Capitulo 9

166 10 0
                                    

  Os dias continuaram passando, eu continuei meu trabalho na galeria. Lilly precisou fazer uma viagem, então, ganhei mais algumas responsabilidades, o que complicou um pouco as coisas em relação ao meu tempo de caçada, mas, sempre que tinha um tempo, saia para realizar o meu verdadeiro trabalho. 

   Depois do dia em que quase me revelei para o Jace perto do Jade's, não voltei mais lá, sabia que se o fizesse ia acabar fazendo besteira e colocando o plano dos anjos em risco e me encontrar com o Jace para comer uma pizza já não tinha sido uma boa ideia. 

   Eu não estava vendo a hora da Lily voltar da viagem que ela fez para a Europa. Eu estava tão exausta do tanto que estava trabalhando que chegava em casa, tomava banho, comia a primeira coisa que via na frente e caia na cama dormindo quase que instantaneamente.

    E hoje não foi uma noite diferente, cheguei em casa quase caindo de cansaço, mas, isso mudou no instante em que passei pelo portão, pois o caminho até a entrada do prédio estava com algumas marcas de sangue. 

   Eu segui o sangue que ia direto para a porta do meu apartamento, ela se encontrava entre aberta. Peguei uma faca que carregava na minha bolsa por precaução e entrei em casa. 

   Fechei a porta com muita cautela para não ser ouvida e continuei seguindo o sangue que estava indo na direção da sala. 

    Assim que me aproximei do sofá, vi quem era o invasor. O caçador encapuzado, ou sei lá como o chamam, estava deitado no chão e ele estava com uma ferida no abdômen, que parecia grave.

    Peguei minha estela para ativar sua runa de cura, mas ele me impediu, pensei que estivesse inconsciente.

   --Sem runas. — ele disse, com uma certa dificuldade.- Apenas me ajude.

    Ele voltou a desmaiar e eu não sabia o que fazer. Como eu poderia ajudá-lo?

    Minha melhor opção para aquele momento era a estela, mas, se ele não queria que eu usasse uma runa, iria respeitar isso, só não tenho ideia de como ajudá-lo. 

    Fui até o banheiro e peguei a bolsa de primeiros socorros do Cris e peguei alguns panos de algodão e comecei a pressionar em cima da ferida para parar o sangramento. 

     Levou alguns minutos, mas, o sangramento parou, limpei o local com material adequado e pude finalmente ver a ferida com mais clareza e eu estava certo, ela era grave, se ela fosse mais funda ou maior teria que pegar as tripas desse caçador pela sala.

    Não tinha outra escolha, precisava fechar a ferida. Corri até meu quarto e peguei a caixa de costura da minha mãe. Peguei álcool na cozinha e limpei a agulha da costura. 

    Comecei a costurar a ferida para fechá-la, caçador se debateu, o que complicou o meu trabalho, mas, depois de um tempo, consegui finalizar.

    Com a ferida fechada e limpa, enfaixei o local e limpei a bagunça que tinha feito. 

   O caçador estava desmaiado, devia ser por conta da dor ou da perca de sangue, mas ele ainda estava vivo, o que é uma coisa boa. Peguei um travesseiro e uma coberta e coloquei no caçador para deixá-lo mais confortável. 

    Enquanto eu observava ele deitado no chão, pensei em retirar o seu capuz e descobrir quem estava por baixo, mas não o fiz, se eu queria ganhar a confiança dele, precisava demonstrar que ele pode confiar em mim, por isso, me levantei e fui tomar um banho, para limpar o sangue em minhas mãos e para trocar a roupa ensanguentada. 

    Quando sai do banho, ele estava na mesma posição em que o deixei e por isso fui conferir se estava bem para ter certeza que ele não estava com febre ou piorando. 

    Tendo certeza que ele estava bem, fui comer alguma coisa e depois me joguei na cama e adormeci na mesma hora. 

   Acordei no dia seguinte com meu despertador tocando. Esqueci de desligar essa merda. 

    Me levantei e me dirigi até a sala para verificar como estava meu hóspede misterioso e para meu alívio ele ainda estava dormindo e parecia estar muito bem. 

   Entrei na cozinha e comecei a preparar o café e alguns pães na sanduicheira. 

   --Esse café está com um cheiro ótimo. — eu dei um pulo com o susto que levei.

    --Você está acordado? — perguntei, mas isso era óbvio.- Você não deveria estar de pé, sente-se aqui por favor. — puxei uma cadeira e ele se sentou.- Você nem deveria estar andando, te encontrei quase morto ontem a noite e já que você não me deixou usar a estela.

    --Sem estelas. — ele disse na mesma hora.- Eu já estou melhor, ficarei bem.

    --Estou vendo mesmo. — eu olhei para ele.- Mal consegue ficar de pé e sua pequena caminhada até aqui de deixou bem pálido. Quer café?

   --Por favor, puro. — ele disse e eu coloquei uma xícara na frente ele.- Obrigado.

    --Imaginei que estaria com fome quando acordasse, ainda bem que fiz dois pães. 

    --Muito obrigado e obrigado por ter me ajudado ontem a noite.

    --E que escolha eu tinha, deixar você morrer? — ele deu uma risada.

   --Estou curioso sobre uma coisa. — ele bebeu um gole do café.

    --Pode falar. — me sentei na frente dele.- O que está te deixando tão curioso?

    --Você teve uma chance de tirar meu capuz e descobrir quem sou, por que não o fez?

   --Eu preciso que você confie em mim para uma missão, para isso, você precisa saber que eu confio em você, seja lá quem você for. — eu respondi à pergunta.- Olha, quando e se você estiver pronto, vou adorar saber quem você é, até lá entendo que queira guardar um segredo e respeito isso.

    Ele não disse nada, apenas continuou olhando para sua xícara de café. Terminei meu lanche e meu café, me levantei da mesa, coloquei minhas coisas na pia.

    --Eu preciso ir trabalhar, mas sinta-se a vontade. — disse para ele, apontando para a casa.- Se quiser ir embora, tudo bem, mas se quiser ficar será muito bem-vindo. Tem comida na geladeira, as toalhas estão no banheiro e se quiser descansar em um lugar melhor que o chão pode usar o quarto do Cris. 

    --Obrigado novamente, Clary. 

     O caçador continuou comendo. Eu fui até meu quarto, me troquei, peguei as minhas coisas e saí de casa, pois eu tinha conseguido me atrasar com toda aquela conversa na cozinha. 

     Cheguei no trabalho dez minutos atrasada e hoje seria um dia muito corrido, pois no final de semana teríamos uma grande exposição.

    Quando entrei em casa no final do dia, tudo estava escuro e não tinha sinal do caçador encapuzado. Olhei em todos os cômodos, até mesmo no quarto do Cris, mas ele não estava em casa.

    Eu tinha esperança que ele decidisse ficar, mas já que ele não quis, consigo entender as suas razões. Mas isso não muda o fato que fiquei decepcionada.

Reescrever as Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora