Para Sempre, Juliet

capítulo 77: montando o quebra-cabeça

Juliet

Deixei que os soluços falassem por mim.

Minha cabeça estava um caos, considerando os acontecimentos recentes.

O semblante espantado das pessoas naquele ônibus seria cômico se meu mundo não tivesse acabado de desabar.

Paguei a passagem com o dinheiro que encontrei no bolso da minha calça jeans. Após a breve viagem, desci do veículo praticamente sem forças enquanto caminhava até minha casa. Andei alguns metros da parada até a casa simples mais a frente e não sei de onde tirei forças para fazer isso.

Eu me sentia ferida, extremante triste.

Eu tinha feito amor com Aaron. Em seguida, ele tinha me tratado de maneira horrível após deduzir coisas falsas sobre mim. E com o desabafo depois, tudo piorou. Em nossa discussão intensa, quase revelei tudo a ele. Mas então fiquei com medo. Medo de que não acreditasse em mim e ficasse com mais raiva ainda.

O cerco estava se fechando. Eu teria que expor meu segredo muito em breve. Revelar cada detalhe... mas ainda não estava preparada.

Eu estava com medo.

Medo da sua reação.

Medo de perder o controle de tudo. Mas pelo visto eu já tinha perdido o controle faz tempo.

Prendi o choro para que não assustasse Zion ou minha tia quando entrasse em casa. Bati na porta, esperando que tia Rô abrisse logo.

A rua parecia deserta e já era noite, então não era bom ficar ali.

Tia Rô não abriu.

Franzi o cenho, abalada, e então girei a maçaneta da porta.

A porta estava destrancada.

Considerando a periculosidade do bairro, tia Rô não costumava esquecer a porta dessa forma durante aquele horário e estranhei o silêncio.

Meus olhos assustados mapearam a casa e senti uma palpitação no peito.

Onde estava tia Rô? E meu filho?

— Tia? Zion? — chamei, aflita, enxugando minhas lágrimas recentes com a mão. — Onde estão vocês?

Eu me virei quando ouvi passos seguindo em direção à sala onde eu estava.

Soltei um suspiro alto quando vi Zion correr em minha direção, aparentemente ansioso.

Com profundo medo, abracei meu menino após pegá-lo nos braços.

Ele parecia assustado e fiquei muito preocupada.

— Cadê a tia Rô, bebê?

Eu conseguia ouvir o barulho da TV, provavelmente sintonizada em um desenho.

— Titia dormiu. — Zion deitou a cabeça em meu ombro, chateado.

Dormiu?

Minha confusão se acentuou e fiquei preocupada.

— Onde ela está?

— Bem ali, mamãe. — apontou a cozinha e segui até lá rapidamente.

Minhas pernas quase falharam quando me deparei com a cena a minha frente.

Tia Rô estava deitada no piso da cozinha, desacordada.

— Meu Deus!

Coloquei Zion no chão e o mantive próximo, enquanto checava o estado da minha tia. Constatei imediatamente que ela estava desmaiada. Queda de pressão? Algum problema relacionado à sua arritmia cardíaca?