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HELENA

__Amren está certa — disse Rhys, apoiando-se contra o portal da sala de estar da casa. — Vocês são como cães, esperando que eu venha para casa. Talvez devesse comprar guloseimas.

Cassian fez um gesto vulgar para Rhys de onde deitara no sofá, diante da lareira, com um braço jogado no encosto, atrás de Mor. Embora tudo a respeito do corpo poderoso e musculoso de Cassian sugerisse que ele se sentia à vontade, havia uma tensão em seu maxilar, uma energia acumulada que eu sabia ser por esperarmos ali havia um tempo.

Azriel estava apoiado confortavelmente no encosto do sofá, ao meu lado, e sua mão descansava sobre a minha gentilmente. Depois do nosso momento na praça, ouvimos a voz de Rhysand em nossas mentes convocando uma reunião. Dei um beijinho na bochecha de Az e ele nos levou de volta a casa. Ainda estou absorvendo tudo que aconteceu, e meu coração erra as batidas ao lembrar. Só de estar ao lado dele já me sinto completa.

Amren não estava à vista, e Feyre parecia aliviada com isso. Através dos meus poderes, podia sentir o receio e o medo de minha irmã pela criatura magnífica que não era desse mundo.

Molhada e com frio por causa da névoa e do vento que a perseguiram desde a Prisão, Feyre caminhou até a poltrona diante do sofá, a qual tinha sido construída, como tantos outros móveis ali, para acomodar asas illyrianas. Esticou os braços e pernas rígidos na direção da lareira para sentir o delicioso calor.

__Como foi? — perguntou Mor, endireitando-se ao lado de Cassian. Nenhum vestido hoje, apenas calça preta prática e um grosso suéter azul.

__O Entalhador de Ossos — falou Rhys — é um fofoqueiro enxerido que gosta de se meter demais nos negócios dos outros.

__Mas? — indagou Cassian, apoiando os braços nos joelhos, as asas recolhidas.

__Mas — continuou Rhys — também pode ser útil, quando escolhe ser. E parece que precisamos começar a fazer o que fazemos melhor.

Rhys nos contou sobre o Caldeirão e o motivo por trás dos saques aos templos, recebendo em reposta não poucos xingamentos e perguntas. Feyre parecia exausta demais para contar qualquer coisa; ela só observava e concordava silenciosamente. Qual foi o preço? Perguntei pelo laço. Revelar partes minhas que eu não queria dizer em voz alta.

Azriel estava envolto nas sombras espiraladas, perguntando mais coisas; o rosto e a voz firmes. Cassian, surpreendentemente, se manteve calado, como se o general entendesse que o encantador de sombras saberia que informação era necessária, e estivesse ocupado avaliando-a para as próprias forças.

Quando Rhys terminou, o mestre-espião falou:
__Vou contatar minhas fontes na Corte Estival a respeito de onde a metade do Livro dos Sopros está escondida. Posso voar até o mundo humano sozinho para descobrir onde estão guardando a parte deles do Livro antes de pedirmos.

__Não precisa — disse Rhys. — E não confie essa informação, nem a suas fontes, nem a qualquer um fora desta sala. Exceto por Amren.

__Elas podem ser confiadas — argumentou Azriel, com determinação silenciosa, a mão livre fechando-se no flanco coberto de couro.

__Não vamos correr riscos no que diz respeito a isso — respondeu Rhys, simplesmente. Ele encarou Azriel, e consegui ouvir as palavras silenciosas que Rhys acrescentou: Não é um julgamento ou uma reflexão a seu respeito, Az. De maneira alguma. Mas Az não exibiu um pingo de emoção quando assentiu, abrindo a
mão. Fiz um carinho na mão que estava sobre a minha e seu olhar ganhou vida de novo.

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