capítulo 70: pontas soltas

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Horas depois...

Aaron

Após um banho demorado e depois de vestir uma calça e camiseta escura, saí do quarto ao ponto de ver uma figura caminhando pelo corredor em direção ao banheiro no final dele.

Minutos depois, Juliet reapareceu vestida em uma calça jeans e blusa branca de alças. Seus cabelos estavam soltos e caiam em ondas pelos seus ombros.

Era impressionante como Juliet não precisava de muito enfeite pra ficar bonita... Não deixei que ela percebesse minha apreciação e logo disfarcei com um pigarro.

Ela ergueu seu rosto com um olhar surpreso e ficamos nos encarando por um tempo, até eu encerrar aquela situação constrangedora.

— Já está indo pra casa?

— Hm... sim. — estranhou meu interesse.

— Eu te levo.

Juliet abriu a boca, chocada.

Eu realmente a tinha surpreendido.

Estranhei quando seu semblante ganhou um tom de pânico.

— Oh... não precisa. Vou de ônibus.

Por que ela estava negando? Por que preferia ir pra casa de ônibus ao invés de pegar uma carona no meu carro? Estranho! Aquilo não combinava com o perfil esnobe que ela tinha revelado naquele hospital anos atrás.

Outra garota no lugar dela ficaria ansiosa pra andar no meu carro.

Juliet parecia apenas assustada com a possibilidade.

— Posso te levar. — insisti.

— Realmente não precisa, obrigada. — disse, olhando para baixo. — Eu tenho que ir agora. — suspirou e passou por mim, parecendo ter pressa.

Desconfiado, lembrei-me do episódio de mais cedo.

Raylee não nos acompanhou no passeio com a banda. Decidiu ficar no meu apartamento. Recordei que era amiga de Juliet na época da escola, então devia saber de alguma coisa. Minha suspeita se acentuou quando vi o estado das duas quando retornei para o apartamento. Pareciam abaladas... os olhos inchados, nervosismo evidente.

Era fácil identificar a expressão de alguém que estava escondendo algo.

Aquilo me deixou pensativo pra caramba.

Juliet pegou sua bolsa e saiu rapidamente do apartamento. Mal me olhou e aquilo me deixou com a pulga atrás da orelha.

Sem pensar duas vezes, procurei os documentos de sua admissão no meu quarto. Encontrei um papel com seus dados pessoais, como informações de contato e endereço.

Endereço.

Com essa informação em mãos, esperei alguns minutos antes de sair de casa.

Peguei o carro no estacionamento, acionei o GPS e logo estava dirigindo pelas ruas movimentas de Chicago.

Viam-se muitos arranha-céus ao longo do caminho, mas de repente isso não era a visão prioritária. Construções impressionantes deram lugar a casas simples e infraestrutura precária. Quase lembrava o bairro onde morei na infância e adolescência, mas aquele era pior.

Com o cenho franzido, adentrei a área onde Juliet morava.

Um lugar bem diferente da mansão onde viveu com seus pais. Muito. Mas considerando as circunstâncias atuais, eu entendia. Juliet já não podia manter a vida luxuosa de antes por conta da falência de seu pai. Era evidente que sua mãe não dava assistência, então ela morava sozinha ali? Com Eric?

Estacionei o carro escuro a poucos metros da casa que o GPS apontava como sendo de Juliet. O endereço estava correto.

Era ali que Juliet se escondia.

Foi surpreendente constatar onde ela morava agora.

Ela tinha vergonha de morar ali? Foi por esse motivo que não quis que eu a levasse?

Aquele lugar parecia perigoso e me xinguei por estar preocupado. Por que diabos eu estava preocupado? Juliet deveria ser página virada, mas... algo estava errado. Muito errado e eu iria descobrir.

A casa ficava ao lado de outras moradias com o mesmo perfil precário. O bairro todo era precário e desci o vidro da janela do carro.

Persianas cobriam as janelas da casa, mas uma luz estava acessa lá dentro.

Pelo horário, Juliet já devia está em sua casa.

A escuridão noturna já tinha tomado conta das ruas.

Com o cenho franzido, peguei meu celular e procurei o número do Timmy após subir os vidros da janela novamente.

Ele atendeu em seguida.

— Ei, cara. — disse animado. — Algum problema?

— Sim, preciso descobrir uma coisa importante. — suspirei.

— Do que se trata?

— Você conhece algum investigador particular bom?

Timmy frequentemente tinha contato com essas pessoas, por conta do seu trabalho e dos cuidados com a banda. Ele era um cara de muitos contatos importantes.

— Sim, conheço. — disse rapidamente. — Gregory Chapman é um ótimo profissional. Ajudou-me com relação à Amy e outros assuntos. Vou te passar o contato dele. Olha sua caixa de mensagens.

— Tá ok. Vou olhar.

— Boa sorte em sua busca. — Timmy parecia curioso, mas não fez perguntas. Ele não era um cara intrusivo. Por esse motivo era tão respeitado por mim e pelo restante da banda. Ele sempre conseguia meios de ajudar sem precisar ser inconveniente.

— Valeu pela ajuda, Timmy.

— Disponha. Estou aqui para o que precisar. Boa noite, A.J.

— Boa noite. — disse e desliguei.

Com um profundo suspiro, encarei a casa simples mais uma vez. Nem sinal de Juliet ou outra pessoa.

Eu devia ir lá?

Juliet ficaria surpresa? Me expulsaria?

Pela sua reação recente, ela não gostaria de me ver por ali.

Peguei o celular mais uma vez e fiz uma ligação.

— Boa noite. Gregory Chapman falando. No que posso ajudar?

— Boa noite. Aqui é o A.J. Consegui seu número com Timmy e soube de seus serviços. — ele ouvia atentamente. — Estou disposto a pagar uma boa grana se você me ajudar a encontrar alguém.

— Quem você quer que eu encontre? — pelo seu tom de voz, ele aceitaria.

— Eric Connelly.





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Boa Madrugada!

Para Sempre, JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora