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21

HELENA

__Sonhei com você. — dei um meio sorriso ao ver a expressão surpresa e corada de Azriel e bati em seu ombro com o meu.

__O que você sonhou? — perguntou ao nos voar até uma parte da floresta humana. Pela manhã, pedi para treinar com Az, que prontamente concordou com um sorriso lindo no rosto.

__Não vou contar. — a imagem do sonho me veio à cabeça e senti minhas bochechas enrubescerem. Azriel me segurou mais forte e deu um risinho.

__Não tenha vergonha de mim. — pediu, e por mais doce que tenha sido, também senti um tipo de medo por trás daquelas palavras. Era exatamente isso, na verdade: medo que eu não me sentisse confortável com ele. Repousei minha cabeça em seu ombro, transmitindo confiança. — Já estamos treinando? — ele perguntou, e levantei os olhos para ver seu meio sorriso divertido. Ri e neguei com a cabeça, voltando a posição anterior.

__É automático, sabe. — dei de ombros, inspirando o cheiro de Az. Estava tão perto que poderia me inclinar só um pouquinho e beijar seu maxilar forte e definido. Senti um arrepio em minha espinha e afastei esses pensamentos.

__Já sonhei com você também, se serve de incentivo para me contar. — arrumei a postura num piscar de olhos, mirando-o com curiosidade. A gargalhada de Az ecoou nas profundezas da minha alma. — Via de mão dupla? — arqueou uma sobrancelha, e eu semicerrei os olhos para ele. Muito esperto, Azriel. Assenti determinada e seu sorriso cresceu ao descermos até uma parte que pressupus ser longe e intocada o suficiente para que pudéssemos ficar ali treinando sem sermos vistos ou incomodados.

Sai dos braços de Az e senti o frio do mundo mortal me embrulhar. Era muito mais gelado que Velaris, e senti uma falta terrível de casa. Casa... Velaris já era minha casa. Não pude controlar o sorriso que se formou em meu rosto ao entender a grandiosidade do que havia acabado de perceber. Az me observou, alguns passos distante, de braços cruzados e parado de forma graciosa, mesmo com a postura de guerreiro. Ele inclinou a cabeça numa pergunta silenciosa, e como parte do treinamento, enviei meus pensamentos para ele. Mostrei o que havia acabado de acontecer como se voltasse no tempo dentro da mente dele e desenhasse palavras ao meu redor pelo ponto de vista dele. Fiquei surpresa com o que acabei de fazer.

__Uau. — assoviou, o sorriso nunca deixando seus lábios, uma das muitas formas de incentivo de Az. — Primeiro: sinto que um peso gigante saiu das minhas costas agora que você tomou Velaris como lar. Segundo...

__E que peso seria esse? — o interrompi, colocando as mãos na cintura e arqueando uma sobrancelha. Ele riu baixinho, olhou para o chão e depois para as árvores a nossa volta e finalmente voltou a olhar para mim.

__Porque vou atrás de você até os confins do mundo, Helena. Se não sentisse que Velaris era seu lugar, seguiria você pra onde quer que fosse.

O peso daquelas palavras me atingiu como um raio.

Velaris, a cidade mais linda e aconchegante do mundo, o lugar em que o Círculo Íntimo vive e se reúne, a casa dos sonhadores, o lugar pelo qual Rhys sacrificou tudo de si para salvar... e Az deixaria Velaris se eu decidisse ir embora. Ele largaria o sonho apenas para estar comigo.

Meus olhos começaram a transbordar, e não consegui impedir que as lágrimas molhassem meu rosto. Aquilo era mais que uma declaração de amor... era uma sentença de união eterna. Vendo meu estado deplorável de choro, Az deu passos rápidos até mim e tomou meu rosto em suas mãos.