Neve cobria Serestia, a capital das Cidades Lunares.
Havia neve nos telhados, nas árvores e arbustos, nos paralelepípedos de pedra das ruas. Uma enorme massa branca se misturando com as primeiras luzes do amanhecer cinzento. A fortaleza do Lukoi era um gigante rochoso, um castelo antigo com muros semi desmoronados e torres altas. Não havia nenhum sentinela a vista nas ameias e o portão principal estava aberto, como um convite especificamente suspeito.
Flocos remanescentes caiam sobre minhas botas e casaco, um rastro de pegadas profundas marcava a neve enquanto eu caminhava até a fortaleza. Meu ódio e raiva, assim como a tempestade de neve que se agitara na madrugada, havia esfriado, silenciosamente se acalmado com a ansiedade.
Eu não sabia ao certo se minha recém confiança em August Nowak era pela falta de opções ou por algum elo infantil, mas esperava que ele cumprisse sua palavra e principalmente que Raymond fosse capaz de repetir suas últimas.
- Faça com que ele confesse seu amor, se ele for capaz de tal feito, Eksean os trará em segurança até aqui, nem mesmo o Lukoi pode sentir a presença de um Esimus.
- E se eu não conseguir?
- Então o Sr. Mondavarius terá que enfrentar seu destino e você virá comigo para Laldean.
Respirei fundo, sentido o ar frio inundar meus pulmões, em um par de dias eu havia feito mais acordos que em toda minha vida e no fundo sabia que eles cobrariam um preço diferente do que eu estava disposta a pagar.
Assim que atravessei o portão principal vi a plataforma de execução e todos os soldados e sentinelas que não estavam nas ameias, eles tiveram a decência de não apontar armas para mim, permaneceram organizados em fileiras como se estivessem prestes a marchar pela cidade. Uma demonstração de poder.
Eu sabia que minha presença havia sido anunciada muito antes, desde que decidi caminhar pela cidade em direção ao castelo, usando todo meu poder para drenar mais poder, para alimentar minha caixinha. Essa havia sido minha demonstração, caos e pânico.
Parte de mim não queria lutar contra o Lukoi, tinha esperança em ser resgata sem uma única gota derramada. Mas a outra parte queria um banquete, uma espécie de recompensação por ter sido roubada.
Afinal, Raymond Mondavarius era meu.
Sem cerimônia, ante a porta principal com passos pesados, o Lukoi apareceu. Não era velho, tampouco jovem, seus olhos eram escuros e carregados de experiência, uma única mecha grisalha manchava o perfeito negro do seu cabelo, uma capa de peles estava jogada sobre um dos ombros, um contraste contra suas roupas simples. Não era o que eu esperava. Ele não tinha a malícia de Kohina, a Mestra da Cidade do Leste, ou a presença prepotente e marcial do Mestre da Cidade do Norte, Ulrik, mas ele tinha algo superior.
Já pensou o que vai acontecer quando enfrentar alguém que não a teme? Bem, Edmon, era hora de descobrir.
- Minha pequena Liones, é um alivio que tenha finalmente chegado. - Pronunciou Drivand Haldegar, o motivador indireto de toda minha jornada. O alvo do Lobo. O carcereiro de Raymond. O Lican que eu deveria matar.
Seu tom solene assim como sua aparência simples era um subterfúgio para que eu baixasse minha guarda, eu sabia disso tão claramente como sabia que ele estava testando minhas barreiras, avançando sua dominância de forma esmagadora para me por sobre controle. Como um lobo afiando suas garras para caçar.
- Respondi ao seu chamado e estou aqui, agora diga-me o quer e devolva o meu noivo. - Falei, alto e claro, nem um pouco intimidada pelas dezenas de soldados ou pelo fato de que o Lukoi, uma espécie de Rei para os Licans, não tinha uma gota de medo em seu corpo.
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Vermelho
WerewolfEscolhida como o próximo sacrifício de sua vila, Aysha terá que lidar com a enigmática figura do Lobo e com os perigos depois do Limite, a divisão do seu mundo fechado com o vasto desconhecido. Dotada com uma misteriosa voz interior que a assombra d...