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AS FÉRIAS NA CORTE ESTIVAL

FEYRE

__Mais alguma armadilha da qual eu deva saber antes de partirmos amanhã? — perguntei às costas de Rhys. Ele olhou por cima do ombro, parando no alto da plataforma das escadas.

__E aqui estava eu, pensando que seus bilhetes na outra noite indicavam que me perdoara.

Prestei atenção àquele meio sorriso, ao peito que eu talvez tivesse sugerido que lamberia, e para o qual evitara olhar durante os últimos quatro dias, e parei a uma distância segura.

__Era de se pensar que um Grão-Senhor teria coisas mais importantes a fazer que passar bilhetinhos de um lado para outro à noite.

__Tenho coisas mais importantes a fazer — ronronou Rhys. — Mas acho que sou incapaz de resistir à tentação. Da mesma forma que você não pode resistir a me observar sempre que saímos. Tão ciumenta.

Minha boca ficou um pouco seca. Mas... flertar com ele, lutar com ele... Era fácil. Divertido. Talvez eu merecesse aquelas duas coisas. Então, encurtei a distância entre nós, passei suavemente por Rhys e falei:

__Você não consegue ficar longe de mim desde o Calanmai, ao que parece.

Algo ondulou nos olhos de Rhysand, algo que não identifiquei, mas ele deu um peteleco em meu nariz... com tanta força que eu sibilei e bati em sua mão.

__Mal posso esperar para ver o que essa sua língua afiada pode fazer na Corte Estival — disse Rhys, com o olhar fixo em minha boca, e se dissipou na sombra.

__________

No fim das contas, apenas Helena, Amren e eu nos juntamos a Rhys; Cassian fracassara em convencer o Grão-Senhor, Azriel estava fora, supervisionando sua rede de espiões e investigando o reino humano, e Mor fora incumbida de cuidar de Velaris. Rhys atravessaria conosco direto para Adriata, a cidade-castelo da Corte Estival — e ali nós ficaríamos, por quanto tempo fosse necessário para que eu detectasse e então roubasse a primeira metade do Livro.

Como o mais novo bicho de estimação de Rhys, eu teria direito a passeios pela cidade e a me hospedar na residência pessoal do Grão-Senhor. Se tivéssemos sorte, nenhum deles perceberia que o cachorrinho de Rhys na verdade era um cão de caça. E era um disfarce muito, muito bom.

Helena estava dividida entre animada e preocupada; parecia empolgada em conhecer um lugar novo, mas completamente apreensiva pelas pessoas que conheceria no processo. Rhys e Amren estavam no saguão da casa no dia seguinte, o sol abundante da manhã entrava pelas janelas e cobria o tapete ornamentado. Amren usava os habituais tons de cinza — a calça larga com cós logo abaixo do umbigo, a blusa esvoaçante curta o suficiente para mostrar um trecho ínfimo de pele no tronco. Tão atraente quanto um mar calmo sob um céu de tempestade. Rhys estava de preto da cabeça aos pés, acentuado pelo bordado prateado... nenhuma asa. O macho contido e sofisticado que eu conhecera. Sua máscara preferida. Helena, ao meu lado, usava um vestido creme com grandes flores coral e folhas verde musgo, a cintura bem marcada e os cabelos enrolados dançando nas costas. Se Azriel estivesse ali, teria caído duro no chão. Para mim, escolhi um vestido lilás esvoaçante, as saias oscilando a um vento inexistente, sob o cinto encrustado de prata e pérolas. Flores noturnas prateadas combinando foram bordadas a partir da bainha, roçando minhas coxas, e algumas mais se entrelaçavam pelas dobras de meus ombros. O vestido perfeito para combater o calor da Corte Estival. Nossos vestidos farfalharam e suspiraram conforme descemos os dois últimos lances de escada até o saguão. Rhys me observou com um olhar longo e indecifrável, desde os pés em sandálias de prata até o cabelo preso pela metade. Nuala cacheara as mechas que tinham sido deixadas para baixo — cachos macios e leves que ressaltavam o dourado em meus cabelos. Rhys apenas disse:
— Bom. Vamos.

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