FEYREEu não estava com medo. Não do papel que Rhys tinha pedido que eu interpretasse naquele dia. Não do vento estrondoso conforme atravessávamos até uma cadeia montanhosa familiar, coberta de neve, que se recusava a se dobrar ao beijo do despertar da primavera. Não da descida violenta conforme Rhys nos levou voando entre os picos e vales, ágil e suavemente. Cassian e Azriel nos flanqueavam; Mor e Helena nos encontrariam nos portões, na base da montanha. O rosto de Rhys estava contraído, e os ombros, tensos enquanto eu os segurava. Sabia o que esperar, mas... mesmo depois de Rhys ter me contado o que precisava que eu fizesse, mesmo depois de eu concordar, ele estava... distante. Perturbado. Preocupado comigo, percebi. E só por causa daquela preocupação, só para tirar aquela tensão de seu rosto, mesmo que durante os poucos minutos antes de enfrentarmos aquele reino maldito sob a montanha, eu falei, acima do ruído do vento:
__Amren e Mor me disseram que a extensão das asas de um macho illyriano diz muito sobre o tamanho de... outras partes. — Os olhos de Rhys se voltaram para mim, e depois, para as encostas cobertas de pinheiros abaixo.
__Disseram, é? — Dei de ombros, tentando não pensar no corpo nu daquela noite, há tantas semanas, embora eu não tivesse visto muito.
__Também disseram que as asas de Azriel são as maiores. — Malícia dançou naqueles olhos violeta, levando embora a distância fria, a tensão. O mestre-espião era um borrão preto contra o céu azul pálido. — Não ousei perguntar para minha irmã, mas...
__Quando voltarmos para casa, vamos pegar a fita métrica, que tal?
Belisquei o músculo firme como pedra do antebraço de Rhys. Ele me lançou um sorriso malicioso antes de descer... Montanhas e neve e árvores e sol e queda livre total em meio a fiapos de nuvem... Um grito sem fôlego saiu de mim quando mergulhamos. Por instinto, envolvi o pescoço de Rhys com os braços. Sua risada grave fez cócegas em minha nuca.
__Está disposta a desbravar minha escuridão e erguer a sua, disposta a entrar em um túmulo inundado e enfrentar a Tecelã, mas uma quedinha livre a faz gritar?
__Vou deixá-lo apodrecer da próxima vez que tiver um pesadelo — sibilei, ainda de olhos fechados e com o corpo travado quando Rhys abriu as asas para suavizar nossa queda constante.
__Não vai não — cantarolou ele. — Gostou demais de me ver nu.
__Canalha.
A risada de Rhys ressoou contra mim. De olhos fechados, o vento rugindo como um animal selvagem, ajustei minha posição, segurando-o com mais força. Os nós de meus dedos roçaram em uma das asas de Rhys — lisa e fria como seda, mas firme tal pedra quando totalmente esticada. Fascinante. Tateei às cegas de novo... e ousei passar a ponta do dedo por uma das bordas internas. Rhysand estremeceu, um gemido baixo escapuliu ao lado de minha orelha.
__Aí — falou ele, contendo a voz — é muito sensível.
Puxei o dedo de volta, me afastei o bastante para ver o rosto de Rhys. Com o vento, precisei semicerrar os olhos, e meus cabelos trançados voavam de um lado a outro, mas... Rhys estava completamente concentrado nas montanhas ao nosso redor.
__Faz cócegas? — Ele voltou o olhar para mim, e depois, para a neve e os pinheiros que se estendiam infinitamente.
__A sensação é esta — disse Rhys, e se aproximou tanto que os lábios roçaram a parte externa de minha orelha quando ele lhe lançou um leve sopro. Minhas costas se arquearam por instinto, e ergui o queixo diante da carícia daquele sopro.
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us | azriel
FanfictionEm A Corte de Névoa e Fúria, com narrações de todos os personagens desse universo e foco central em Azriel, Us traz a história original de Sarah J. Maas adaptada e modificada pela presença de uma nova peça chave no Círculo Íntimo, Helena Avalon. Aqu...