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Pela janela do meu quarto, observo o céu lá fora, tão lindo que me causa um encantamento, as estrelas parecem estarem mais brilhantes, como se sorrisse para mim, parece que elas entendem as batidas do meu coração, e sabem que, pela primeira vez depois de muito tempo, ele toca uma melodia diferente, uma melodia que beira a felicidade.

Encaro o céu por mais algum tempo, me perdendo em sua beleza extraordinária, estou tão deslumbrada pela dança das estrelas que não o vejo se aproximar. Quando o noto, quase me assusto, mas os seus olhos me acalma tão rápido quanto uma batida de coração.

Afasto-me da janela, dando passagem para que ele possa entrar, Eduardo a pula com agilidade e destreza, em seguida se aproxima, enlaçando um braço em minha cintura e depositando um beijo em meus lábios. Preciso me acostumar com isso. Nos afastamos e ele sem dizer mais uma palavra, nos guia até a cama, indo até o outro lado do quarto, puxar a sua poltrona costumeira.

O encaro, o seu porte de homem, com uma poltrona tão pequena e desconfortável, vejo o quanto ele fez por mim desde que nos conhecemos, mais até do que os que já me conheciam. Eduardo prometeu que iria cuidar de mim enquanto eu deixasse, e cuidou. Levanto a vista até o seu rosto, que me encara com interesse, lhe dou um sorriso tímido, criando coragem para o que vou fazer a seguir. Ele continua a me observar com curiosidade, quando eu me afasto para o outro lado da cama, e com uma mão, dou três batidinhas do outro lado, o convidado a se juntar a mim. Eduardo arregala os olhos, não acreditando no que estou propondo.

— Catarina, não precisa, eu estou bem aqui. — começa, tentando se esquivar, com medo de andar demais e me perder em uma dessas passadas, o que ele não sabe é que eu não vou a lugar algum.

Bato novamente no colchão, e ele me encara, vejo dúvidas em seus lindos olhos de anjo, lhe dou um sorriso reconfortante e volto a bater, ele sede a minha insistência e solta a poltrona, se aconchegando no espaço ao qual lhe reservei, ele me encara com cautela, enquanto eu busco coragem a muito adormecida, me arrasto para perto dele, lhe dou minha mão, a qual ele enlaça na sua, beijando os nós dos meus dedos. Lhe dou um sorriso cúmplice e remexo, tentando procurar uma posição confortável. Eduardo, para minha surpresa, me puxa para ele, me causando um leve susto, ele me acalma com um beijo na testa, depois me deita sobre o seu corpo e se põe a acariciar os meus cabelos. Queria aproveitar ao máximo esse momento, mas o cansaço grita por descanso, Eduardo me acalma, fecho os meus olhos, confio nele, durmo.

                           ***

Me assusto quando ele se mexe ao meu lado, abro os olhos e encaro os seus, mesmo na penumbra da noite posso observa-los, tão lindos como sempre. Eduardo deposita um beijo demorado em minha testa, sorrio para ele que diz.

— Eu preciso ir. — faço um biquinho de descontentamento, ele sorri. — está quase na hora de rodar a boiada.

Admiro o seu comprometimento, para com o trabalho, não se trata apenas por ser sua obrigação, desde que ele chegou a fazenda tem se mostrado um funcionário de excelência, e isso não sou apenas eu quem falo, já ouvi de meu próprio pai, o peão como eles são chamados, é exemplar.

— No que está pensando? — aperta o meu nariz, dou-lhe um sorriso preguiçoso em resposta. — Você é tão linda. — sussurra no meu ouvido, franzo a testa, duvidando de suas palavras, ninguém é bonita quando se está tão ferida por dentro, nem tão pouco quando carrega uma aparência como a minha.

Eduardo percebe a diferença em meu humor, e me encara com a testa vincada em preocupação.

— O que foi? — balanço a cabaça em negativa, ele me observa por mais algum tempo, o cantar do galo nos desperta, e Eduardo decide que está na hora de dar adeus.

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