Com o coração mais brando, no entanto, ainda apreensivo, chego de volta ao hospital, a primeira pessoa a me notar é mamãe, que corre em minha direção, seu olhar tão amedrontado que temo pelo pior.
— Catarina, onde você se meteu? Eu e o seu pai ficamos tão preocupados, está tentando nos matar do coração? — seguro em seus braços, a acalmando.
— Eu precisa falar com a minha psicóloga, vocês estavam todos preocupados, saí sem avisar, achei que não dariam minha falta dada a situação que estamos vivendo.
— Como não sentiríamos sua falta? Nos preocupamos com você tanto quanto com os outros, Catarina, por Deus! Acho que nos preocupamos até mais com você.
— Está tudo bem, mãe! — tranquilizo-a.
— Oh, Deus! Você está falando, ainda não me acostumei com isso, em fim, algo bom em meio a tanta coisa ruim. — lembro-me das palavras de Hanna, sobre uma benção em meio ao tormento.
— Catarina, não saia mais sem avisar, você me entendeu bem? — papai interpõe, autoritário como um pai deve ser.
— Entendido, papai! E os meninos, como estão?
— Os dois foram mandados para o raio-x, precisam saber se a queda prejudicou algo na cabeça e afins. — um suspiro cansado escapa de sua boca.
Sigo até uma poltrona, me sentando com mamãe ao meu encalço, sei que de agora em diante, ela não sairá de perto de mim. Estamos todos apreensivos, esperando para saber notícias, meu coração aperta no peito, preciso ter certeza de que estão bem.
Alguns minutos que mais pareceram horas depois, o médico se aproxima, perguntando pela família dos garotos, todos nos levantamos, papai explica que é pai de Miguel, e patrão de Eduardo, portanto, responsável por ele.
— O impacto que os dois sofreram foi severo, Eduardo não sofreu tanto quanto Miguel, mas sofreu algumas lesões, por sorte, pequenas. Já Miguel, o seu filho, bateu com a cabeça em uma pedra, isso implica em algumas preocupações quando a seu diagnóstico, estamos o preparando para uma bateria de exames para termos certeza se o impacto não afetou em nada seu cérebro, até então ele continua sedado.
— Mas ele vai acordar, não vai doutor? — mamãe questiona, aflita.
— Sim, daqui a algumas horas certamente ele acordará, fique tranquila, senhora!
— E o Eduardo, está acordado? — pergunto ansiosa.
— Eduardo está acordado, inclusive, perguntou por uma pessoa chamada Catarina. Vocês sabem de quem se trata?
— Eu, Catarina sou eu, doutor.
— Bom, se você quiser ir vê-lo, ele está no quarto 102.
— Quero sim, obrigada!
— Espera aí, por que esse rapaz chamou por seu nome? — mamãe intervém. — e como assim você vai vê-lo?
— Helena. — papai interfere.
— Eu preciso entender, Cezar, o que está havendo, Catarina?
— Mamãe, o Miguel só sofreu esse acidente, porque ele viu eu e Eduardo nos beijando na beira do rio. — conto, sem rodeios. A observo se assustar, arregalar os olhos em espanto, da três passos atrás e se assentar em uma poltrona. — mamãe, a senhora está bem? — minha voz denota o quanto estou apreensiva.
— Você beijou aquele rapaz?
— Mãe, pode parecer estranho, mas eu confio nele. — explico, sem graça.
— Cezar, você não vai dizer nada? — olha para o meu pai, que até então não se pronunciou.
— Eu confesso que já imaginava que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer, só esperava que o rapaz viesse falar comigo antes, nós precisamos ter uma conversa sobre isso.
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Um Toque Para O Amor
RomanceCatarina tinha apenas um um sonho, uma mochila, uma saia azul rodada e uma rua escura, quando viu seu mundo desmoronar pela maldade humana. Eduardo é um homem gentil, daqueles que passa pelos problemas com um sorriso no rosto, é quando se torna vaqu...