SEIS MESES DEPOIS
Seis meses se passaram, e durante todo esse tempo aconteceram coisas que jamais sonhei acontecer em minha vida, avanços que pareciam impossíveis, obstáculos que fui obrigada a enfrentar de cabeça erguida, pois se abaixasse, ela poderia jamais se reerguer novamente.
Seis meses de muito esforço para não regredir, de sorrisos inesperados e toques afetuosos. Não posso dizer que durante esse semestre estou cem por cento recuperada, longe disso. Porém, aprendi que preciso tentar seguir em frente, pelo meu pai, por minha mãe, pelo meu irmão, pelo meu namorado e, mesmo que tenha custado a admitir, por mim também.
É muito difícil conseguir manter-se sã em um mundo de caos. É quase impossível levantar quando alguém te derrubou, e nessa queda, você se estilhaçou. Mas, durante esse tempo de muita terapia, muitas palavras vindas daqueles que amo e, principalmente, muito diálogo comigo própria, consegui entender, que para admirar o sol lá fora, preciso primeiramente fazê-lo brilhar aqui dentro, em minha alma, em meu coração. Para que seu calor me aqueça lá fora, é preciso aquecer-me primeiro por dentro.
Não sei quando estarei totalmente bem, nem sei se um dia estarei, mas, no momento, almejo respirar, claro que sei que isso trata-se de uma metáfora, porém, nada se compara a respirar de verdade, querer sentir o cheiro das coisas novamente, pensar em ter prazer em fazer isso. Antes eu apenas fazia uso do ar, almejando que um dia essa respiração falhasse, mas hoje, tendo a noção de que mereço mais que isso, procuro sentir bem mais, e está sendo uma experiência única.
Admiro o correr da água enquanto Pitoco brinca próximo a mim, meu velho companheiro jamais me abandona, consigo até senti-lo mais feliz, minha melhora o deixou mais leve, ainda mais serelepe, sempre meu amigo.
— Vamos, Pitoco, está na hora de voltar. — falo, ao ver o cair da tarde.
Meu cachorro vem pulando em minha direção, um olhar de quem se divertiu bastante durante o nosso já característico, passeio. Se existir alguém que esteve comigo durante todo esse tempo, compartilhando de minhas dores e meus medos, foi esse cachorro, sempre ao meu lado, triste quando eu estava destruída, alegre quando eu arriscava dar um passo, torcendo sempre pela minha recuperação.
Um latido seguido de uma batida em minhas pernas me fazem encontrar o chão, solto um grito agudo, seguido por uma risada um tanto escandalosa, Pitoco sempre gostou de me derrubar, é como se ele ganhasse uma aposta consigo mesmo.
É tipo, hoje derrubei ela três vezes, amanhã devo bater o recorde, preciso derruba- lá quatro.
Seguro suas patas para que ele pare de me lamber e assim eu puder levantar. Pitoco saltita ao meu redor, como se me dissesse que agora o passeio tinha realmente finalizado.
— Garoto esperto! — Elogio, alisando sua cabeça pequena.
Ergo-me do chão, limpando toda a terra que juntou em minha roupa, encaro pitoco por alguns segundos, depois o chamo paga seguirmos caminho.
Andamos tranquilamente de volta para casa, sorrio algumas vezes das traquinagens de Pitoco, correndo atrás de alguns animais que passamos pelo caminho.
Cantarolo uma música que gosto, sentindo a brisa suave do fim da tarde no rosto.
Lá longe, consigo avistar algumas pessoas trabalhando, vaqueiros do meu pai que a muito tempo não se aproximam de onde estou. Paro por um instante, os admirando a distância, lembrando de quando eu tinha contato com eles. Ouve um tempo em que eu não tremia quando chegava perto de outras pessoas, apesar de ter lutado com todas as forças nesses últimos meses, ainda não consigo contato, nem mesmo com eles, que conheço a muito tempo.
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Um Toque Para O Amor
RomanceCatarina tinha apenas um um sonho, uma mochila, uma saia azul rodada e uma rua escura, quando viu seu mundo desmoronar pela maldade humana. Eduardo é um homem gentil, daqueles que passa pelos problemas com um sorriso no rosto, é quando se torna vaqu...