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Olho para os seus olhos, aqueles que me transmitiram paz e calmaria no dia anterior, os mesmos que me refletem coragem agora, abaixo a vista para sua mão a poucos centímetros do meu corpo.

Sinto os olhares dos meus pais e do meu irmão sobre nós dois, provavelmente esperando que eu me afaste e saia correndo, levanto a vista para a sua novamente, ele sorri para mim, um pequeno e encorajador sorriso, volto a olhar sua mão estendida, as imagens de ontem volta a minha mente, ele agachado, próximo de meu corpo, me acalmando, dizendo que não iria me machucar, pedindo para que eu respirasse com ele.

Olho em seus olhos mais uma vez, e depois para sua mão, não sei quanto tempo passamos assim, mas tenho certeza que já tem mais de minutos, ele espera pacientemente pela minha resposta, e surpreendendo a mim mesma, sinto vontade de dar uma a ele. levanto a minha devagarinho, ouço um arfar, sei que é vindo de minha mãe, encaro o seu rosto novamente, seu sorriso continua lá, abaixo a vista, e toco a ponta de seus dedos com os meus, o contato arrepia a minha pele por baixo dos vários metros de roupas, mexo a ponta de meus dedos, brincando com os seus, ele não reage, me dando todo o tempo que eu quiser, viro o meu rosto de leve, observando nosso pequeno contato. Ergo a vista para a sua, ele está me encarando como se estivesse encantado, dou-lhe um discreto sorriso.

Passos apressados me tiram do transe, afasto a minha mão em um rompante com o susto.

— Miguel. — papai chama, mas meu irmão já saiu correndo, irritado comigo.

Olho para a direção que ele tomou, meu pai sai a passos largos atrás dele, lágrimas de tristeza escorre de meus olhos, sinto os braços de alguém nos meus ombros, mamãe tenta me acalentar.

— Está tudo bem, querida! Tudo bem. — repete, me levando de volta ao meu quarto, deixando Eduardo para trás.

Sento-me na cama, angustiada pelo meu irmão, não o queria magoar, mas deveria ter previsto que iria acontecer, o rejeitei todas as vezes durante todo esse tempo, e agora ele me vê tocando outra pessoa, um desconhecido, até então, mas, ele, os olhos dele, me transmitem tanta segurança, não sei explicar o que sinto quando o encaro, é diferente.

Mamãe acaricia os meus cabelos, acalmando as minhas lágrimas silenciosas, lhe dou um sorriso triste e abaixo a cabeça, brincando com a manga da blusa.

Sei que ela quer fazer perguntas, saber o que aconteceu, o porquê de eu ter tocado alguém que não conhecia, que nunca tinha visto, mas se mantém em silêncio, a agradeço mentalmente por isso, e continuo quieta.

Um tempo depois percebo uma movimentação na sala, meu pai e Miguel retornaram a casa, levanto-me depressa e saio do quarto, olho para o meu irmão que passa por mim como um raio, indo para o seu próprio quarto, encaro a porta de madeira rústica fechada, papai se aproxima, ficando perto de onde estou, abaixo a cabeça, envergonhada, e ele encosta seu ombro no meu, rapidamente. O encaro na hora, e ele me lança um sorriso, dando de ombros.

— Pelo menos ele não foi o primeiro, se não iríamos ter problemas. — gargalho silenciosamente, ele faz o mesmo. — sabe, não é a melhor sensação do mundo o pai vê sua garotinha tocando em outro homem na sua frente. — ergo as sobrancelhas para ele, em divertimento. — mas hoje aconteceu algo que me surpreendeu, e eu fiquei bastante feliz com isso.

Toco seu ombro com o meu mais uma vez, ele sorri para mim, e ficamos os dois encarando a porta do quarto de meu irmão, que prefere ver qualquer pessoa, a mim.

— Ele só está com ciúmes. — papai comenta. — vai passar, seu irmão te ama, é difícil para ele vê você nessa situação, e quando lembramos que o filho da puta que fez isso com você nunca foi encontrado... — para sem conseguir terminar a frase.

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