capítulo 51: sobre mentiras que machucam

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Minutos depois, adentrei outro hospital; este bem diferente do último.

A tecnologia e detalhes exagerados estavam por toda parte. Quase não se parecia com um hospital; assemelhava-se mais a um hotel de luxo. Imaginei que o responsável pela transferência de Juliet tinha muito dinheiro.

Muito.

Eric ou Margaret? Algum outro parente?

Eu iria descobrir.

Após me informar sobre o paradeiro de Juliet na recepção e obter alguns detalhes de maneira estranhamente fácil, segui por um enorme corredor no terceiro andar do prédio.

Caminhei com passos rápidos e me surpreendi ao ver dois seguranças em frente à sala onde Juliet supostamente estava. Como assim? Que porra era essa?

— Preciso entrar. — eu disse para um dos caras, sério.

Ele me encarou firmemente. — Sem autorização, não poderá acessar esta sala.

Eu me irritei em seguida.

— Não seja tão intransigível, Klaus. — disse uma voz em tom sarcástico antes que eu pudesse rebater. — Ele apenas está preocupado com a namoradinha.

Eu me virei já imaginando de quem se tratava.

O próprio Eric Connelly estava na minha frente.

Era a primeira vez que o via tão de perto. Nunca tínhamos nos falado antes, mas eu já sentia a raiva borbulhar ao olhar para a cara dele. Ele não me passava nada de bom. O olhar zombeteiro e postura soberba me enojaram. Além disso, ele tinha magoado Juliet, então eu sentia vontade de partir a cara dele.

Você também a magoou. — minha consciência me advertiu e senti a culpa ainda mais forte dessa vez.

— Então você é o famoso Aaron C. James? — meditou diante do meu silêncio. Eu via a expressão de julgamento em seus olhos enquanto me avaliava.

— Chega de conversa. Preciso ver Juliet. — eu disse firme, não desviando o olhar. Cruzei os braços. — Por que não pede para um desses caras liberar o caminho?

— Vejo que é um jovem arrogante. — sorriu sem humor. — Estou tentando entender como Juliet pôde se interessar por alguém do seu... tipo.

— Você não precisa entender nada. Só me deixa entrar. Não vou pedir outra vez. — eu disse ameaçador. — Aliás, por que transferiu Juliet para cá? Com que direito você...?

— Eu sou o pai dela.

— Um pai de merda, certo? — meu tom irônico o irritou. — Por que um cara que expulsa a própria filha grávida de casa não merece ser chamado de pai.

— E o que podemos dizer de um moleque que não cuida de sua própria mulher e filho, mas ao invés disso decide farrear até tarde enquanto a adolescente sob sua responsabilidade está tendo um aborto?

Senti a culpa martelar imediatamente e Connelly percebeu porque esboçou um sorrisinho desprezível.

— Preciso vê-la. — mudei de assunto.

— Sim, entendo. Mesmo com os insultos anteriores, eu o deixarei vê-la. Considere isso uma oferta de paz. — disse com falso bom humor e franzi o cenho. — Mas saiba que Juliet não deseja vê-lo depois que... você sabe.

Tinha algo mais profundo em suas palavras.

- Eu fui um irresponsável, mas Juliet tem um bom coração. Ela vai me perdoar...

— Se eu fosse você não estaria tão convencido, afinal por que acha que eu a transferi para cá tão facilmente?

— Você a obrigou. — deduzi imediatamente.

Para Sempre, JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora