Mais uma semana se passou sem nenhuma notícia do Cris ou do tal caçador misterioso. Eu já estava ficando sem esperanças de voltar a falar com o primeiro e não sabia mais onde procurar pelo segundo. Para os dois casos parecia um beco sem saída.
Continuei mantendo contato com a Consulesa Penhalow. Ela tinha conseguido me reintegrar a Clave sem que ninguém soubesse do meu retorno e na minha situação atual, era uma vitória.
Volto as ruas sempre que possível, afinal de contas, tenho que manter a impressão da artista em seu trabalho árduo para não levantar suspeitas, o que significava terminar de elaborar uma nova exposição, uma tarefa que não está sendo nada fácil. Eu estou tendo um bloqueio artístico.
Ainda bem que minha chefe, Lilly Demons, estava sendo muito legal comigo e compreensiva. Nem todas as chefes, principalmente, no mundo das artes, é tão boa assim.
--Eu não sei como agradecer por isso, Lilly. — eu disse para ela, na hora em que estávamos fechando a galeria.
--Não tem que agradecer. É normal que os artistas tenham bloqueios criativos às vezes. — ela disse, colocando a mão no meu ombro.- Ainda mais, sendo que está tão próximo de completar um ano do acidente que matou seu melhor amigo. Como era mesmo o nome dele?
--Simon. Simon Lewis. — eu respondi à pergunta dela.- Pode ser mesmo isso, deve estar me afetando de algum jeito.
--Isso sem falar que você sempre se cobra muito com suas obras, isso pode ser muito exaustivos às vezes. — ela continuou, sendo muito simpática.
--Sim, é muito cansativo, mas eu não consigo evitar, é mais forte que eu, na maioria das vezes.
--Sim, você precisa de uma pausa. — ela me respondeu, sorrindo agradavelmente.- Vamos fazer assim, vou adiar sua próxima exposição por um ano e nesse período você ajuda os outros artistas em suas próprias exposições. O que você acha dessa ideia?
--É uma ideia magnífica. — respondi, tinha realmente gostado disso.- Vai ser um prazer ajudar meus colegas artistas.
--Então está decidido. — Lilly respondeu, empolgada.- Você começa suas novas tarefas na segunda-feira. Agora, descanse bastante no final de semana.
--Pode deixar e você tenha um ótimo final de semana, Lilly.
Nós duas seguimos por caminhos opostos. Agora que tinha ganhado uma folga de um ano da minha exposição, eu poderia focar na missão principal e se tudo desse certo, em um ano, não estaria mais aqui, o que podia ser uma coisa um pouco triste ou talvez não.
Voltei para a minha casa e novamente percebi que o Cris não tinha voltado e foi aí que percebi que talvez nunca mais voltasse, então, desisti de esperar e fechei a porta do quarto dele, para não ficar olhando para ele. Quando fosse possível, começaria a empacotar as suas coisas.
Tomei um banho rápido, comi a primeira coisa que vi no armário e me troquei para mais uma noite procurando o caçador misterioso ou será que devo chamar de encapuzado, ainda não tinha decidido e talvez nem importe a terminologia, o importante é achá-lo.
Peguei minhas armas e saí pela cidade a procura de qualquer problema e decidi começar pelo Pandemônium, aquele lugar está cheio de criaturas que poderiam saber de algo.
Porém, todos os relatos que escutei das criaturas eram os mesmos boatos que já venho escutando há algumas semanas.
Nosso caçador, mata demônios eficientemente, exatamente como um shadowhunter. Ele captura vampiros, lobos ou fadas e os entrega para a Clave. Quando necessário, ele ajuda ou salva a vida de outros shadowhunters.
Sai do pandemônium e fui andar por locais aonde normalmente se encontrariam demônios causando ataques ou matando alguém.
Mas, preciso dizer que está noite estava sendo uma chatice, pois, nada acontecia. Se eu estivesse no instituto pelo menos estaria treinando com Jace ou Izzy.
Resolvi que a melhor ideia seria voltar para casa e talvez ver um filme ou tentar dormir.
