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Chegamos na fazenda por volta do meio dia, adentramos a casa e a moça que que ajuda minha mãe já está com o almoço pronto. Mamãe quase nunca deixa que ela prepare a comida, já que isso ela mesma gosta de fazer, assim como cuidar da casa, porém, quando ela sai sempre conta com a filha do seu Joaquim, o capataz da fazenda, para ajudá-la com essas tarefas.

Faço um carinho rápido em Pitoco e vou almoçar com eles, consigo comer apenas algumas colheres do alimento, estou ansiosa demais para me demorar por muito tempo à mesa.

Saio rápido da sala, mamãe tenta me chamar mas lhe lanço um olhar tranquilo. Entro em meu quarto sempre pensando nas palavras de Hanna. Tentar. Vou tentar falar com ele.

Pego o meu caderno e a caneta, saio do quarto fechando a porta em seguida. Assim que passo pela sala principal, encontro com Miguel, que passa os seus olhos do meu rosto até o caderno em minhas mãos, tento me aproximar, mas o olhar que ele me lança causa um arrepio em minha espinha. Passo o mais rápido que posso por ele, e saio da casa.

Ando pela fazenda, tomando o cuidado de desviar de alguns dos funcionários do meu pai pelo caminho, é engraçado como eu sempre interagia com eles, e agora vivo os evitando.

Sigo a passos largos até o rancho onde os vaqueiros e demais empregados almoçam, ouço o som de vozes ao longe, faz tanto tempo desde que me aproximei desse lugar. Avanço mais um pouco, e paro a poucos passos da porta, o medo me faz parar, não consigo continuar seguindo, como irei encarar todos eles? Como conseguir estar em um ambiente fechado com tantos homens? Eu odeio ambientes fechados, e odeio a presença masculina, não de todos, mas isso não me impede de me sentir mal ao estar perto dos demais.

Penso algumas vezes se devo seguir ou dar meia volta, fiquei tão ansiosa que não parei para pensar se seria uma boa ideia vir. Opto pela última opção, e giro nos meus calcanhares, tomando um susto logo em seguida.

— Catarina!? — Eduardo chama, em um misto de surpresa e confusão.

Fico desconcertada, agi tão depressa no meu impulso de vê-lo novamente, que não pensei no que falar para ele. Olho para os lados procurando uma escapatória, enquanto que Eduardo me observa com a testa franzida, amasso o caderno em minhas mãos, em um ato ansioso, ele nota o que estou fazendo e se aproxima, tirando o de minhas mãos.

— Vem, vamos sair daqui. — diz baixo, o olho surpresa, mas o entendo quando vejo algumas pessoas nos observando.

O sigo, observando suas costas largas, Eduardo se parece muito com um daqueles atores country de filme, ele seria contratado tranquilamente por uma dessas agências de modelos, com o seu porte alto, musculoso, cabelos castanhos, olhos verdes e pele clara. Além do seu estilo agro, calça e camisa de coro, mãos firmes e calejadas pela lida. Um espetáculo de beleza.

Continuamos a andar e observo quando uma filha de um vaqueiro para, dando um oi cheio de segundas intenções pra ele, franzo a testa com essa observação, ela não me olha, ergo uma sombrancelha para o seu cinismo. Ele disse que me ama, seu projeto de piranha. Me assusto com o meu próprio pensamento, será que estou com ciúmes? Oh, meu Deus!

Apresso o passo, ficando agora ao seu lado, ele me olha com surpresa, mas não lhe dou atenção, encaro a menina que agora parece me notar, bom, continuamos o nosso caminho até em uma pequena casa a uma boa distância da nossa. O encaro assim que ele procura a chave, abrindo a porta em seguida.

— Essa foi a casa cedida a mim pelo o seu pai. — explica, coçando a cabeça. — só mora eu aqui, mas se você não se sentir bem em estar aqui comigo, podemos ir para outro lugar... Melhor, vamos logo para outro local, o rio desse ser uma boa ideia. — fala com pressa, puxando a porta de volta para fechar.

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