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HELENA

Os passos de Azriel eram firmes ao meu encontro. Deslizei direto para o mestre-espião, como se fôssemos ímãs, atraindo-nos desesperadamente. Eu descansei as mãos nos ombros de Azriel e acariciei seu peito, encarando-o. A mão coberta de cicatrizes de Az envolveu minha cintura, apertando-a uma vez. Lar, senti a palavra reverberar minha alma.

__Estou orgulhosa de você. — sussurrei em seu ouvido ao abraçá-lo, sentindo-o me apertar mais contra seu corpo, escondendo seu sorriso em meu ombro. 

Nos olhamos e sorrimos suavemente um para o outro e mesmo sendo contido, o gesto sem dúvida iniciaria boatos. Um pouco depois do show de Rhys e Feyre, quando eles apenas ficaram sentados conversando suavemente e toda a tensão entre eles já havia diminuído (um pouco), deixei meu lugar ao lado do Grão-Senhor e fui dar uma volta pelo salão ao lado de Cassian, que me alegou apenas querer inspecionar o ambiente, mas eu sabia que era para me manter segura e longe dos feéricos ali presentes. De qualquer modo, passear com Cassian sempre seria ótimo para mim, sua companhia um verdadeiro presente. Encontrei com Azriel assim que voltei para o altar. Talvez as pessoas pensassem que estivemos juntos o tempo todo. Mor voltou para seu lugar ao lado de Rhys em um piscar de olhos, elegante e meio debochada, um ar de rainha. Rhys flexionou o dedo para Keir, o qual, fazendo uma careta na direção da filha, se aproximou aos tropeços com o vinho que carregava para Feyre. Ele mal tinha alcançado o altar quando o poder de Rhys tomou o vinho do administrador, fazendo a taça flutuar até eles. Rhys apoiou a taça no chão, ao lado do trono; aquela havia sido uma tarefa idiota que dera a Keir para lembrar o administrador do quanto ele era impotente, de que aquele trono não era dele. Azriel estava rígido ao meu lado, me guardando com proteção e aquele instinto selvagem que quase o faz perder a cabeça. Seguro sua mão com tanto carinho que o sinto estremecer, mesmo que praticamente imperceptível para os demais.

__Devo provar para ver se tem veneno? — perguntou Rhys, enquanto dizia em nossas mentes: Cassian está esperando. Vão. Eu sabia que se tratava de uma ordem para Feyre e eu, então apertei a mão de Az um pouco mais e o soltei, sentindo-me fria sem seu toque, ainda que fossem somente nossas mãos entrelaçadas. Vi Feyre encarando Rhys meio desnorteada e senti sua alma confusa, com desejo e medo e ansiedade. Rhys ficará bem, mandei pelo laço de irmandade. Rhys tinha a mesma expressão desnorteada de desejo no rosto, mas os olhos... eu sabia o que se passava atrás daqueles olhos. Feyre não conseguia ler as sombras nos olhos de Rhys, mas eu sentia. Depois de tudo que aconteceu com Amarantha em Sob a Montanha, era difícil para ele ser tocado daquela forma. Enviei para Rhys uma onda de calmaria e paz, projetando meu poder para que fizesse a alma dele se sentir segura. Senti o impacto imediatamente e quase pude ver sua aura se tranquilizando no processo. Feyre me encarou. Talvez... talvez, apesar de toda a provocação, depois de Amarantha, ele não quisesse ser tocado por uma mulher daquela forma, ela enviou para mim. Assenti muito levemente e ela entendeu. Entendeu que eu tinha o ajudado e que ele ficaria bem. E entendeu que, mesmo que ela tivesse sido torturada e atormentada, os horrores que Rhys havia passado eram outro nível de tormento.

__Não, meu senhor — grunhiu Keir. — Eu jamais ousaria feri-lo. — Mais uma distração, aquela conversa. Caminhamos até Cassian, que estava grunhindo ao lado de uma pilastra para qualquer um que se aproximasse. Senti os olhos da corte deslizarem para Feyre e senti quando farejaram delicadamente o que estava tão obviamente estampado em seu corpo. Também vi os olhos sobre mim, sobre minha postura elegante e a forma como o Círculo Íntimo se comportava comigo. Senti o julgamento, o receio, a inveja e a repulsa. Até frustração. Mas, quando passamos por Keir e seu olhar encontrou o de Feyre, mesmo com o Grão-Senhor em nossas costas, ele sibilou, quase baixo demais para ser ouvido:

__Vai receber o que merece, vadia.

Noite explodiu no salão. Pessoas gritaram. E, quando a escuridão se dissipou, Keir estava de joelhos. Rhys ainda estava sentado no trono. O rosto era uma máscara de ódio congelado. A música parou. Mor levantou — a expressão estampava uma
satisfação arrogante. Dei um passo para perto de Azriel, que já estava ao meu lado em segundos, perto demais para parecer casual.