— MIGUEL — grito desesperada pelo nome do meu irmão enquanto corro até ele. Jogo-me ao chão, ajoelhada ao seu lado, chamo por seu nome como um cântico desesperado, uma vez eu li em um livro que se a gente chamar com afinco pela pessoa que a gente ama, ele volta pra gente. Hoje a única coisa que eu quero é que o meu irmão volta para mim.
— Mas o que está acontecendo aqui? — ouço alguém falar, não me viro para ver quem é, meu nervosismo não me permite discernir o autor da voz. — Eduardo, acorda, Eduardo. — as palavras fazem com que eu volte a realidade, lembrando que não foi apenas o meu irmão a sofrer um acidente.
— Miguel, meu filho, o que aconteceu, Miguel? — mamãe se desespera, vendo o filho imóvel e ensanguentado.
— Busquem a camionete e chamem uma ambulância, vamos levando eles para o hospital, encontramos com o socorro no caminho. — papai grita ordens por cima do tumulto.
— O que aconteceu aqui, meu Deus? — mamãe chora, com as mãos na cabeça.
— Foi culpa minha, mãe. — confesso.
— Como assim culpa su... — para, com os olhos arregalados. — filha, você está falando? Ai meu Deus, Cezar, ela está falando. — ruge, em meio a histeria.
— Helena, se acalme, por favor! — papai fala, organizando talas, afim de amenizar o impacto na camionete.
— Ela falou, Cezar, Deus misericordioso, ela falou. — mamãe está chorando, sem saber o que fazer.
Ignoro suas palavras quando olho para Eduardo também imóvel, corro até ele, verificando suas feridas.
— Filha, se acalme você também! — olho para o meu pai, tentando manter-se calmo.
— Eu sempre admirei isso no senhor. — confesso a ele, com amor.
— Filha, na vida temos que ser fort... — arregala os olhos, imitando a minha mãe. — Catarina, você falou? — olho rapidamente para ele, enquanto tento, sem sucesso, acordar o rapaz que a tão pouco tempo estava sorrindo comigo nos braços. — Catarina?
— Salva eles, pai. — soluço desesperada. — salva eles dois, por favor! — é como uma barragem estourada, não consigo mais me conter, não consigo ficar firme. O terror me atinge, o homem que me devolveu a vontade de sorrir, e o garoto que cresceu sendo o meu melhor amigo, ambos entre a vida e a morte, tudo por culpa minha, eu não consigo suportar.
O tremor toma-me por inteiro, não consigo respirar, não consigo pensar, não consigo enxergar.
— Filha, por favor, respire! Respire! Ah, meu Deus! — mamãe tenta me ajudar, quando ela mesma precisa de ajuda.
— Dona Helena, está tudo pronto pra pegar a estrada. — alguém diz, com certeza um dos funcionários da fazenda.
Mamãe me ajuda a levantar, sou guiada até um dos carros, tento ir na carroceria, mas não me permitem, sou obrigada a ir no banco do passageiro, meu pai me lança um olhar desejando forças, lhe devolvo o mesmo, afinal, o filho dele está desacordado lá atrás.
Seguimos pela estrada, meu coração a todo o instante ameaça saltar pela boca, tanto medo. Medo que não cabe no peito. Levo as mãos onde bate o meu aterrorizado coração, massageio com força, tentando tirar esse sentimento ruim.
— Olha aí, a ambulância. — papai fala me tirando do transe. — já não era sem tempo. — conclui ao bater a porta.
— Eu quero ir com eles. — comunico, tropeçando em meus próprios pés.
— Negativo! — minha mãe sentencia, me firmando em pé. — você vai com seu pai, está nervosa demais pra qualquer coisa.
— E você, não? — questiono, vendo seus olhos ansiosos vagarem por seu filho ferido.
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Um Toque Para O Amor
Roman d'amourCatarina tinha apenas um um sonho, uma mochila, uma saia azul rodada e uma rua escura, quando viu seu mundo desmoronar pela maldade humana. Eduardo é um homem gentil, daqueles que passa pelos problemas com um sorriso no rosto, é quando se torna vaqu...