capítulo 52: rondando

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Dois dias depois...

Eu finalmente estava longe da supervisão dos meus pais ou das empregadas.

Decidi aproveitar o momento.

Em meu velho quarto, fiz a ligação antes que papai decidisse tomar meu celular.

Jason Archer atendeu em alguns instantes.

— Alô.

— Juliet?

— Sim.

— O que houve? — estranhou. Depois de um instante, ele disse: – Aaron está mal. Ele me contou o que rolou entre vocês. — confessou com raiva na voz.

Senti um aperto no peito.

Sim, eu imaginava que Jason devia saber. Aaron era seu melhor amigo. Eu acreditava que não existiriam segredos entre eles. Por isso entrei em contato.

— Imagino. Ele está melhor?

— Nem um pouco.

Outro aperto.

— Aliás, por que você está ligando? — perguntou diante do meu silêncio.

— Estou entrando em contato porque... porque me preocupo com Aaron. E como você é amigo dele, quero que se certifique que ele não faça nenhuma... besteira.

— Tipo se matar? — esfriei por dentro ao imaginar algo assim. — Não. Aaron não seria capaz. Ele já passou por muita coisa ruim na vida. Se quisesse, já teria feito isso.

— Eu só me preocupo.

— Tem certeza? Mesmo depois que destruiu a vida do cara? — disse com cinismo.

— Jason, não foi de propósito. Na verdade, há algo por trás, algo maior que não posso revelar, mas Aaron não pode saber disso por enquanto. — eu disse aflita e ele ficou em silêncio. — Não posso contar muito, então peço que cuide do Aaron. Por favor. Cuide dele. — minha voz ficou embargada no final.

— Você... — ele fez uma pausa. — Você não queria machucá-lo, certo?

— Nunca quis, mas foi necessário para o bem dele. Não posso explicar agora, mas peço que cuide do seu amigo e não conte que entrei em contato. Cuide dele. Eu me preocupo. Se não me importasse, não estaria entrando em contato.

— Eu vou cuidar, Juliet. Pode deixar.

— Muito obrigada.

Ele fez uma pequena pausa.

— Por nada. Adeus.

— Adeus.

E então desliguei antes que papai ou outra pessoa me flagrasse realizando a ligação.


#*#

Aaron

Em menos de duas semanas a banda já estava tocando em alguns lugares. Era como se um bloqueio tivesse sido quebrado e a realidade começou ,a mudar.

A banda estava indo bem, mas...

Eu estava uma merda.

Bebia mais do que era capaz de suportar e quase não conseguia manter os olhos abertos por conta do consumo de maconha. Fumava tanto que mal conseguia abrir os olhos enquanto cantava em algum clube ou bar.

Jason e os outros caras pareciam preocupados, sobretudo depois de saberem acerca da minha situação com Juliet, mas isso não importava.

No fundo eu desejava ficar anestesiado.

Precisava esquecer.

Aleta tentou me beijar após FAL se apresentar em um clube qualquer no sábado. Eu estava tão bêbado que mal conseguia ficar de pé, mas então me dei conta do que se tratava e a empurrei. Ela me xingou de diversos nomes e saiu contrariada. Não me importei.

Dias depois, bebi pra caramba em uma festa, mas não consumi outras drogas ou fiquei com garotas que se ofereciam descaradamente.

Eu me sentia péssimo.

Jason se sentou ao meu lado no sofá enquanto o barulho estremecia as paredes do apartamento e as pessoas ao redor pareciam bêbadas.

— Você não está bem. — deduziu.

— Agora que percebeu? — questionei com ironia.

— Sério, cara. Você tem que parar com isso. Essa autodestruição é uma merda.

— O que é isso, Archer? Veio me dá lição de moral?

— Sim, eu vim. Você precisa se controlar, porra! Você nunca agiu assim. Sempre foi controlado pra caramba. Até mais do que eu. Mas agora...

— Estou na merda. — completei por ele.

— Olha pelo menos para o lado bom: a banda está voltando a fazer o sucesso de antes. Estamos faturando bastante. Saímos do vermelho e isso é bom. Você nem precisou mais das corridas.

— Hm. — resmunguei.

Ele me encarou, balançando a cabeça enquanto eu levava uma garrafa quase vazia à boca.

— Você bebe isso como se fosse água. — disse incrédulo. — Porra, até me superou.

— Dane-se. — resmunguei, e Jason soltou um suspiro frustrado. — Desde que começou a namorar, você se tornou praticamente um santo. — zombei.

Antes que eu pudesse dizer outra coisa, ele tomou a garrafa das minhas mãos.

— Chega de álcool por hoje, James. Apenas aproveite a festa sem entrar em coma alcoólico. — disse, afastando-se enquanto eu o fuzilava com os olhos.


#*#


Dia seguinte, eu observava o enorme portão de ferro que isolava a mansão dos Connelly.

Eu não consegui vê-la e mais uma vez me xinguei por estar ali.

Merda, ela deixou bem claro que não me queira mais, porém...

Ali estava eu...

Rondando a mansão como um ser humano patético.

Eu era realmente um fracasso.

Era a minha segunda visita ao lugar, mas eu ainda não tinha visto Juliet. Ela não atendia o celular e eu deduzi que já não usava o mesmo ou tinha me bloqueado. Tentei sondar Raylee e nada também.

Nem sinal dela.

Frustrado mais uma vez, segui para a moto e decidi sair dali.

Prometi a mim mesmo que não voltaria mais.





MARATONA 3/5





Para Sempre, JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora