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FEYRE

Mãos magras e fortes me seguraram por baixo dos ombros. Não tive forças para lutar contra elas. Uma daquelas mãos passou para meus joelhos, a outra, para minhas costas, e, então, fui erguida, segurada contra o que era, inconfundivelmente, um corpo feminino. Não conseguia vê-la, não queria vê-la. Amarantha. Fora me buscar de novo; fora me matar, por fim. Palavras eram ditas ao meu redor. Duas mulheres. Nenhuma delas... nenhuma delas era Amarantha.

— Por favor... por favor, cuidem delas. — Alis. — A menina lá fora...

Bem ao lado de minha orelha, a outra respondeu:

— Estamos cuidando dela. — Helena. — Considerem-se muito, muito sortudas por seu Grão-Senhor não estar aqui quando chegamos. Seus guardas terão uma dor de cabeça e tanta quando acordarem, mas estão vivos. Agradeçam por isso. — Mor. Mor me segurou... me carregou.

— Ele machucou a Helena... cadê a Helena? — comecei a me desesperar, mas Mor foi mais rápida.

— Ela vai ficar bem. — mas sua voz não passava tanta certeza assim. Meu peito apertou e a angústia chegou em meu rosto, pois Mor acrescentou: — ela é a pessoa mais forte que conheço. Vai ficar bem, confie em mim.

A escuridão se dissipou por tempo suficiente para que eu tomasse fôlego, para que pudesse ver a porta do jardim pela qual ela caminhou.

Abri a boca, mas Mor olhou para mim e disse:
— Achou que o escudo dele nos manteria longe de você? Rhys o destruiu com meio pensamento.

Mas não pude ver Rhys em lugar nenhum; não conforme a escuridão espiralou de volta. Eu me agarrei a ela, tentando respirar, pensar.

— Você está livre — disse Mor, tensa. — Está livre.

Não a salvo. Não protegida. Livre.

Mor me carregou para além do jardim, e então senti meu estômago embrulhar enquanto sombras nos envolviam. Meio segundo depois, Mor emergiu para a luz do sol — luz do sol forte e com cheiro de grama e morangos. Achei que poderia ser a Corte Estival, então...

Então, um grunhido baixo e cruel partiu o ar diante de nós, cortando até minha escuridão.

— Fiz tudo de acordo com as regras — disse Mor ao dono daquele grunhido.

Fui passada de seus braços para os de outra pessoa e lutava para respirar, lutava por qualquer resquício de ar para meus pulmões. Até que Rhysand falou:

— Então, terminamos aqui. Cuide da Lena.

O vento soprou contra mim, com escuridão antiga.

Mas um tom mais doce, mais suave de noite me acariciou, tocou meus nervos, meus pulmões, até que eu conseguisse, por fim, colocar ar para dentro, até que me seduzisse ao sono.

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CASSIAN

Mor, preciso que vá até a maldita Corte Primaveral e atravesse Helena direto pra Casa do Vento. Cassian, Azriel e Amren vão cuidar dela enquanto você invade a mansão e ajuda Feyre. Traga ela pra mim.

As palavras de Rhys ecoaram na minha cabeça assim como nas de Mor, Az e Amren, que levantaram apressados. Enquanto a loira se preparava para o que quer que estivesse acontecendo na Corte Primaveril, Amren buscava por Madja, nossa curandeira, e Az e eu buscamos o possível para abrigar a moça na sala ampla que estávamos. Caminhei de um lado a outro, impaciente. Az estava imóvel e aguardando sem pestanejar.

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