No caminho de volta, enquanto passava por um parque, ouvi um grito, parecia que uma mulher estava sendo atacada ou algo assim.
Decidi seguir os gritos e tentar ajudar. Quando finalmente a achei, ela estava sendo atacada por três demônios que eu nunca tinha visto na vida e nem nos livros que tinha estudado no instituto. Até parecia uma nova classe de demônios ou algo do gênero.
Contudo, não havia tempo para pensar neste assunto. Peguei minhas adagas e corri para ajudá-la. Logo de primeira já matei os dois demônios menores e consegui dar uma chance para a mulher conseguir fugir. Era um milagre ela ainda estar viva para ser bem sincera.
Já o terceiro e o maior deles, estava me dando muito mais trabalho, a impressão que passava era que ele estava com muita raiva por eu matar os outros dois e possivelmente, isso seja verdade.
Minhas tentativas de matar aquele demônio estavam sendo muito difíceis, eram como se ele estivesse aprendendo os meus movimentos e se adaptando a eles, evoluindo, isso eu nunca tinha visto antes.
E foi durante um descuido em nossa luta que fui ferida na barriga e não tinha tempo para usar a runa de cura.
Continuei lutando, mas a cada golpe que dava, mais fraca me sentia, até que não consegui mais ficar em pé e acabei caindo.
O demônio veio para cima de mim e eu soube que aquele era o meu fim, como uma verdadeira shadowhunter. Contudo, o demônio parou no meio do ataque, como se tivesse sido congelado por algum feitiço e segundos depois, caiu ao meu lado, morto.
Minha visão estava embaçada, mas quando voltei a olhar para o lugar onde antes estava o demônio, agora havia uma pessoa encapuzada de pé e na mesma hora, soube que era o tal caçador misterioso que eu estava procurando.
O caçador se aproximou de mim e se ajoelhou ao meu lado.
--A senhorita está bem? — ele perguntou, com uma voz bem grave.
--Não. Fui ferida. — tirei a mão de cima da barriga para mostrar a ele.
O caçador pegou sua estela e ativou minha runa de cura. Depois que a ferida cicatrizou completamente, consegui me sentar.
--Obrigada por salvar a minha vida. — agradeci e ele me ajudou a levantar.
--Não foi nada. — ele respondeu e se virou para sair.
--Olha, eu não sei quem você é ou o porquê está fazendo o que faz caçando os demônios e salvando shadowhunters, mas eu estava procurando você. Precisamos da sua ajuda.
--Precisamos? — ele perguntou, se voltando para mim.
--A Clave e os outros shadowhunters, na verdade, todo mundo precisa da sua ajuda.
--Sabe, eu tentei ajudar o mundo e a Clave uma vez e só fiz besteira, porque fiz do jeito errado. — ele me respondeu, olhando para o chão.- Não vou cometer esse erro novamente. Esse é o único jeito que vou ajudar. — ele mostrou o espaço em volta.- Então, seja lá quem você for, não me procure mais.
Ele se virou e saiu andando, me deixou lá parada, mas, eu corri atrás dele, pois, ainda tinha uma coisa para falar.
--Como eu disse, não me importo com quem você é. — ele parou de andar.- Mas, sei que se você está fazendo tudo isso é para tentar compensar ou consertar algum erro, o que também não me importa, mas você está fazendo a coisa certa e é por isso que eu acredito que talvez um dia você mude de ideia e quando isso acontecer, este é meu endereço.
Eu peguei um pedaço de papel, escrevi meu endereço e coloquei em cima de uma pedra que estava entre nós dois, depois passei por ele e não olhei para trás para ter certeza que ele tinha pegado, eu tinha que ter esperança que sim.
Sei que deixar o endereço da minha casa para um desconhecido é uma péssima ideia, mas, eu tenho que acreditar que quando ele ou ela estiver pronto, saberá a quem procurar.
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Reescrever as Estrelas
FanfictionClary fez uma escolha e agora está pagando um preço bem alto por isso, ela perdeu todas as suas memórias do mundo das sombras e agora vive como uma verdadeira mundana. Contudo, seus amigos e o grande amor da sua vida também estão pagando um preço...