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Evitei me encontrar com Eduardo nos últimos dias, precisava digerir tudo o que ele me falou, além de que, não me sinto confortável com esses sentimentos que estão surgindo aqui dentro do meu peito. Jurei para mim mesma que jamais me envolveria com ninguém, principalmente em deixar qualquer homem tocar o meu corpo, e no nosso último encontro, não só o deixei me tocar com seus lábios macios, como também o retribui.

Todos os dias ele tenta se aproximar de alguma forma, e todas as noites vem até minha janela, que diferente dos dias anteriores, está fechada para ele. Fujo igual uma covarde, mas não consigo fazer diferente, a dor ainda é muito crescente aqui dentro, jurei que nunca confiaria em nenhum homem, e acabei confiando tanto nele.

Ainda acredito em suas palavras, que não me fará mal, porém, não sei lidar com tudo que está acontecendo aqui dentro. Com a falta dele nas minhas noites, voltei a passa-las em claro, minhas olheiras estão enormes, assim como também sinto muito sono. Mas, tenho medo de dormir, não quero reviver aquele pesadelo, e é isso que acontecerá se eu me entregar ao sono. Desde que Eduardo começou a me visitar a noite e segurar em minha mão para que eu durma, me acostumei a não tê-los, dormir em paz, agora, a espectativa de dormir sem a segurança que ele me trazia, faz com que um calar frio gele a minha espinha.

Hoje é o dia em que me encontro com Hanna, após uma discussão de prós e contras, e algumas santagens de minha parte, consegui convencer mamãe a ir também. Ela, com muita relutância, aceitou conversar com minha psicóloga como cliente, fico muito feliz com isso, afinal, nas palavras da própria Hanna, quem cuida também precisa de cuidado, e minha mãe com certeza está precisando.

Aguardo ansiosa com o meu pai escorada na camionete, já roí todas as minhas unhas. Papai me observa, sei que está curiosa do porque de minha agitação, imagino que deva pensar ser pela minha mãe, ele não sabe o turbilhão de sentimentos que grita aqui dentro de meu ser. Não aguentando mais ficar parada, ando em círculos perto do carro, sinto que ele dirá algo, quando a avistamos saindo do prédio, caminho a passos cautelosos até ela, quando nos aproximamos, percebo seus olhos vermelhos, ela me alcança e me enlaça em seus braços, ainda fungando. Retribuo seu abraço, sentindo o meu pai próximo a nós, finalizo nosso contato, deixando que ele também lhe dê seu apoio. Eles ainda estão abraçados, quando despeço de meu pai com um olhar e adentro o prédio.

Minha vez de me encontrar com aquela pequena torturadora mental do bem.

Sorrio com meu próprio pensamento, já que eu também a torturei quando me recusei a falar com ela... Mas eu tenho os meus motivos, dos quais posso me respaldar. Quase gargalho com isso, se eu dissesse isso pra ela, certamente me xingaria.

Passo pela recepção, e sigo para a minha tão conhecida porta vermelha, estou tão ansiosa pelo encontro que subo os degraus de dois em dois, nunca acreditei que um dia iria querer tanto ter uma conversa com alguém, muito menos com a minha psicóloga, e aqui estou eu, correndo para desabafar, e principalmente, ouvir o que ela tem a me dizer.

Duas batidinhas na porta e antes mesmo de ouvir o famoso "entre" já estou avançando pela porta. Hanna me encara com surpresa, mas, ainda lhe deixo mais surpreendida ao avançar para o papel e começar a escrever.

Ele me beijou.

Praticamente jogo o caderno em seu rosto tamanha a minha ansiedade, ela o apara antes que lhe acerte a face, e rapidamente passa os olhos pelo papel.

— Então vocês estão se acertando? — um misto de esperança e orgulho passa pelo seu olhar. Rolo os olhos, e ando em círculos pela sala. — vamos lá, Catarina, fale comigo. — pede, fazendo com que eu volte a minha atenção para ela.

Não sei o que fazer, estou sentindo coisas que jamais imaginei sentir, eu não sei o que fazer.

Ela lê, a observo enquanto absorve as palavras, vejo que procura organizar suas ideias, imagino que tentando me falar as palavras certas. Hanna não é boba, passamos um ano sem que eu lhe falasse uma letra sequer, ela sabe que um passo fora do lugar e me perde novamente.

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