Eu preciso ver o Mingi

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- Estou recebendo muitas visitas ultimamente. Isso me deixa muito feliz.

- Você sempre recebe visitas, Nam.

Namjoon sorriu e deu passagem para a amiga entrar em sua fraternidade. Soomin havia passado a semana pensando em um jeito para se lembrar da noite da festa, tentou acessar as câmeras das ruas que cercavam a fraternidade do amigo, mas não deu em nada.

Fazendo algumas pesquisas, que não levaram a lugar nenhum, Soomin resolveu refazer os passos daquela noite, a forma tradicional funcionava, na maioria das vezes.

- Isso é verdade, mas é sempre bom ver uma velha amiga, bem e com uma aparência tão saudável. - Namjoon suspirou e olhou em volta. - Eu confesso que foi uma surpresa saber que você ia querer voltar aqui, depois de... Bom, você sabe.

- É bom te ver também, se bem que fiquei sabendo que você e o Jaebeom estão cada vez mais melosos. - Soomin deu um sorriso pequeno para ele, gentil e delicado - Eu falei com você porque preciso ajudar uma pessoa e isso implicava estar aqui.

- Os meninos estão nos quartos, mas é só bater, eles são educados quando estão sóbrios. Fique à vontade, e se precisar de ajuda, só me chamar.

- Obrigada mesmo, Nam.

- Que isso. Vou estar na cozinha, fazendo um lanchinho. Se precisar, já sabe.

Soomin continuava sorrindo, tentava manter o medo de lado, mas estava difícil ignorar o efeito que aquele ambiente causava nela, ter voltado ali foi um grande erro ou o melhor dos acertos. Ela pegou o celular e segurou firme na mão, sabia o que fazer quando o autocontrole não fosse o suficiente.

Namjoon a deixou sozinha, por mais que a casa fosse grande, parecia pequena e sufocante para Soomin, naquele momento, era como se as paredes começassem a se fechar, tudo girava no sentido contrário. O cheiro era a única coisa agradável: lavanda.

Era estranho pensar que aquele era o mesmo lugar que foi palco de uma festa com tantas pessoas e um suposto acidente. Soomin andou pelo lugar, tentava capturar todos os detalhes, atentamente, colocou uma mão na parede e deixou que ela deslizasse pela superfície enquanto andava.

Ela foi a passos lentos, passeando pela casa, chegou perto da sala, onde aconteceu o jogo de verdade ou consequência, foi quando os primeiros flashes começaram. Pouco a pouco. A música. Os cheiros. Os sons altos. As conversas. Os amigos. A respiração de Soomin começou a ficar descompassada, completamente acelerada, assim como seus batimentos cardíacos.

O corpo dela reagia cada vez que uma memória era desbloqueada em sua mente, o que custava caro para seu organismo, que administrava tudo como podia, mas não era o suficiente. O lugar podia ser uma simples casa aos olhos de quem vê de fora, mas ela se sentia no próprio inferno.

Soomin controlava como podia o pânico crescente, mas não evitou quando seu corpo foi, quase de modo automático, para a escada, sua trêmula mão segurou no corrimão, deu um passo de cada vez, nos degraus, e durante a subida foi transportada novamente para aquela noite.

A respiração dela estava ofegante, completamente pesada em seu peito, quanto mais tentava buscar ar, menos ele entrava em seus pulmões, agarrou com força o corrimão, mas não ia parar, as memórias voltavam como raios em uma noite de tempestade forte. Estava suando frio, com a boca seca e as pernas fracas.

Soomin sentou no chão, quando chegou no topo da escadaria, colocou as mãos na cabeça, ainda segurava o celular, sentia como se martelassem dentro de seu crânio. Aquilo foi mais fácil do que ela imaginava, voltar ali funcionou, mas entendia o motivo por ter ignorado aquelas lembranças, era um quebra-cabeça maldito, uma visão amaldiçoada.

As lágrimas transbordavam de seus olhos, cobriu o rosto deixando o choro lavar toda aquela angústia trazida pelas memórias, seus ombros se mexiam pela respiração desequilibrada e o som daquele momento era abafado pelos lábios pressionados com força.

Ela pegou o celular, totalmente abalada e sem jeito, e ligou para seu contato de emergência, rezando a qualquer um dos deuses para que ele atendesse imediatamente.

- Soo?

- Jo... Você pode vir aqui?

- Soo! O que aconteceu? Que voz é essa? Onde você está?

- Eu estou... Eu vim no Namjoon. Aqui na fraternidade... Por favor... Você pode vir aqui?

- Espera. Onde foi a festa? Você foi sozinha?

- Eu precisava...

- Olha, eu estou chegando, me dá cinco minutos, ok? Respira fundo, estarei aí!

- Tá bem... Obrigada...

- Até já!

Soomin desligou a ligação, enxugou o rosto, passando as mãos nos olhos e nas bochechas, o nariz entupido, o que dificultava respirar fundo, como Hongjoong havia lhe instruído, mas tentaria.

Até ele chegar, tinha tempo para se acalmar, ficou com a cabeça baixa, tudo doía, seus músculos estavam tensos e incomodando, Soomin podia sentir partes de seu corpo que nem sabiam que poderiam doer, principalmente seu quadril, esse era o ponto que mais a perturbava. Ficou concentrada em sua respiração, inspirava profundamente e soltava o ar, devagar, pela boca, já tinha perdido a noção do tempo.

Levou um enorme susto, quando sentiu uma mão tocar na lateral de seu braço, com cuidado, o que fez ela endireitar a coluna em um sobressalto, vendo as duas figuras em sua frente.

- Hey, sou só eu... - Hongjoong disse baixo. - E eu conheci o Namjoon.

- Jo! - Soomin disse aliviada e se levantou, abraçando ele.

- Seu namorado apareceu aqui e eu acho que ele era o único cara desse campus que eu não conhecia. - Namjoon disse sorrindo e entregou um copo com água para Soomin - Aqui, eu peguei pra você.

- Aqui... - Hongjoong pegou o copo e ajudou ela - Eu falei três vezes pra ele que não sou seu namorado, mas ele não acreditou.

- E continuo sem acreditar. - Namjoon sorriu, olhando para os dois - Eu vou deixar vocês conversarem, vou estar na cozinha, qualquer coisa me gritem.

- Obrigada, Nam. - Soomin disse, depois de tomar um gole generoso de água.

- Obrigado, Namjoon. E, novamente, foi um prazer te conhecer. - Hongjoong sorria, verdadeiramente aliviado.

Namjoon desceu as escadas, sorrindo, deixando eles sozinhos ali. Hongjoong segurou os braços de Soomin, nas laterais, com cuidado e ternura, seus olhos repousaram sob ela.

- Como você está, Soo? Me matou de susto, por que não me chamou? Eu vinha aqui com você. - Ele tentava se manter calmo.

- Estou bem. Eu precisei vir, Jo, aqui foi onde tudo aconteceu. Era minha última saída. Eu... Eu lembrei de tudo, Jo! Eu sei o que aconteceu naquela noite. - Soomin falava parecendo que estava bêbada.

- Soo, eu...

- Eu preciso ver o Mingi! 

Remember -- TaeGiOnde histórias criam vida. Descubra agora