O céu parecia tão sombrio naquele instante.
Muito sombrio.
Eu soluçava baixinho enquanto minha mãe fazia uma ligação...
Para meu pai.
— Nossa filha está grávida, Eric! — disparou com indignação para o homem do outro lado da linha. — Pare de chorar agora! — me lançou um olhar de desprezo e mal se importou com o olhar do motorista que escutava tudo.
Detectei o olhar de pena de Peter pelo retrovisor.
Tentei amenizar o choro, apenas olhando para fora enquanto minha mãe continuava explodindo no telefone e o carro percorria aquela rodovia movimentada.
Eu sabia que minha vida se complicaria desde que saí daquele hospital; desde que mamãe ficou sabendo de tudo. Meus pais nitidamente odiariam a ideia da minha gravidez.
Eu só não imaginava que seria tão ruim.
Senti meu rosto arder quando fui esbofeteada pela terceira vez seguida.
O gosto metálico marcou meus lábios e as lágrimas rolavam quando papai levantou a mão para um quarto tapa forte.
— Pare com isso, Eric. — mamãe gritou com voz de comando para ele. Era a primeira vez que ela o desafiava dessa maneira.
Isso não amenizou muita coisa.
Papai estava lívido.
Sua carranca era assustadora.
Ele havia saído do trabalho justamente para conversar comigo assim que soube do segredo que eu tentei guardar com tanto cuidado.
— Apenas faça o que tem que fazer sem precisar partir pra violência. — ele a encarou enquanto me segurava pelos ombros. — Por favor.
Em uma situação como essa, imaginei que o olhar da minha mãe seria acolhedor, compassivo. Quem eu estava querendo enganar? Apenas recebi um olhar gélido, sem acolhimento.
— Não se rebaixe tanto, querido. — mamãe completou.
Ela nunca foi uma mãe.
Meu pai agarrou meu cabelo fortemente em sua mão e puxou os fios enquanto falava:
— Menina maldita. — cuspiu e estremeci. — Você sabe que arruinou tudo com os Daniels e não tem como voltar atrás. De toda forma eu sempre soube que você continuava com aquele marginal. Acha mesmo que eu acreditava nas suas mentiras, como pretexto para se encontrar com ele? Aquela sua amiga... Madison me contou tudo. — riu sem humor. — Só esperei para ver onde tudo isso ia acabar e aqui estamos nós, certo?
— Papai. — solucei em desespero. — Me perdoa.
— Cala a boca! — gritou e chorei mais alto. — Eu devia te dá uma surra prolongada. — de repente, me empurrou com tanta força que acebei despencando contra o piso. — Mas apenas mandá-la para longe será o suficiente.
Sentada, eu o encarei enquanto ele se sobressaia sobre mim.
— A partir de hoje você está deixando de ser uma Connelly. — sentenciou, assustando-me. — Não faz mais parte desta família, ouviu bem?
— Não faça isso comigo, papai. — implorei e fiquei de pé com dificuldade. Meu rosto estava muito dolorido. — Mamãe, me ajuda. — Tentei me aproximar dela, mas ela fez algo que me destruiu. Mamãe recuou alguns passos, observando-me como se olha para uma completa estranha.
Eu estava sem saída.
Encurralada.
Eu queria acreditar que tudo não passava de um sonho terrível, mas sabia que estava vivendo a realidade. Uma dura e fria realidade.
Abaixei a cabeça chorando e só ergui novamente quando ouvi um barulho conhecido.
Uma das empregadas apareceu arrastando uma mala. Minha mala.
Ela a colocou perto de mim.
Encarei meu pai mais uma vez.
Meu coração estava muito acelerado.
— Papai, não faça isso.
— Saia da minha casa! — ordenou, fazendo-me empalidecer. — Vá procurar aquele marginal. Ele pode te dá assistência. Eu não!
— Por favor...
— Saia agora! — apontou a porta. — Aproveite que estou tendo misericórdia o suficiente para deixar que Peter a leve para onde você quiser. Apenas saia da minha casa. Suma da minha frente! — gritou a última parte, assustando-me.
Estremeci, segurando a mala.
Sem outra opção eu fiz o que ele queria.
Saí daquela casa.
Com poucos pertences e um coração quebrado.
Sem um abraço acolhedor ou palavras dizendo que "está tudo bem".
Sozinha.
Como uma criança abandonada.
No fundo era isso que eu era.
E eu chorava o tempo inteiro.
Mas nenhuma lágrima era o suficiente para atenuar esse vazio no meu peito.
Meus pais tinham me desprezado como Mia deduziu.
Eles não eram bons pais.
💔
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Para Sempre, Juliet
RomanceAaron James foi o grande amor da vida de Juliet Connelly. Na escola, a faísca surgiu assim que seus olhos se encontraram e o desejo foi insano... E proibido. A adolescente rica, que nunca aborreceu seus pais, se envolveu com o bolsista tatuado e mis...