capítulo 4: histórico surpreendente

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Três dias depois, o garoto misterioso era o assunto do momento. As garotas descarregavam o quanto ele era lindo pelos corredores e eu tinha que aturar Madison e as outras falando sobre ele.

— Segundo minhas fontes, ele se chama Aaron James. É bolsista, tem uma banda, fez 18 recentemente e está no último ano.

Boquiaberta, observei Madison.

— Isso está começando a virar obsessão. O que um simples bolsista tem demais?

— Beleza é o que não falta. — Donna comentou, e revirei os olhos.

— Falando nisso, andei dando uma pesquisada extensa e fiquei sabendo que... — Janet abaixou sua voz para um sussurro. — Ele já foi para o reformatório.

Ampliei meus olhos, mas não disse nada.

— Nossa! – Mia ficou abismada.

O que Aaron pode ter feito de tão grave?

— Por quê? — Raylee questionou.

— Tem haver com seu pai ou algo assim. Aaron foi acusado de assassiná-lo.

— Assassinato? — dessa vez não consegui conter o susto.

Dessa vez entendi que Aaron não parecia ser o tipo de cara com quem uma pessoa em seu estado normal mexeria. Ele era pura encrenca.

— Sim, mas ele não chegou a matar o pai. Saiu até na internet e jornal na época. Segundo minha mãe, foi uma confusão. Ele tinha 14 anos e acabou batendo no pai com um taco de baseball para defender a irmã pequena do ataque do pedófilo. Mas o homem já estava morto quando caiu. A causa da morte foi overdose.

Fiquei abalada com essa história. Aaron realmente tinha um histórico terrível de traumas. Mas senti certa empatia por ele ao descobrir que esteve disposto a tudo para defender sua irmã. Talvez ele não seja tão ruim...

— Provaram a inocência de Aaron depois de ele ter passado um mês no reformatório.

— Nossa, eu não imaginava.

— E não acaba por aí. Ele voltou para o reformatório aos 16 anos, mas também não passou muito tempo.

— Outra vez?

— Mas não foi grave dessa vez. Só pichações em patrimônios históricos, corrida ilegal e baderna noturna, além de consumo de álcool. — disse como se fosse pouco. — Aliando tudo isso em uma única noite, ele acabou sendo detido com mais alguns caras. Segundo meu namorado que os conhece, Aaron e os outros não passaram muito tempo no reformatório e saíram. — Janet completou, enquanto procurava seu livro no armário.

— Seu namorado é amigo deles?

— Não, apenas frequenta as mesmas festas. Jordan já conhecia Aaron muito antes que ele entrasse na escola. O bolsista era bem popular lá fora, sobretudo por fazer merda. Mas parece que Aaron já não é o mesmo arruaceiro de antes.

— Mas como o admitiram nessa escola com esse histórico?

— Entenda como as coisas funcionam por aqui, Juliet. — disse, retirando uma mexa de seu cabelo castanho do rosto. — Assim que Aaron se inscreveu para a bolsa de estudos, Terry Marsh, dono dessa escola decidiu admiti-lo, provavelmente para mostrar que ainda pode acolher um jovem anteriormente desprezado pela sociedade e que agora procura meios de mudança. Aaron é bem conhecido da mídia de Chicago por seus delitos, mas também por seu ambiente familiar nada saudável.

— Parece que Terry Marsh vai se candidatar a prefeito no próximo ano. — continuou. — E como Aaron conseguiu a pontuação necessária para a bolsa de estudos, o senhor Marsh provavelmente viu nisso a chance de se promover. Já viu a principal manchete recente do jornal de Chicago? — neguei com a cabeça e ela leu algo em seu celular. — Ouça só: o senhor Marsh, dono de uma das maiores escolas de elite do país mostra sua benevolência ao acolher o jovem Aaron James, dando-lhe uma chance de reintegração quando ninguém mais deu. Isso beneficia a imagem do senhor Marsh, sobretudo no meio político.

Fiquei impressionada.

— Você é tão esperta, Janet. Eu não sabia disso.

— Nem eu... — Madison disse.

— Mesmo assim vocês não deviam dar tanto ibope ao James.

— Mas o James é o assunto mais quente do momento. — Madison murmurou.

— Não sei se você lembra, mas ele me humilhou na segunda!

— Vamos esquecer isso. — fez um gesto com as mãos. — Acho que não foi de propósito.

— Não foi de propósito? É obvio que foi de propósito. Ele tinha tantos caminhos para percorrer e foi passar justamente naquela poça d'água.

— Madison tem razão, Juliet. Acho que ele não fez por mal. — Raylee comentou.

Suspirei frustrada, cansada de rebater.

— Se tivermos sorte, o veremos por aqui. — Mia sorriu e eu bufei, seguindo-as para a sala de aula.

— Vamos para a aula e, por favor, não falem desse garoto perto de mim, eu imploro.

— Tudo bem, Ju. — Madison sorriu. — Vamos respeitar sua opinião sobre ele, apesar de não concordarmos.

Eu lhe lancei um olhar frustrado e ela encolheu os ombros, mudando de assunto.

Para Sempre, JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora