo dele nunca mais olhar na minha cara, eu corria esse risco.
- Eu quero contar tudo, mas você não pode me interromper, por favor.
- Claro, Tae. Eu vou ouvir e depois eu falo.
- Isso... Certo...
Eu estava do lado do Guinho, estávamos sentados na cama dele, sentia o cheiro do perfume que ele usava, era agora ou nunca, eu não tinha coragem, mas não era disso que eu precisava no momento, só por para fora e rápido.
- Nós fomos jogar, verdade ou consequência, eles distribuiriam vários copos com bebida para nós, toda rodada a gente bebia. Foram varias rodadas. O Hobi saiu de lá com um cara alto, eles pareciam animados e você estava de frente para mim, com o copo na boca, rindo, parecia se divertir. Estava muito lindo, na verdade. A garrafa girou e caiu eu e você. Eu tava muito doido porque, eu perguntei, "verdade ou consequência" e você respondeu, "verdade". Foi quando eu, sem pensar, nem nada, disse, "é verdade que você quer me beijar?"...
Guinho arregalou os olhos e pressionou os lábios, eu também não conseguia acreditar na minha cara de pau.
- Você sorriu e respondeu "aqui não". Não negou, mas queria privacidade, eu entendo, é a sua cara fazer isso... - Suspirei com calma - E como eu disse, eu estava muito doido. Eu te peguei pela mão e saímos da sala, o lugar mais privado que tinha naquela casa, eram os quartos, então fomos para um... O que você acordou.
Eu não sabia de onde estava vindo aquela coragem, mas estava vomitando as palavras sem controle, o olhar do Guinho me deixava nervoso, mas eu precisava continuar.
- Quando estávamos no quarto, você subiu na cama e... E você me olhou, depois, eu não sei como dizer isso, mas... nos beijamos... - Eu engoli seco, o primeiro peso saiu de mim - Eu perguntei, "você quer?" e você riu. Na minha cabeça perturbada, aquilo foi um 'sim' e... E...
Sentia que logo começaria a hiperventilar, o nervosismo chegou com tanta força que eu estava ficando sufocado, mas eu devia continuar, Guinho estava com a atenção presa em mim, ele queria saber e eu precisava falar.
- E aconteceu...
- Aconteceu? - Guinho não se aguentou quieto, eu também não me aguentaria.
- Nós... Nós, é... Nós dormimos juntos...
Guinho abriu a boca, os olhos arregalados, era como se não respirasse, ele rapidamente tentou se recompor, suspirou longamente e balançou a cabeça, aproveitei o momento para prosseguir.
- E meio que... Eu... - Caralho como era difícil contar as coisas com aqueles olhos me encarando - Eu disse a frase com sete letras... E... E você sorriu, me abraçou, me beijou e fizemos de novo, e de novo... E...
Meus olhos ardiam, sentia como se engolisse o choro, mas ele logo transbordaria, não me orgulhava do que tinha feito, mas comecei e iria terminar. Ele merecia verdade.
- Nós deitamos, provavelmente para dormir. Você ficou encostado em mim, me olhando e... E então, antes de você adormecer, você respondeu ao que eu tinha dito... Você disse também, a frase... E foi como se algo tivesse estalado na minha mente.
- Espera! Eu disse a frase? - Mais uma vez o Guinho não se aguentou.
- Disse. Disse e dormiu.
E aqueles olhos arregalados me confrontavam, parecia desacreditado, surpreso, tímido, confuso, eu conheço bem essa mistura sentimental, não tinha como julgar aquela reação.
- Bom... Depois disso tudo aconteceu muito rápido. Eu fiquei nervoso, eu percebi... Eu percebi o que tinha acontecido, o que eu tinha feito... O que eu fiz com você e eu peguei minhas coisas, me vesti e acabei guardando sua pulseira, segurei os sapatos em uma mão, você estava deitado, aconchegado, dormindo profundamente, não tive coragem de continuar ali. Então eu sai do quarto. Passei pelo corredor e eu trombei com a Soo. Ela estava bem, ela me olhou, sorriu e disse, "cade o Yoon?", meu estomago embrulhou e eu só queria achar um banheiro. E achei. Entrei em um quarto e vomitei, acordei no outro dia, no chão, sem meus sapatos, que perdi no corredor de um quarto ao outro.
Olhei para ele de canto e depois abaixei a cabeça, envergonhado, mas me sentia leve, foi muito bom por para fora tudo aquilo e agora era só esperar a reação dele, ainda que isso me deixasse em pânico.
Foram longos minutos com o silêncio nos abraçando com força, Guinho tinha que digerir tudo aquilo e poderia levar muito tempo, tudo bem, eu jamais cobraria que ele processasse aquilo rápido, ia ser no tempo dele, de verdade.
- Você viu a Soo antes do que aconteceu... Tinha alguém perto dela?
Eu suspirei profundamente para aceitar que, de tudo, ele estava mais preocupado com a Soomin.
- Ela estava sozinha quando eu vi ela. A verdade é que eu não reparei se tinha mais alguém, eu tava enjoado demais pra pensar e com... E com você na cabeça.
Guinho me encarou, ele deve ter percebido que eu não tinha mais nada na cabeça naquele momento, que o foco seria ele e nós. Passou as mãos no rosto e no cabelo, os fios loiros caíram, bagunçados, em sua testa. Completamente lindo.
- Nós ficamos, Tae.
- Sim... Eu... Me perdoa, Yoon...
Nossos olhos se encontraram, senti quando minha bochecha ficou molhada. As mãos dele tocaram minha perna, seu corpo estava projetado em minha direção, com o tronco torcido, ele apoiava em minha coxa, o que me deixava descompassado.
- Te perdoar? - Ele parecia confuso.
- Sim... Eu... Sinto muito e eu vou entender se você não quiser mais olhar na minha cara ou se afastar.
- Tae, pelo que, você está com medo de eu não te perdoar?
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Remember -- TaeGi
FanfictionDepois de uma louca madrugada de festa, tudo que Yoongi queria era se lembrar o que havia acontecido e quem era a pessoa com que ele teve uma estranha e prazerosa noite, mas a vida não pode parar e ele tenta retomar sua rotina com seus colegas de ap...