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FEYRE

Fui levada para longe e puxada contra minha vontade para fora da Casa do Vento até ser pega por Rhys e jogada aos céus na noite que caia. Vi Cassian voando com Mor e Amren, cada uma em um braço, e ele voava muito mais rápido que Rhysand, o que imaginei ser proposital. Rhys estava com o cenho franzido e olhava fixamente para frente. Ficamos em silêncio por um bom tempo.

__Por que foi Azriel quem conseguiu tirá-la do transe? — perguntei, mais para mim mesma do que qualquer coisa. Senti Rhys suspirar.

__Não é minha história para poder contá-la — ele ainda tinha o cenho franzido. — Mas fico muito contente de ser Az, dentre todos nós, que conseguiu. — Rhys tinha segurança em sua voz e isso me acalmou parcialmente. Durante todo o jantar, os dois pareciam... pareciam tão... íntimos. Como se fossem... como se fossem uma coisa só. Arrepiei com tal pensamento.

__Posso confiar minha irmã à ele? — perguntei apreensiva, procurando o laço até Helena e sentindo-a envolta nas sombras do macho.

__Pode. — Rhys respondeu decididamente. Sem hesitar, sem nem pensar a respeito... e isso foi o bastante naquele momento, pois sabia que mesmo sendo um irritante sarcástico, Rhysand amava Helena como se fosse sua própria irmã.

Rhys me levou voando de volta por cima da cidade, mergulhando nas luzes e na escuridão. Rapidamente descobri que gostava muito mais de subir, e não consegui observar por muito tempo sem sentir o jantar na garganta. Não por medo; apenas alguma reação de meu corpo.
Voamos o resto do caminho em silêncio, o farfalhar do vento do inverno era o único som, apesar do casulo de calor de Rhys impedir que me congelasse por completo. Apenas quando a música das ruas nos recebeu olhei para o rosto de Rhys, para as feições indecifráveis conforme se concentrava em voar.

__Hoje à noite... senti você de novo. Pela ligação. Passei por seus escudos?

__Não — respondeu ele, verificando as ruas de paralelepípedos abaixo. — Essa ligação é... uma coisa viva. Um canal aberto entre nós, moldado por meus poderes, moldado... pelo que você precisava quando fizemos o acordo.

__Eu precisava não estar morta quando concordei.

__Você precisava não estar sozinha.

__Eu tinha Helena...

__Que estava sendo torturada também. — me senti arrepiar. Não conseguia lembrar daquilo sem cair em lágrimas.

Nossos olhos se encontraram. Estava escuro demais para ler o que quer que estivesse no olhar de Rhys. Fui eu quem desviou o rosto primeiro.

__Ainda estou aprendendo como e por que às vezes conseguimos sentir coisas que o outro não quer saber — admitiu ele. — Então não tenho uma explicação para o que sentiu esta noite.

Você precisava não estar sozinha...

Mas... e quanto a ele? Durante cinquenta anos ficou separado dos amigos, da família...

__Deixou que Amarantha e o mundo inteiro achassem que você governava e se divertia em uma Corte de Pesadelos. Tudo fachada... para manter o mais importante a salvo — argumentei.

As luzes da cidade emolduravam o rosto de Rhys.
__Amo meu povo e minha família. Não pense que eu não me tornaria um monstro para protegê-los.

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