Capitulo 17

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    Eu abri os olhos e Jace dormia feito um anjo ao meu lado, sua respiração era tranquila e serena. Parecia que era a primeira vez que ele dormia há muito tempo.

    Fiquei observando ele dormir, mas, acabei sentindo sede, então me levantei, coloquei uma blusa do Jace e o roupão, depois desci até a cozinha para pegar um copo d'água.

    Através da janela da cozinha era possível ver o sol nascendo. Foi nesse momento que percebi que meu irmão estava no jardim enrolado em uma coberta. Eu sabia porque ele estava lá fora, então resolvi me aproximar dele.

   --Pesadelos novamente? — perguntei e JC levou um susto.- Perdão, não queria te assustar.

   --Está tudo bem. — ele respondeu, sem olhar para mim.- Estava pensando.

   --Você baixou a guarda, nunca te vi fazer isso. — disse, parando ao lado dele e olhando o sol.

   --Senti que eu podia fazer isso aqui. — ele me respondeu.- Senti que por alguns minutos eu poderia ser uma pessoa normal e não me preocupar com nada.

   --JC, você não está mais no inferno ou sozinho. Você pode ser vulnerável ocasionalmente.

    --Sinto que se eu for vulnerável por apenas um segundo eu vou desmoronar. — ele finalmente olhou para mim.- Eu estou constantemente com medo e sinto que às vezes esse medo vai me sufocar e eu nem consigo pensar.

   --Então, você acordou mais cedo porque teve um pesadelo e está com medo?

   --E quem foi que disse que consegui dormir, Clary? — ele falou, um pouco rude.- O medo é tão grande que não consigo fechar os olhos e quando fecho tenho pesadelos que me acordam novamente. É um ciclo vicioso.

   --E você está com medo do quê? De ser preso? — eu estava curiosa.

   --Não. Não tenho medo da prisão, sei que meu lugar é atrás das grades. — eu quis contestar esse comentário, mas não falei nada.- Tenho medo de morrer, Clary, pois sei que tenho uma passagem direta para o Inferno e dessa vez não tem chance de retorno.

   --Seu maior medo não é ir para o inferno, dá para perceber isso pelo seu tom de voz. — eu finalmente compreendi seu pavor.- É reencontrar a Lilith. Estou errada?

   --Aquela mulher me torturou praticamente a minha vida toda e não sei se tenho forças para suportar mais. Eu já não sei se tenho forças para continuar lutando e tive certeza disso, depois que vi a expressão dos seus amigos ontem a noite.

   --Primeiro, você é um Fairchild e tem forças que nem imagina. — segurei o rosto dele, o obrigando a me olhar.- Segundo, eu não vou permitir que ninguém tire você de mim, não importa o que eu tenha que fazer e terceiro, vai levar um tempo e muito trabalho duro, mas eles vão acabar te perdoando ou pelo menos confiando.

    --Acho isso muito difícil, mas, eu vou fazer o meu melhor. — ele respondeu, com um sorriso.- Clary, você sabe que amanhã, posso ser preso, só quero dizer que não me arrependo do acordo que fiz com a Consulesa, se o povo decidir que não quer a minha ajuda, eu vou me entregar. Só peço que não tente me impedir.

    --Eu não vou. Nosso pai tirou o seu direito de escolha e tomar decisões antes mesmo que você nascesse, não vou cometer o mesmo erro, pelo contrário, vou lhe apoiar em qualquer decisão que você tomar, mesmo que não goste dela. Se você se entregar, estarei ao seu lado.

    --Obrigado por estar me dando uma segunda chance, não vou te decepcionar.

   --Eu sei que não vai, meu irmão.

   Ele me abraçou, um ato que me pegou totalmente desprevenida. Ficamos abraçados por um tempo, eu sentia o coração dele batendo um pouco acelerado.

    --Você e Jace formam um lindo casal. — ele disse no meu ouvido, mudando radicalmente de assunto.- Espero que você faça ele muito feliz.

    --Eu pretendo fazer mesmo. — respondi, sem me afastar de seu abraço.

   --E espero que você faça ela muito feliz, se não...

   JC falou mais alto e quando me virei para ver para com quem ele falava, vi o Jace parado a alguns passos de nós.

   --Se não você me mata? — Jace se aproximou.

   --Não, nem pensar. — JC disse, com um sorriso meio irônico.- Você é um shadowhunter ótimo para o nosso mundo para eu matá-lo, mas, se você magoar minha irmã, eu posso cortar fora isso que você tem entre as pernas. Vou preparar um café para nós.

   JC saiu andando e entrou na casa e Jace se aproximou de mim passando a mão pela minha cintura para me abraçar.

    --Acordei e você não estava na cama, fiquei preocupado. — Jace falou para mim.- Você me assustou.

   --Perdão, não era minha intenção. — respondi passando a mão pelo seu pescoço.- Desci para pegar água e vi o JC aqui fora, então vim falar com ele.

    --Seu irmão está bem? — achei estranho a pergunta.

    --Não e eu acho que ele não vai ficar por um bom tempo. Ele está muito diferente de antes.

    --Para mim ele continua o mesmo de sempre. — ele disse com um tom irônico.

    --Isso é o que ele quer, todos pensem, mas isso não é verdade, ele mudou bastante. — respondi.- Se vocês parassem cinco minutos e ouvissem a história do que aconteceu com ele no último ano, iriam entender o que eu quero dizer.

    --Então, você realmente acha que o que ele fez na guerra é culpa do sangue de demônio? — Jace queria saber.

    --Sim, eu acredito nisso. — respondi, com muita convicção.- Aquele Jonathan eu mesma matei, esse é um novo Jonathan, mas um que carrega as lembranças do passado e com isso a culpa por tudo que causou.

   "Olha, Jace, todos nós já sofremos nessa vida, uns mais que outros, mas meu irmão é o que mais sofreu entre todos nós e ele ainda sofre. É por isso que te peço, por favor, por mim, dê uma chance a ele para provar a você e aos outros que ele está arrependido."

    --Esta bem, eu vou fazer o meu melhor sobre este assunto. E vou tentar convencer os outros, mas, vou querer algo em troca.

    --E o que seria, será que posso saber? — perguntei, sorrindo.

     --Quero que você tome um banho comigo.

    --Você quer tomar um banho agora? — perguntei, sem entender.- Ainda está muito cedo.

    --Eu não me importo com isso. Na verdade, até gosto de um banho matinal. Além disso, hoje está frio e um banho a dois será maravilhoso.

   --Eu acho que você está querendo algo além de banho, não é? — estava começando a entender aonde o Jace queria chegar com essa história toda.

   --A senhorita está ficando muito esperta. — ele disse, sorrindo.- Estou gostando dessa nova Clary.

    --E essa nova Clary está gostando desse jeito safado do Jace. — olhei em volta e vi apenas meu irmão na cozinha.- Sabe, eu aceito aquele banho.

    Jace, olhou em volta e teve a mesma visão que eu tinha do lugar. Ou seja, não tinha ninguém a vista.

    Peguei a mão dele e entramos na mansão. Subimos até o quarto do Jace e antes mesmo de chegarmos ao banheiro já estávamos nos beijando e tirando as nossas roupas. Aquele momento intenso terminou debaixo de um chuveiro quente.

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