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FEYRE

__Bem-vinda ao meu lar — disse Rhysand.

Uma cidade... havia um mundo lá fora. O sol da manhã entrava pelas janelas que ladeavam a frente da casa. A porta de madeira com entalhe ornamental diante de mim era embutida com um vidro embaçado, pelo qual se via uma pequena antecâmara e a porta de entrada de fato além dela, fechada e sólida contra qualquer que fosse a cidade que espreitava lá fora. E a ideia de colocar os pés do lado exterior, para as multidões reunidas, de ver a destruição que Amarantha provavelmente provocara sobre elas... Um peso recaiu sobre meu peito. Não tinha me concentrado o suficiente para perguntar até agora, não me dera um pingo de espaço para considerar que aquilo poderia ser um erro, mas...

__O que é este lugar?

Rhys apoiou o ombro largo contra o batente de carvalho entalhado que dava para a sala de estar, e cruzou os braços.

__Esta é minha casa. Bem, tenho duas casas na cidade. Uma é para assuntos mais... oficiais, mas esta é apenas para mim e minha família.

Tentei ouvir o barulho de criados, mas não consegui. Bom... talvez fosse bom, em vez de ter gente choramingando e boquiaberta. Mas e minha irmã...

__Helena está na outra casa, mas pedi que trouxessem ela para cá. E ela está bem, eu prometo. — suspirei aliviada em saber disso. Que minha irmã estava a salvo e que eu a veria em breve. — Nuala e Cerridwen estão aqui também. — disse ele, interpretando meu olhar pelo corredor atrás de nós. — Mas, fora isso, seremos apenas nós. — Fiquei tensa. Não que as coisas fossem muito diferentes na própria Corte Noturna, mas... aquela casa era muito, muito menor. Não teria como fugir dele. Exceto pela cidade do lado de fora.

Não restavam cidades em nosso território mortal. Embora algumas tivessem florescido no continente principal, cheias de arte e educação e comércio. Elain certa vez quis ir comigo. Acho que agora não teria mais essa oportunidade. Rhysand abriu a boca, mas então as silhuetas de dois corpos altos e fortes surgiram do outro lado do vidro embaçado da porta da frente. Um deles bateu com o punho. Fiquei ansiosa ao pensar que minha irmã poderia estar com eles. 

__Rápido, seu preguiçoso — vociferou uma voz masculina grave na antecâmara além da porta. Exaustão tinha me entorpecido tanto que não me importava muito que havia asas despontando das duas formas sombreadas. Eu só queria minha irmã. Rhys nem mesmo piscou na direção da porta.

__Três coisas, Feyre, querida.

As batidas continuaram, seguidas pelo segundo macho murmurando para o companheiro:
— Se vai começar uma briga com ele, faça depois do café. — Aquela voz... como sombras que tomaram forma, sombria e suave e... fria. — E não faça na frente dela.

__Não fui eu quem me expulsou da cama agora há pouco para voar até aqui. — disse o primeiro. Então, acrescentou: — Enxerido.

Eu podia jurar que um sorriso repuxou os cantos da boca de Rhys conforme ele prosseguiu:
__Primeira: ninguém, ninguém além de Mor e eu podemos atravessar diretamente para dentro desta casa. Está enfeitiçada, guarnecida e enfeitiçada ainda mais. Apenas aqueles que eu desejar, que você ou Lena desejarem, podem entrar. Está segura aqui; e segura em qualquer lugar desta cidade, aliás. Vocês duas. As muralhas de Velaris são bem protegidas, e não são penetradas há cinco mil anos. Ninguém com má intenção entra nesta cidade a não ser que eu permita. Então, vá aonde desejar, faça o que desejar e veja o que desejar. Aqueles dois na antecâmara — acrescentou Rhys, com os olhos brilhando — podem não estar na lista de pessoas que você deveria se dar o trabalho de conhecer se continuarem esmurrando a porta como se fossem crianças.

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