capítulo 47: perdendo alguém

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Eu não sei como fiz isso de maneira tão rápida, mas quando me dei conta já estava discando o número da emergência.

Minha cabeça estava a mil pela preocupação. As lágrimas molhavam meu rosto sem parar e a cólica era muito intensa.

Por favor, Deus, proteja meu filho!

Orei em meio à aflição e agradeci quando em poucos minutos uma ambulância estacionou em frente à casa. Fui auxiliada por profissionais até que estivesse dentro dela.

Com rapidez, pedi que um dos profissionais trancasse a porta da casa para mim e ele me devolveu a chave após fazer isso. Enfiei o objeto dentro da pequena bolsa que estava comigo, onde também guardei o celular e documentos. Mesmo com a dor, providenciei estes pertences enquanto a ambulância ainda não havia chegado.

Um filme se passava em minha cabeça conforme eu seguia para o hospital e eu só conseguia pensar no pequeno ser em minha barriga. Um profundo vazio preenchia meu peito e orei para que meu filho ou filha estivesse bem, mesmo que algo me dissesse que isso era meio difícil depois do sangramento.

Eu sabia que estava tendo um aborto e o pensamento me aterrorizada. Chorei enquanto me lembrava da discussão com Aaron e lamentei também por essa situação complicada. Eu estava profundamente triste e me sentindo sozinha.

A socorrista que estava ao meu lado percebeu meu semblante e tentou me consolar, informando que o hospital para onde eu estava indo era muito bom e fariam o possível para evitar que algo pior acontecesse. Enquanto ouvia suas doces palavras quase não vi o tempo passar e agradeci pelo conforto quando desci da ambulância.

Logo depois fui levada para o interior do hospital e imediatamente estava cercada por pessoas que poderiam me ajudar.

Você perdeu seu bebê. — algo ruim me dizia isto, mas me apeguei a um fio de esperança.

Eu precisava acreditar que ficaria tudo bem ou enlouqueceria.

#*#

Eu despertei algum tempo após apagar.

Eu me lembrava de ter conseguido ser atendida e de ter, nesse meio tempo, avisado Abigail sobre meu estado através de uma rápida ligação telefônica. Ela ficou assustada quando relatei o que havia sucedido, mesmo que eu tenha feito um resumo acerca dos principais acontecimentos. Felizmente consegui dizer o nome do hospital antes de tudo escurecer e a letargia tomar conta do meu corpo e mente.

Isso aconteceu provavelmente pela dor que se tornou excessiva enquanto eu era medicada e pelo meu aparente estado de preocupação. Uma coisa aliada a outra me levou ao desmaio e quando me dei conta já estava em uma outra cama de hospital.

As cólicas haviam desaparecido.

A dor emocional continuava lá, mas a dor física havia me abandonado.

Toquei minha barriga com cuidado e soltei um alto suspiro de alívio quando senti o conhecido inchaço de quase cinco meses. Eu senti imediatamente que meu filho não havia me deixado e as lágrimas logo rolaram outra vez. Não por um motivo ruim.

Mesmo assim eu precisava de uma confirmação concreta. Precisava falar com a pessoa que me atendeu.

Após não encontrar qualquer pessoa por perto, meus olhos mapearam aquela sala de hospital sofisticada com curiosidade e um misto de espanto.

Logo cheguei à conclusão de que não estava na mesma sala de hospital em que havia sido colocada antes de apagar. Não. Esse novo lugar parecia bem diferente. Assemelhava-se ao tipo de lugar onde eu costumava fazer meus exames de rotina acompanhada de minha mãe.

Estremeci só de cogitar algo inusitado e parei de pensar tanto quando um homem de jaleco entrou na sala. Deduzi ser o médico e li "Marcus Lopez" em seu crachá. Ele parecia ter uns quarenta e poucos anos e tinha cabelos loiros.

— Olá, senhorita Connelly. — cumprimentou.

— Olá. — retribuí com a voz baixa.

— Vejo que está melhor. — depois analisou a prancheta que segurava. — Você deu entrada em outro hospital com sinais de aborto após pedir ajuda. Por conta do estresse excessivo, desmaiou após ser medicada e...

— Meu bebê... — o interrompi angustiada. — Ainda está aqui? — apontei minha barriga, apreensiva.

Eu precisava ter certeza.

— Sim. — disse de maneira afável e eu não segurei o profundo suspiro de alívio. — Ele está muito bem em seu útero. Um bebê muito forte. Aliás, você foi sábia em ter pedido ajuda tão rapidamente e felizmente a ambulância pôde chegar em sua residência de maneira ágil. Tudo colaborou para que sua criança e você estivessem muito bem. Conseguimos parar o sangramento.

— Muito obrigada. — sorri em meio às lágrimas. — Muito obrigada mesmo.

— Por nada. Eu e minha equipe estamos aqui para auxiliar em qualquer coisa. Sinta-se à vontade neste hospital.

Em meio à curiosidade, não pude deixar de perguntar:

— Posso tirar uma dúvida? — ele assentiu. — Eu me lembro que estava em outra sala de hospital antes de desmaiar. Não me lembro deste ambiente. — olhei ao redor. O quarto parecia pertencer a algum hospital caro. Eu reconheceria um ambiente desse porte.

— Hm, bom, encontraram seus documentos dentro de uma bolsa. Aliás, aí está. — apontou a bolsa no suporte ao lado da cama. Eu a peguei, puxando meu celular. Chequei as horas e me assustei porque já eram 05h55min. Dormi tanto assim? — Acontece que com a posse de seus documentos e de seu celular, chegamos até alguém que, após saber sobre seu estado, solicitou sua transferência imediata para cá.

Franzi o cenho.

— Quem?

Será que o responsável era Abigail ou Mike? Aaron? Eles conseguiriam pagar um hospital que parecia tão caro? Como...?

Eu não precisei formular outro questionamento, mesmo considerando meu estado de confusão.

Eu finalmente obtive minha resposta quando outra pessoa entrou no quarto como se comandasse o lugar.

Meus olhos assustados encontraram a figura tão conhecida.

O homem apenas me encarou de volta; com falsa expressão de alegria.

— Sentindo-se melhor agora, querida? — meu pai disse enquanto assistia meu evidente choque. 



🔥🔥🔥

Boa Noite

E aí?

O que acham que vai acontecer agora?



Para Sempre, JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora